Rolando Boldrin cantou o universo do futebol em paródia com time de animais

Mestre da viola escalou um time de bichos para contar um "causo" bem comum no futebol

Por Paulo Guilherme Guri

Rolando Boldrin morreu nesta quarta-feira (9), aos 86 anos Reprodução/TV Cultura
Rolando Boldrin morreu nesta quarta-feira (9), aos 86 anos
Reprodução/TV Cultura

Rolando Boldrin sabia como ninguém contar um “causo” e uma boa história. E com sua perspicácia, gravou a música “Futebol da Bicharada”. reunindo os bichos do universo rural para falar sobre o futebol, a catimba, o juiz, a violência em campo. Era o clássico “Quebra-Dedo x Pé-Rapado". Apresentador, cantor e ator, Rolando Boldrin, mestre da moda de viola, morreu nesta quarta-feira (9), aos 86 anos. 

Boldrin, em “Futebol da Bicharada”, canta a música de Raul Torres, que escalou o time do Quebra-Dado com: Sapo, Leão, Cavalo e Preá; Veado, Gambá e Rato (Macaco); Gato, Tigre e Bode. E o juiz era o lagarto. E a torcida invadiu o campo quando o pau comeu. Qualquer semelhança com um jogo de várzea ou do Brasileirão, não é mera coincidência. 

Futebol da Bicharada

Lá no arraiá das coruja fizero dois cumbinado
O time do quebra-dedo, e o time do pé-rapado
A bicharada reuniu, formaro logo seu quadro
Nóis fumo vê esse jogo, por sê um jogo faladu

A bicharada pediu pro jogo sê irradiadu
Na estação du lugá, PRJ-Bichadu
O ispriqui era o jumento, rapaizinho apreparadu
As quinze hora da tarde o jogo foi cumeçado

O time do quebra-dedo tinha fama de campeão
Sapo jogava no gol, béqui de espera o leão
Cavalo o béqui de avanço, o arco esquerdo preá
Veado de center-arco, arco direito o gambá

A linha tava um perigo, na meia jogava o rato
No centro jogava o tigre, na otra meia o macaco
Na esquerda jogava o bode, direita jogava o gato
E pra atuá di juiz, foi convidado o lagarto

Boa tarde senhoras e senhores
Ai que bicharada gorda, barbaridade

O tigre deu a saída, coelho foi pra tirá
O tigre passô pru bode, mais quando ele foi chutá
Puxaro a barba do bode, o bode foi recramá
Juiz falô que num viu, cachorro já quis brigá

A cabra muié do bode, xingô o juiz de ladrão
Torcida do quebra-dedo fizéro recramação
A capivara e a cotia pegaro a xingá o leão
Preguiça dava risada, de vê o sapo de carção

Largato que era o juiz, na hora dele apitá
Tinha engulido o apito, num pôde o jogo Pará
A torcida entrô no campo, de pau, de faca e punhá
O pau cumeu direitinho, mataro trêis no lugá

O bode ficô ferido, mataro o béqui leão
Rasgaro a saia da cobra, cavalo quebrô a mão
O sapo saiu correndo, jogou-se no riberão
Por que na hora da briga ele ficô sem carção

O jogo num terminô, pur isso ficô empatado
Agora nóis vai falá, do center-arco veado
Nervoso ele dizia, entre suspiros e ais

Ai meu Deus do céu qui jogo bruto, meu Deus, que estupidez
Assim num jogo, num jogo, num jogo mais

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