Tinha tudo para ser um dia perfeito para Alphonso Davies. O jogador do Canadá vivia o sonho de disputar uma Copa do Mundo depois de fugir com os pais quando era menino da guerra civil no país onde nasceu, a Libéria, e ir morar em um campo de refugiados em Gana. Jamais sonharia estar ali com a bola na marca do pênalti diante do gigante Thibeaut Courtois, goleiro da Bélgica. Os belgas venceram a partida por 1 a 0.

A responsabilidade pesou demais para Davies, de 22 anos. Nem mesmo a experiência adquirida no seu clube o Bayern de Munique, foi suficiente para ele poder manter a calma diante do goleiro belga. Courtois pulou provocou e, na hora da cobrança, se esticou para defender o chute colocado de Davies.

O lateral-esquerdo do Canadá, que jogou organizando o time no meio-de-campo, se perdeu no nervosismo e quase foi expulso no final da partida ao dar uma entrada em um zagueiro belga.

Davies é embaixador da Acnur, a Agência da ONU para Refugiados. Quando foi anunciado na função, em março de 2021, o jogador canadense disse que iria usar sua voz pelos refugiados, compartilhar suas histórias e ajudar a fazer a diferença.

"Enquanto o campo de refugiados proporcionava um lugar para a minha família quando eles fugiram da guerra, muitas vezes me pergunto onde eu estaria se tivesse ficado lá e não tivesse me beneficiado das oportunidades que tive graças ao reassentamento. Acho que eu não teria conseguido chegar aonde estou hoje”, disse no dia de sua nomeação na Acnur.

Davies deixou o campo de refugiados e foi com a sua família para o Canadá quando ele tinha cinco anos. Seu talento logo foi percebido. Na adolescência, ele começou a jogar futebol no Edmonton Strikers, depois no cVancourver Whitecaps e, em apenas um ano chegou às seleções de base do Canadá. Em 2020, foi contratado pelo Bayern de Munique.

Ele abraçou como ninguém a causa dos refugiados pelo mundo. “Eu quero que as pessoas saibam sobre a importância de ajudar os refugiados, independentemente de onde eles estejam – seja nos campos ou nas cidades; em países vizinhos ou de reassentamento, como o Canadá. Refugiados precisam do nosso apoio para sobreviver, mas também para terem acesso à educação e esportes, para que eles atinjam seus potenciais e prosperem de verdade”.