A fórmula da Sérvia para surpreender o Brasil na estreia das seleções na Copa do Mundo nesta quinta-feira (24): um técnico que é tratado como o Rei do Futebol da Sérvia (Dragan Stojokovic); um trio de ataque de respeito: Dusan Vlahovic (Juventus), Aleksandar Mitrovic (Fulham) e Luka Jovic (Real Madrid); e uma vontade histórica de superar o feito da vizinha Croácia, que na última Copa foi até a final (veja no vídeo acima).

A Sérvia é um país do leste da Europa situado na chamada região dos Bálcãs. Fazia parte da antiga Iugoslávia, uma nação que surgiu como país depois da primeira guerra mundial e que começou a se desintegrar com o final do comunismo, nos anos 90.

Guerras e conflitos entre as regiões resultaram na dissolução da Iugoslávia em sete nações: sérvia, Eslovênia, croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Kosovo e Macedônia do Norte.

E no futebol? 

As transformações geopolíticas também influenciaram o futebol da Sérvia. Quando jogava como Iugoslávia, a seleção tinha uma certa tradição. A Iugoslávia foi campeã olímpica em 1960, em Roma, depois de conquistar três medalhas de prata. Muitos consideravam a Iugoslávia “o Brasil da Europa”.

Na Copa do Mundo, a Iugoslávia foi o primeiro adversário que o Brasil enfrentou no primeiro mundial, em 1930. E os iugoslavos venceram por 2 a 1. Brasil e Iugoslávia também se enfrentaram em 1974, com empate por 0 a 0.

Como Sérvia, as duas seleções se encontraram na Copa de 2018, na Rússia, e o Brasil venceu por 2 a 0. A vizinha Croácia fez uma bela campanha na última copa e foi vice-campeã. Os sérvios não querem ficar para trás e prometem mudar essa história agora.

Stojkovic e sua marra

Para isso, a seleção conta com o técnico Dragan Stojkovic, um ídolo do futebol sérvio. Stojkovic jogou duas Copas do mundo defendendo a antiga Iugoslávia, em 1990 (antes das guerras), e em 1998, depois das guerras. 

Era o camisa 10, o craque do time, poderíamos compará-lo ao Zico ou ao craque Neto. Marrento, perdeu um pênalti na decisão contra a Argentina, nas oitavas-de-final da Copa de 1990, chutando no travessão. Maradona também perdeu, mas os iugoslavos tremeram tanto que não souberam aproveitar a chance.

Oito anos depois, já sem o reforço dos jogadores croatas, que formaram sua própria seleção, Stojkovic foi titular da Iugoslávia que caiu nas oitavas de final perdendo para a Holanda. O time teve a chance de fazer o gol da vitória quando teve um pênalti a seu favor, mas o camisa 10 abriu mão da cobrança para um companheiro bater. Será que lembrou do trauma de 1990? Quem cobrou foi Mijatovic, com um chutaço que bateu no travessão. No final da partida, Davids fez o gol da vitória holandesa.

Stojkovic foi contratado no ano passado para comandar a Sérvia na Copa. Fez a cabeça dos jogadores para a importância desse momento na carreira de cada um. "Estamos concentrados em nós mesmos. Vamos olhar para as qualidades do Brasil, mas também vamos nos concentrar em nossas qualidades, queremos deixar nosso país orgulhoso e jogar nosso estilo de futebol", disse  o técnico na entrevista coletiva antes da partida.

Os sérvios estão animados. Será que eles vão aprontar?