Entre os pilotos brasileiros que passaram pela Fórmula 1, talvez nenhum deles tenha experiências tão intensas com o Grande Prêmio do Brasil como as de Felipe Massa.
Em 16 anos na categoria, foram 14 participações em Interlagos – era piloto de testes da Ferrari em 2003 e ficou fora em 2009 após um grave acidente sofrido na Hungria. Neste período todo, teve duas vitórias, um “quase título” e duas despedidas.
O primeiro GP veio em 2002, com a Sauber, e o desempenho foi discreto: 12º no grid, abandonou após um acidente na 41ª volta. Nos anos seguintes, ainda pelo time de Peter Sauber, seguiu longe dos holofotes: foi oitavo em 2004 e 11º em 2005.
Mas a chegada à Ferrari em 2006 permitiu performances mais competitivas, e a primeira delas no Brasil é inesquecível. Vestindo um macacão com as cores da bandeira do Brasil, Felipe Massa largou na pole position, registrou a volta mais rápida e venceu.
“Vitória é a realização de um sonho. Eu comecei no kartódromo de Interlagos, passei para o autódromo, ia na arquibancada acompanhar o Senna, o Piquet, o Rubinho, com o sonho de quem sabe um dia estar lá. Entro na Fórmula 1, passo pela Sauber, chego na equipe mais desejada - que é a Ferrari - como piloto oficial. Chego em casa e corro com macacão verde e amarelo, consigo a pole position, a vitória. Acho que isso foi uma realização de um sonho, o dia profissionalmente mais feliz da minha vida até aquele momento”, descreveu Massa em entrevista ao Portal da Band.
O brasileiro poderia até ter repetido a dose em 2007, quando novamente largou da pole. No entanto, cedeu a liderança e a vitória ao companheiro de Ferrari, Kimi Raikkonen, que conquistou o título da temporada na prova. O finlandês terminou a corrida e o ano com 110 pontos, um a mais que Lewis Hamilton (sétimo na prova) e Fernando Alonso (terceiro), ambos da McLaren.
Até que chegou a vez de Massa buscar seu título, em 2008, e também no Brasil. O brasileiro fez tudo que poderia: largou da pole position, conseguiu a melhor volta e venceu. Quando cruzou a linha de chegada, era o campeão do mundo.
Mas a chuva nas voltas finais acabou decidindo o título. No fim da última volta, Lewis Hamilton superou a Toyota de Timo Glock e subiu da sexta para a quinta posição. Com o resultado, o britânico da McLaren somou quatro pontos em Interlagos e 98 no ano, contra 97 de Massa.
“Foi um fim de semana perfeito do meu lado: largando na pole, vencendo a corrida, chuva, pista seca. E, logicamente, perdendo o título na última curva do campeonato”, lembra. “Não veio daquela corrida, veio de algum ponto que eu perdi antes. Tiveram vários, né?”
Despedida antes da despedida
Ausente em 2009, quando foi substituído por Giancarlo Fisichella, Massa oscilou nos desempenhos seguintes. Foi 15º em 2010, quinto em 2011, terceiro em 2012 e sétimo em 2013. No ano seguinte, trocou a Ferrari pela Williams, de olho no novo regulamento que entraria em vigor a partir de 2014.
A aposta se mostrou acertada, e o brasileiro foi terceiro correndo em casa naquele ano. Em 2015, completou a prova em oitavo, mas acabou desclassificado sob alegação de violar o limite da temperatura dos pneus.
Em 2016, Felipe Massa se despediria ao fim da temporada, então o GP do Brasil daquele ano seria seu último. Naquela prova, o brasileiro largou em 13º, mas sofreu um acidente na 46ª volta, ao perder o controle do carro na chuva e bater.
O que poderia ser uma despedida melancólica acabou virando um momento de rara emoção. Massa saltou o guard-rail e foi cumprimentado pelo fotógrafo Luca Bassani. Tirou o capacete e a balaclava. Depois, começou a acenar para o público presente, que retribuía com aplausos.
Emocionado, recebeu uma bandeira do Brasil e se abraçou nela. Voltou aos boxes e foi ovacionado por familiares, funcionários da Williams e até mesmo pelos adversários.
“Acabou de uma maneira que eu não esperava, batendo no muro. Chovia muito, acabei batendo. Daquele momento, onde eu estava bravo em ter encerrado minha última corrida no Brasil, comecei a caminhar no box, peguei a bandeira de um comissário. Ele começou a chorar, eu abracei ele; de repente, eu comecei a caminhar vendo a torcida inteira celebrando, me aplaudindo e chorando ao mesmo tempo, aí eu não aguentei e comecei a chorar”, descreveu.
“Eu chego no box, aquela caminhada subindo a entrada do box ali, onde tinha todas as equipes do lado de fora me aplaudindo... Eu nunca imaginei que iria passar por isso. Essa foi uma emoção incrível”, acrescentou.
Seria a penúltima corrida de Fórmula 1 da carreira de Massa, que fechou 2016 com um nono lugar em Abu Dhabi. Mas aí veio uma reviravolta: Nico Rosberg, campeão no ano, anunciou que deixaria a categoria após o título. Para o lugar do alemão, a Mercedes contratou o finlandês Valtteri Bottas, então companheiro de Massa na Williams.
Para não perder os dois pilotos de uma vez, a equipe inglesa convenceu Massa a ficar mais um ano. Em 2017, ganhou a companhia do canadense Lance Stroll. E a chance de correr pela última vez o Grande Prêmio do Brasil. Desta vez, largando em novo e terminando em sétimo.
Agora, deixando o acidente de 2016 para uma nova despedida. “A segunda foi uma corrida maravilhosa que eu fiz, muito boa como performance”, descreveu, que se aposentou da Fórmula 1 com um 10º lugar em Abu Dhabi.
Grande Prêmio de São Paulo (horários de Brasília)
Sexta-feira (12)
12h20 - Treino livre 1 - ao vivo no Bandsports
15h30 - Treino classificatório - ao vivo na Band, Bandsports, Bandplay e site da Band
Sábado (13)
11h50 - Treino livre 2 - ao vivo no Bandsports
16h - Corrida sprint - ao vivo na Band, Bandsports, Bandplay e site da Band
Domingo (14)
13h30 - Corrida - ao vivo na Band, Bandplay, BandNews FM e site da Band
19h - VT da corrida - Bandsports
Onde assistir?
Ao vivo na tela da Band e online no Bandplay e no band.com.br, com a narração de Sérgio Maurício, comentários de Reginaldo Leme, Felipe Giaffone, Max Wilson e Rubens Barrichello e reportagem de Mariana Becker.
Grid:
Valtteri Bottas e Lewis Hamilton (Mercedes), Charles Leclerc e Carlos Sainz (Ferrari), Max Verstappen e Sergio Pérez (Red Bull), Lando Norris e Daniel Ricciardo (McLaren), Lance Stroll e Sebastian Vettel (Aston Martin), Fernando Alonso e Esteban Ocon (Alpine), Pierre Gasly e Yuki Tsunoda (AlphaTauri), Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo), Mick Schumacher e Nikita Mazepin (Haas), George Russell e Nicholas Latifi (Williams).