Clodoaldo comenta relação de carinho com Pelé: 'Era como irmão mais velho'

Ex-volante relembrou ensinamentos que recebeu do Rei do Futebol e pressão que recebia por jogar ao lado dele no Santos

Por Luiza Lemos

Clodoaldo comenta relação de carinho com Pelé: 'Era como irmão mais velho' Reprodução/Band/Luiza Lemos
Clodoaldo comenta relação de carinho com Pelé: 'Era como irmão mais velho'
Reprodução/Band/Luiza Lemos

Perto das 12h do último dia de 2022, Clodoaldo fez uma breve visita à padaria A Santista, ponto de encontro de torcedores e ex-jogadores célebres do Santos. A ida ao estabelecimento ocorreu para dar mais uma das inúmeras entrevistas que concedeu desde a morte do Rei Pelé, na última quinta-feira (29). 

Ele se sentou em uma das banquetas da padaria, ao lado de fotos das partidas que ele, Pelé e outros colegas jogaram pelo Santos e relembrou bons momentos ao lado do amigo nove anos mais velho. Para Clodoaldo, Pelé pode ser considerado um irmão mais velho. 

“Tínhamos um envolvimento assim de amigo, familiar mesmo. Posso resumir que ele era um irmão mais velho para mim, mas a gente nem vivia essa diferença de idade, de tanto que nos dávamos bem. Foi uma amizade repleta de grandeza, é bom resumir dessa forma, como uma irmandade”, diz Clodoaldo. 

Amigo há quase 60 anos de Pelé, Clodoaldo relembra com carinho da primeira vez em que esteve com o Rei na concentração do Santos. “Tive meu primeiro encontro no refeitório, ele veio na minha direção me oferecer uma maçã, eu tinha 14 para 15 anos, minhas pernas tremiam só de vê-lo na minha frente, porque ele já estava no auge”, relembra. 

Clodoaldo relembra que nos campos, a pressão era grande justamente pela qualidade técnica de Pelé. 

"A gente tinha que elevar o nível para jogar acompanhando ele. O Pelé era muito bom, ele lia o campo como ninguém, trazia ideias e eu sempre falava para ele ficar mais calmo porque nós éramos seres humanos, mas ele era de outro planeta”, diz, rindo.

Durante a conversa, Clodoaldo olha para o mural de fotos de momentos marcantes do Santos. Nele, há uma foto do volante comemorando com Pelé uma vitória do clube em 1971. A foto, para ele, representa a amizade e o companheirismo da dupla. 

E essa amizade se estendeu para o extracampo. Clodoaldo afirma que saía para almoçar e jantar com Pelé na capital paulista e os dois se dividiam em duas culinárias distintas. “Ele gostava muito de comida japonesa, adorava em Santos, mas a gente ia muito em restaurantes japoneses de São Paulo. Eu e ele curtíamos também churrascaria, uma boa carne”, afirma, rindo. 

Os dois até levaram o companheirismo dos campos, para os negócios. “Fizemos alguns negócios imobiliários, com um imóvel dele, a gente tinha um envolvimento familiar, mas também trabalhamos juntos depois da nossa aposentadoria”, relembra. 

Mesmo sendo elevado ao status de Rei do futebol, Clodoaldo garante que Pelé tinha uma vida simples.

 “Ele era humilde, apesar da grandeza, convivia normalmente com todo mundo. Infelizmente ele não saía mais, ou visitava aqui a padaria porque chama a atenção sabe?”

Ele se diz grato por poder dividir os campos com Pelé. “Foram sete anos como companheiro de equipe, mas 50 anos de amizade. Agradeço a Deus pela oportunidade. E é por isso que a tristeza toma conta, é difícil compreender, por isso para mim, ele está lá, dormindo em São Paulo”, afirma. 

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