Neymar fez um golaço. Igualou o recorde de Pelé com 77 gols pela Seleção Brasileira em jogos oficiais (segundo a Fifa). E se despediu da Copa chorando, sem saber se terá forças para tentar o hexa em 2026, quando terá 34 anos. E a pergunta que não quer calar? Por que Neymar não bateu pênalti contra a Croácia?
Disputa de pênalti é como o aprendizado de matemática. O que você aprende na primeira série é usado para as coisas novas que vai aprender na segunda, e o que acumulou te preparar para a terceira e assim por diante. Nos pênaltis, o que acontecer no primeiro pênalti influencia quem vai cobrar o segundo, que influencia quem vai cobrar o terceiro e por aí vai.
Neymar é o melhor cobrador do Brasil e um dos melhores do mundo. Bateu o pênalti que garantiu a medalha de ouro olímpica na Rio-2016. Mas, em uma situação dramática como o jogo desta sexta-feira em que a Croácia empatou a partida a dois minutos do fim, Neymar deveria ter sido o primeiro a cobrar.
Tite optou por Rodrygo, de 21 anos. O jovem que descoloriu o cabelo para seguir os passos de Neymar, perdendo a referência para quem via pela TV (quem está com a bola, Neymar ou Rodrygo?), não teve eficiência diante do goleiro Livkovic, um especialista em defender as cobranças.
E mesmo depois de ele perder não veio Neymar. Veio Casemiro, com personalidade. Tudo bem. E depois? Pedro. Mandou bem. E o quarto pênalti, que não poderia perder de jeito nenhum, quem bateu foi Marquinhos. Chutou na trave, como fez outro zagueiro das antigas, Júlio César, na derrota do Brasil para a França na Copa de 1986. Fim de Copa para o Brasil.
E Neymar morreu com o ás na mão. Se o Brasil estivesse na frente na disputa, ficaria com a responsabilidade de fazer o gol da vitória. Mas nem teve essa chance. O jeito foi chorar a derrota.
Na coletiva após a derrota, os jornalistas perguntaram para Tite sobre Neymar e o pênalti.
"Neymar é o que bate o quinto e decisivo pênalti. Fica com uma pressão maior no jogador que tem maior qualidade e melhor mentalmente pra cobrança", explicou o treinador. Pois é, Tite, o quinto pênalti não é decisivo. Todos são.
Não foi a primeira vez que um cobrador brasileiro ficou sem bater um pênalti em Copa do Mundo. Na conquista do tetra, em 1994, Bebeto seria o quinto cobrador, mas escapou da missão depois que Roberto Baggio errou o pênalti, dando o título para o Brasil.
Quatro anos depois, em 1998, o craque Denilson iria bater o quinto pênalti na semifinal contra a Holanda, mas não foi preciso. O goleiro Taffarel defendeu duas bolas e o Brasil ganhou. Desta vez, com Taffarel como preparador de goleiros da Seleção, o goleiro Alisson não conseguiu pegar nenhuma cobrança dos croatas.