Bruno Silva, ex-Botafogo, supera tumor e conquista 3 acessos no ano: "Foi um susto grande"

Volante vive um drama: ficou fora de jogos decisivos por causa de um nódulo na virilha, mas no final deu tudo certo

Por Allan Brito

Bruno Silva, volante que já jogou em grandes clubes do Brasil, como Botafogo, Cruzeiro e Fluminense, teve um 2024 cheio de desafios: primeiro conquistou acessos por Joinville, Paraná e Remo, times tradicionais que estavam em baixa. E a maior dificuldade surgiu no final do ano, quando Bruno Silva descobriu um tumor na virilha. Ele ficou fora de jogos decisivos por causa disso, mas no final deu tudo certo.

"Foi um susto muito grande né. Porque a gente pensa que nunca vai acontecer com a gente. Então fui pego de surpresa, mas Deus intercedeu. Minha família, do meu lado, também me ajudou bastante. Eu fiz essa cirurgia. Fiquei triste. Mas foi bem sucedida", comentou Bruno Silva em entrevista ao Band.com.br.

Bruno virou desfalque do Remo porque fez uma cirurgia para retirada do tumor. Depois precisou esperar por 3 semanas até receber o resultado da biópsia: era um tumor benigno, ou seja, não tinha se espalhado para outras partes do corpo. Foi a vitória mais importante de Bruno Silva em uma temporada cheia de grandes feitos.

Vaga na Série D com o Joinville

O Joinville é um time tradicional e já esteve na Série A há pouco tempo, em 2015, mas sofreu um grave declínio e ficou sem divisão nacional nos últimos anos. Em 2024 precisava ir bem no Campeonato Catarinense para garantir vaga na Série D de 2025. Montou um time com jogadores conhecidos, como o próprio Bruno Silva, o atacante Muriqui e o lateral Diego Renan.  

Bruno admite que hesitou antes de aceitar a proposta: "No começo eu fiquei com um pouco de receio, por ser um clube sem calendário. Mas na minha carreira eu gosto desses desafios. Nada melhor do que olhar para trás e ver que você conseguiu o objetivo".

O Joinville chegou nas quartas de final, deu trabalho para o Avaí, mas foi eliminado. O 7º lugar colocou o clube na Série D de 2025. Primeira missão cumprida para Bruno.

Salvando o Paraná da extinção

Depois disso, surgiu uma proposta de um time em situação parecida: o Paraná Clube disputou a Série A em 2018, mas entrou em crise, ficou sem divisão nacional e ainda caiu para a 2ª divisão estadual. De acordo com Bruno, a conversa nos bastidores é que o clube corria risco de ser extinto se não subisse pra elite neste ano. O clube fez vídeos que alertavam para essa situação e chamavam a torcida para o estádio. Segundo Bruno, não era só marketing.

Essa história de acabar o clube não era da boca para fora. Era real. Se a gente não conseguisse o acesso, o Paraná corria risco de fechar as portas. Essa história a gente conversava todo dia, que nosso nome podia ficar marcado na história negativamente em um grande clube. Então nós ajudamos o Paraná a voltar para a elite no ano que vem, para poder montar um time forte e voltar para a Série D"

A ação de marketing do Paraná funcionou muito bem. O Paraná teve grandes públicos, que empurraram o time. Bruno se impressionou com a torcida: "Não chega a ser a maior festa que vi, mas não deve nada para outras que já vi na Libertadores ou na Copa do Brasil".

Mais uma vez Bruno Silva jogou com nomes conhecidos do futebol brasileiro, como o goleiro Sidão (ex-São Paulo), o lateral Eltinho (ex-Coritiba) e o agora técnico Tcheco. O elenco conquistou o acesso contra o Patriotas e, depois, na final, derrotou o Rio Branco-PR nos pênaltis.

Remo na Série B e descoberta do tumor

Bruno Silva contou que, no começo do ano, chegou a ser indicado para o Remo, mas foi recusado pela diretoria por causa da idade - atualmente o volante está com 38 anos. 

O Remo só mudou de ideia quando o técnico Rodrigo Santana chegou ao clube, com a Série C já em andamento, e indicou a contratação de Bruno Silva novamente. Dessa vez o negócio foi fechado.  

Bruno partiu para o 3º clube em 2024 e dessa vez a adaptação não era fácil: "Belém é quente. Realmente é fora do normal, fora de tudo que passei. Mas fora isso, em termos de culinária, eu sou um cara simples. Então não tive tanta dificuldade. E fui muito bem recebido pelo grupo. Isso conta muito".

Rapidamente o volante virou titular e capitão, justamente no momento que o Remo cresceu de produção - garantiu a classificação para a fase decisiva e começou bem no quadrangular final. Mais uma vez Bruno se encantou com as festas da torcida: "Eu sempre escutei falar da paixão do Pará, mas a gente não tem dimensão. Vi 55 mil pessoas no estádio. É uma coisa absurda. Abraçar o time quando está no momento bom é fácil. Mas abraçar na Série C, aí você vê mesmo a paixão".

Tumor na virilha

Parecia tudo certo para Bruno no Remo, até que surgiram dores na virilha, na reta final da 1ª fase. Ele jogou no sacrifício até a 4ª rodada da 2ª fase. E ficou fora da partida que podia render o acesso, contra o São Bernardo, em casa. "Eu estava suspenso. Mas mesmo se não estivesse, eu ia pedir para sair, porque eu não estava aguentando. Seria até injustiça com quem tava 100%".

Bruno passou pela cirurgia bem sucedida em uma sexta-feira, enviou mensagem para os amigos antes do jogo decisivo e viu, à distância, o Remo garantir o acesso com uma vitória contra o São Bernardo, no domingo. Foi homenageado pelos amigos no vestiário: "Eles fizeram uma festa e gravaram o vídeo, me mandando mensagem dentro do vestiário, gritando meu nome, depois que conseguiu o acesso. Então foi muito emocionante".

Antes de receber o resultado da biópsia, Bruno Silva já foi anunciado como reforço do Rio Branco-ES, outro time tradicional que está se reconstruindo. Vai disputar o Campeonato Capixaba e a Série D em 2025.

"Agora o médico me ligou. A biópsia não deu nada. Estou curado, graças a Deus. Não tem mais nada e posso seguir minha vida normal", comemorou Bruno Silva, depois de um ano cheio de desafios inéditos e vitórias impactantes.

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