Uma das promessas brasileiras no UFC, Iasmin Lucindo passou por muita coisa na vida, mesmo com 22 anos de idade. Criada no bairro de Genibaú, em Fortaleza, Ceará, a atleta iniciou a sua trajetória no mundo da luta no começo da adolescência, aos 13 anos. O motivo principal, no entanto, não é porque ela gostava do esporte, mas por causa de uma triste realidade no Brasil: a violência doméstica.
Em entrevista exclusiva ao Esporte Na Band antes da luta contra a brasileira Marina Rodriguez no UFC 307, neste sábado (5), em Salt Lake City, nos Estados Unidos, Iasmin trouxe detalhes dos episódios de agressões que sua mãe e suas tias conviveram durante a sua adolescência e destacou que estaria preparada para defendê-las caso elas pudessem sofrer novos episódios de violência.
Comecei a lutar através de projetos sociais no Genibaú. Eu entrei nas artes marciais por conta da minha mãe e minhas tias, que sofriam violência doméstica e eu não queria isso pra mim. Não queria que isso se repetisse, mas caso se repetisse, eu estaria preparada para me defender e defendê-las.
A luta também foi uma forma para Iasmin Lucindo se expressar e se encontrar na sua transição da adolescência para a fase adulta. A cearense destaca ainda que todas essas experiências dos tempos de infância resultaram em uma bagagem muito importante na sua trajetória como lutadora profissional.
“A luta me ensinou muita coisa, principalmente a evoluir. Idade não define nada, e isso em ajudou a ir atrás dos meus objetivos. Comecei a trabalhar desde muito nova, na feira, ajudando a minha mãe. Depoi,s decidi parar um pouco de trabalhar para focar 100% no MMA. Se hoje eu estou aqui, é fruto de muito esforço. Apesar de ser muito nova, eu já tenho muita experiência. Isso tornou a Iasmin que está aqui hoje” - Iasmin Lucindo
“Meu objetivo é ajudar minha família”
Iasmin Lucindo nunca sonhou com o cinturão do UFC mais que ajudar a sua família financeiramente. Ela revelou que utilizou o dinheiro que ganhou da sua primeira luta no UFC para pagar duas cirurgias caras e urgentes que seu avô realizaria. Sua mãe também foi beneficiada pelas conquistas da cearense no Ultimate.
Meu objetivo sempre e até hoje é de ajudar minha família. Quando eu entrei no UFC, meu avô precisava de duas cirurgias, duas cirurgias bastante caras, e usei o dinheiro para pagar as cirurgias. Venho de uma família muito humilde, então a gente não tinha muito dinheiro.
Depois, meu objetivo era comprar a casa da minha mãe, e graças a Deus consegui isso. Meu objetivo é ficar bem financeiramente. Quando a gente vem de baixo, a gente quer muito sair dessa situação. Meu objetivo é ter dinheiro pra fazer o que eu quiser e o que a minha família precisar.
Mesmo no começo da trajetória no UFC, Iasmin Lucindo projeta uma aposentadoria. A brasileira afirmou que pretende tomar essa decisão para curtir a vida e ter mais tempo com a sua família.
“Eu quero em aposentar daqui dez anos, porque quero curtir minha vida e minha família. A gente está no esporte de alto rendimento e, por isso, a gente tem que deixar a família e o lazer de lado. Nada compensa o crescimento do meu irmão, do meu sobrinho, que agora tem dois anos. Fico bastante triste de não acompanhar eles por conta do meu trabalho, mas estou muito feliz que eles não terão a mesma realidade que eu tive. Eles terão recursos para conseguirem o que eles quiserem", finalizou.