O Santos vai reunir seus conselheiros para avaliar a possibilidade de aposentar de vez a camisa 10, número eternizado e popularizado por Pelé. E a Seleção Brasileira, deveria seguir o exemplo e não deixar mais nenhum outro jogador vestir a 10 de Pelé? Ainda mais agora que não existe mais numeração fixa e na Copa do Mundo dá para levar 26 jogadores. É um caso para a CBF pensar.

Pelé foi o jogador que transformou a camisa 10 no Brasil em sinônimo de futebol arte e um verdadeiro símbolo nacional. Vestiu a amarelinha de 1957 a 1971. Pela Seleção, Pelé marcou 77 gols em 92 partidas oficiais. A CBF contabiliza amistosos contra clubes e seleções estaduais, aumentando os números do 'Rei': 113 jogos (84 vitórias, 15 empates e 14 derrotas) e 95 gols.

E depois de Pelé, veio quem?

Os jogadores abaixo herdaram a camisa 10 de Pelé depois que o Rei parou de jogar pela Seleção. Todos grandes jogadores, alguns craques fora de série, mas, na minha opinião, somente Rivaldo conseguiu na Seleção ser o camisa 10 decisivo que Pelé foi jogando em Copa do Mundo. 

Rivellino

Rivellino herdou a camisa 10 depois que Pelé parou de defender a Seleção. Apesar de ser o 10 do Corinthians, Riva tinha sido tricampeão mundial em 1970 jogando com a camisa 11, mais aberto pela ponta-esquerda. Depois que Pelé parou, Rivellino se tornou o cara da Seleção. Foi capitão na Copa de 1974, se esforçou, fez gols, mas não conseguir ter o mesmo brilho. Também jogou a Copa de 1978, já em final de carreira, ficando a maioria dos jogos na reserva.

Zico

Zico herdou o manto sagrado depois que Rivellino parou de jogar pela Seleção. Em 1978, Zico já era o grande camisa 10 do Flamengo quando jogou a Copa do Mundo da Argentina com a camisa 8. Assumiu a 10 depois daquele Mundial. Jogou a Copa de 1982 como o camisa 10 do Brasil, mas não conseguiu impedir a histórica derrota contra a Itália. Em 1986, machucado, ficou na reserva e entrou nos três últimos jogos no segundo tempo. E ficou marcado pelo pênalti perdido contra a França.

Silas

O camisa 10 do Brasil na Copa de 1990 foi o meia Silas. Como não havia nenhum grande camisa 10 na Seleção e o técnico Sebastião Lazaroni não quis convocar o craque Neto para aquela Copa, os jogadores sortearam entre eles quem ficaria com a 10. O zagueiro Ricardo Rocha, o atacante Renato Gaúcho e o armador Silas se candidataram. Silas ganhou o sorteio. Foi reserva na Copa e jogou poucos minutos. Lamentável.

Neto

Neto assumiu a camisa 10 depois da Copa de 1990. Só cedeu o uniforme famoso para o próprio Pelé no jogo dos 50 anos do Rei. Foi Neto quem substituiu Pelé naquela partida. Depois que o técnico Falcão deixou a Seleção e Carlos Alberto Parreira assumiu, Neto jogou apenas uma vez pela Seleção. Com a camisa 8.

Raí

Raí assumiu a camisa 10 em 1993 e foi com ela para a Copa do Mundo de 1994. Era também o capitão do time. Perdeu a posição durante o Mundial e foi tetracampeão na reserva.

Rivaldo

Rivaldo herdou a camisa 10 de Raí e, de todos os que jogaram com o número de Pelé, foi o único que mostrou a força e o resultado de ser o dez do time. Foi vice-campeão na Copa de 1998 e, na conquista do penta em 2002, foi ao lado de Ronaldo Fenômeno o grande craque do Brasil.

Ronaldinho Gaúcho

Depois de ser penta jogando com a 11, Ronaldinho Gaúcho se tornou o camisa 10 do Brasil e jogou a Copa de 2006 com o título de melhor jogador do mundo. Foi um fiasco. Melhor se tivesse continuado com a 11 ou com a camisa 21, que usava no Paris St. Germain.

Kaká

Kaká foi o camisa 8 em 2006 e virou o camisa 10 da Seleção sob o comando do técnico Dunga. Jogou a Copa de 2010 sem nenhum brilho. Melhor se tivesse continuado com a 8 ou jogado com a 22, que usou no Milan.

Neymar

Neymar Jr. foi o grande craque da conquista da Copa das Confederações de 2013 jogando com a camisa 11, número que o consagrou no Santos e no Barcelona. Depois que decidiu mudar para a camisa 10, antes da Copa de 2014, jogou para si um peso desnecessário. Já se foram três Copas com Neymar e nada de título. Poderia voltar a jogar com a 11.

E as mulheres?

Sissi

No futebol feminino, Sissi foi a primeira grande camisa 10 da Seleção Brasileira e abriu portas para o esporte crescer no país entre as mulheres.

Marta

A rainha Marta foi eleita 6 vezes a melhor jogadora de futebol do mundo pela FIFA, feito inédito para qualquer mulher. Considerada como a rainha do futebol brasileiro, a jogadora camisa 10 já fez mais de 118 gols pela Seleção.