A Fórmula E ainda era uma categoria exótica e olhada com desconfiança quando, em 13 de setembro de 2014, realizou sua primeira corrida. E as 25 voltas daquele E-Prix de Pequim ajudariam não apenas a consolidar a categoria, como ainda coroaria um de seus principais nomes: Lucas di Grassi, vencedor da prova e campeão da temporada 2016/2017 da F-E.
Ao todo, 20 pilotos estiveram em ação no primeiro E-Prix da história. Muitos deles, conhecidos do público graças a passagens recentes pela Fórmula 1: Nelsinho Piquet (ex-Renault, piloto da China Racing), Bruno Senna (ex-Hispania, Lotus e Williams, corria pela Mahindra), Jarno Trulli (corria pela Trulli GP após passar por Minardi, Prost, Jordan, Renault e Toyota, entre outras), Takuma Sato (da Amlin Aguri, ex-Jordan, BAR e Super Aguri), Karun Chandhok (na Mahindra após passar pela Hispania), Nick Heidfled (da Venturi, com passagens por Prost, Sauber e Williams no currículo), Charles Pic (ex-Marussia e Caterham, então na Andretti) e Sébastien Buemi (pela e.Dams Renault, ex-Toro Rosso), além do próprio Di Grassi (Audi Abt).
Na qualificação, a pole position ficou com Nicolas Prost, que marcou 1:42.200. Di Grassi veio logo atrás, em segundo, com Daniel Abt (Audi Abt) em terceiro. Nelsinho Piquet foi o nono do grid, enquanto Bruno Senna largou na 15ª colocação, beneficiado por punições a Michela Cerruti, Sébastien Buemi, Stéphane Sarrazin, Jarno Trulli e Ho-Pin Tung.
A corrida no Parque Olímpico de Pequim começou agitada, com Prost em primeiro e Di Grassi em segundo. Mais atrás, em disputa pela sétima posição, Charles Pic e Franck Montagny, companheiros de equipe na Andretti, chegaram a se tocar, mais sem danos graves – Pic ainda tocou a roda dianteira direita no muro, mas seguiu na pista. Bruno Senna, após um acidente ainda na primeira volta, abandonou.
Enquanto Jarno Trulli também abandonava na segunda volta com problemas de bateria, Franck Montagny ia ganhando posições e colava nos líderes. Lucas Di Grassi, superado por Nick Heidfeld, havia caído para terceiro. Nicolas Prost seguia em primeiro.
A perseguição de Heldfeld a Prost seguiu até a última volta. Foi então que tentou ultrapassar o rival, e tudo deu errado para ambos - o alemão encostou, botou para esquerda e acelerou, mas o francês tentou fechar a porta e os dois se tocaram. Tanto Heidfeld quanto Prost passaram reto, e o ex-F1 levou a pior: seu carro decolou e atingiu em cheio uma barreira de proteção. Felizmente, ambos escaparam ilesos.
“Acho que, com a velocidade em que ele estava, ele não tinha chances de fazer a curva. Eu brequei no meio pensando: ele não vai tentar nada estúpido. Mas ele tentou um pulo suicida. Eu fui para a direita, mas ele já tinha atingido minha roda e era tarde demais”, defendeu-se Prost. “Para que todo mundo saiba, estou bem – fisicamente. Poderia/iria/deveria ter vencido. Agora, não tenho nada”, protestou Heidfeld no Twitter.
Lucas di Grassi era terceiro até então, e viu a vitória cair no colo depois do acidente. Franck Montagny foi o segundo, enquanto Daniel Abt terminou em terceiro – o alemão, no entanto foi punido por exceder o limite de uso da bateria e caiu para décimo, promovendo o britânico Sam Bird (Virgin) ao pódio. Nelsinho Piquet, que seria o campeão da temporada, completou na oitava colocação.
“É ótimo ser o primeiro vencedor da Fórmula E, embora eu tenha que falar sobre o acidente na última curva. Ninguém quer vencer desta maneira, e eu estou feliz que Heidfeld esteja bem. O carro se mostrou muito seguro”, comemorou um preocupado Lucas di Grassi.