O presidente do Grêmio, Romildo Bolzan, disse nesta terça-feira (15), que a ideia da criação de uma liga para organização do Campeonato Brasileiro nasceu do “vazio político” na CBF.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Bolzan afirmou que os participantes da Série A entenderam que “a fragilidade política da CBF abria espaço para a auto-organização dos clubes”.
“Mais do que isso: no momento seria muito ruim se não nos manifestássemos”, analisou o gremista, mencionando a crise na entidade, que teve o presidente Rogério Caboclo afastado após denúncias de assédio moral e sexual. “Seria uma omissão muito grave”, declarou.
O grupo, formado por 19 clubes da primeira divisão – o Sport não participou por estar sem presidente no momento –, entregou à CBF nesta terça um documento em que anuncia o desejo de organizar os campeonatos das Séries A e B. Copa do Brasil e Séries C e D continuariam com a CBF.
O dirigente afirmou que a ideia é já organizar o Brasileirão de 2022.
Os clubes também fazem outras reivindicações, como maior participação nas eleições da entidade – atualmente, os votos das federações têm peso maior que dos times.
Segundo Bolzan, as conversas começaram no grupo de WhatsApp dos presidentes da Série A, e evoluiu para uma primeira reunião online na última sexta-feira (11). Depois os cartolas marcaram dois encontros no Rio de Janeiro, na noite de segunda e na manhã desta terça.
O dirigente afirmou que o grupo vai definir como organizar o Brasileirão e prevê a contratação de profissionais para auxiliar no projeto. Captação de novos patrocinadores e mudanças nas negociações estão no horizonte da liga, incluindo os contratos de venda dos direitos de transmissão, cujos contratos vão até 2024. A partir daí, diz Bolzan, a ideia é que as negociações sejam feitas de forma coletiva, e não mais individuais.
“Clubes estão definhando e precisamos achar novas formas de receita”, declarou.
Bolzan ainda citou o projeto de lei de regulamentação da Sociedade Anônima de Futebol (SAF), o chamado clube-empresa. A matéria foi aprovada pelo Senado e agora o texto foi para tramitação na Câmara dos Deputados.
“Tem o ambiente dessa legislação nova, com a criação do clube-empresa, o capital aberto no futebol. Para que isso exista, é necessária uma entidade dessa natureza, que gere respeito, confiança e crédito”, disse.
“Erramos”
A última experiência do tipo foi a Primeira Liga, que reuniu alguns clubes do Brasil, sem os paulistas e com adesões parciais em alguns estados, como o Rio de Janeiro. Bolzan afasta comparações com a iniciativa de 2015, que rendeu dois torneios esvaziados em 2016 e 2017.
“O produto é outro, e a motivação é outra”, garante o mandatário do Grêmio, para quem a Primeira Liga como competição foi um erro.
“Eu achava que a Primeira Liga deveria ser um fórum para discussão das questões do futebol brasileiro. Poderia ser um embrião para qualquer outra coisa, menos para naquele momento evoluir para uma competição. O campeonato da Primeira Liga foi um grande equívoco, um grande erro. Praticamente esgotou nossa capacidade de fazer um processo de conscientização, debate, formulação e organização do futebol brasileiro. Erramos naquele momento estrategicamente”, admite.
Para Bolzan, a situação agora é bem diferente.
“É um movimento muito forte, muito estruturado e muito consistente dentro de um vazio político”, afirmou.
O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, também falou da criação da liga em entrevista à Rádio Bandeirantes. Confira: