
Um capacete amarelo, com uma faixa horizontal verde e outra faixa horizontal azul. Sabe?
E outro capacete branco, mas com contornos vermelhos e um desenho de uma “gota” horizontal na mesma cor. Reconhece?
Ah, e aquele piloto com um capacete amarelo com gotas verdes?
Você nem precisa saber de quem estamos falando, mas reconheceu na hora os desenhos dos capacetes. Entre muitas coisas, os capacetes de de Ayrton Senna, Nelson Piquet e Christian Fittipaldi têm uma mesma origem: a Sid Special Paint, oficina especializada em personalização de capacetes.
A oficina foi fundada por Sid Mosca e se tornou referência mundial no quesito. Pilotos como Emerson Fittipaldi, Rubens Barrichello, Maurício Gugelmin e Roberto Pupo Moreno, além dos três citados ali, usaram equipamentos pintados por Sid. Após a morte do fundador em 2011, a empresa passou a ser administrada por Allan e Stella, respectivamente filho e neta de Sid.
Com o passar dos anos, os pilotos passaram a adotar desenhos mais diversos nos capacetes. Mas ninguém duvida que as cores do equipamento ainda sejam uma identidade fundamental. Exemplo disso: em 2022, ao trocar a Williams pela Mercedes, George Russell deixou de usar o capacete vermelho que utilizava até então para evitar comparações com o capacete que Michael Schumacher utilizava na equipe alemã.
Mas você sabe como nasce um capacete desses? A gente te conta.
Passo a passo
O primeiro passo é o briefing. Em um contato inicial, o piloto e a empresa conversam para apresentar ideias de ambos os lados para o projeto.
“Colhemos informações como a idade e qual categoria que o piloto corre, assim como quais cores gostaria de aplicar, quais são suas inspirações, se prefere tons sólidos ou metálicos, se deseja utilizar símbolos ou logos, se deseja um layout agressivo ou com mais movimento, etc. A pintura será o ‘rosto’ da pessoa nas pistas, então é fundamental entender suas expectativas”, conta Stella Mosca, sócia-diretora da empresa.
É nessa conversa que a empresa já percebe algumas tendências, de acordo com o perfil do piloto. A faixa etária, por exemplo, costuma definir algumas direções
“Hoje em dia vemos muita inspiração nos capacetes do Lewis Hamilton, muitas linhas agressivas com ângulos agudos”, explica Stella. “Entre os mais jovens, existe a vontade de misturar texturas também, mas nós temos o costume de orientar da melhor forma para que sempre fique harmonioso e de fácil identificação na pista.”
A partir dessa conversa, o projeto começa. Primeiro, a ideia é levada ao Corel Draw, programa de computador no qual a pintura é feita inteiramente em modo digital.
Se o layout for aprovado, é transferido para o capacete propriamente dito, linha por linha, de maneira manual. Como o equipamento é arredondado, o desenho precisa muitas vezes de adaptações feitas por mãos hábeis.
Depois, são várias camadas de preparação, de tinta e de verniz. Em cada etapa de aplicação, é fundamental aguardar o tempo ideal de secagem.
No acabamento, a equipe aplica técnicas de filetamento, de luz e sombra e de todo um acabamento artístico para a execução da pintura.
Aí, enfim, o capacete está pronto. O processo costuma levar cerca de 45 dias entre o briefing e a conclusão.
“Desde a época do meu avô, quando as ideias de pinturas eram rabiscadas primeiro no papel, o foco sempre foi tornar o capacete único e identificável”, explica Stella. “Hoje, mesmo que tenhamos novas tecnologias e metodologias, a base do que fazemos continua sendo criar uma identidade visual exclusiva para cada piloto”, completou.