A vitória épica de Lewis Hamilton no Grande Prêmio de São Paulo, realizado no Autódromo de Interlagos, teve contornos de coroação. O piloto inglês recebeu um carinho da torcida que só é comparável aos maiores ídolos do automobilismo brasileiro – como Ayrton Senna e Emerson Fittipaldi.
Por várias vezes durante o fim de semana, o heptacampeão mundial teve o seu nome gritado pelos torcedores. Na coletiva de imprensa após a corrida Sprint do último sábado (13), ele não conseguia ouvir as perguntas dos entrevistadores por conta dos fãs que gritavam “Ô lê lê, Ô lá lá, o Hamilton vem aí e o bicho vai pegar”.
Já neste domingo (14), Hamilton fez uma corrida fantástica e após a vitória comemorou muito pelo rádio: “Isso! Vamos, pessoal! Muito obrigado. Excelente trabalho. Vamos continuar assim, vamos continuar pressionando”. O CEO da Mercedes, Toto Wolff, também vibrou muito e disse ao inglês que “é assim que 25, 20 lugares de desqualificação são recuperados”.
Na penúltima curva, antes de entrar na reta do pódio, parou para pegar uma bandeira do Brasil com um engenheiro da Mercedes, repetindo o gesto histórico de Ayrton Senna após a histórica vitória no GP do Brasil de 1991. A torcida foi a loucura e de pé aplaudiu e gritou o nome do inglês enquanto ele carregava a flâmula dentro do carro.
Lewis Hamilton nunca escondeu o seu laço com Ayrton Senna. Na última quinta-feira (11), quando chegou ao Brasil, o heptacampeão fez uma postagem nas redes sociais falando sobre como o ídolo brasileiro o inspirou a correr na Fórmula 1.
Vídeo: Veja o momento em que Hamilton ultrapassa Verstappen
“Minha maior inspiração. Isto era sobre como ele corria, a sua paixão pela vida e pelo esporte. Mas, mais do que tudo, foi a maneira como ele enfrentou sozinho um sistema que nem sempre foi gentil com ele. Que o legado de Ayrton Senna viva para sempre, especialmente de maneira vibrante neste fim de semana”, escreveu Hamilton.
A torcida em Interlagos sentiu isso. Desde o primeiro minuto viu em Hamilton o mesmo piloto que deu as maiores alegrias para o país nos anos 90. Quando o inglês subiu ao pódio abraçado pela bandeira do Brasil, os fãs e os jornalistas se emocionaram. A comemoração e os gestos vibrantes do heptacampeão eram acompanhados por gritos de “Senna! Senna! Senna!”. Por outro lado, Max Verstappen foi vaiado assim como Alain Prost era quando se tornou o “Inimigo do Brasil”.
Hamilton “brasileiro”
Os brasileiros, em certa medida, naturalizaram Lewis Hamilton e ele absorveu esse apoio. “Eu sou muito grato pelo apoio incrível que eu tive neste fim de semana. Eu não tinha um apoio tão grande assim desde Silverstone. Significa muito para mim este grande apoio vindo deste grande país”, agradeceu.
Ele ainda valorizou o trabalho da Mercedes: “Que corrida. A equipe fez um ótimo trabalho. Foi o fim de semana de corrida mais difícil que eu já tive. Obrigado, Brasil! Eu deixei tudo na pista pela vitória”.
No pódio, o Patrão posou para fotos segurando a bandeira do Brasil com o companheiro Valtteri Bottas e o engenheiro estrategista da Mercedes, Leonardo Donisete da Silva – que é brasileiro. Ao deixar o local, fez gestos de agradecimento aos torcedores que gritavam “Brasil! Brasil! Brasil!”.
O fim de semana épico de Hamilton
O piloto da Mercedes fez um dos melhores GPs de sua carreira e ultrapassou inúmeras dificuldades e controvérsias.
Na corrida Sprint do último sábado (13), Hamilton teve que largar na última colocação (20º) por conta de uma desqualificação na sessão classificatória de sexta-feira (12). A distância entre as lâminas da asa do DRS (Sistema de Redução de Arrasto) estava acima do permitido pelo Regulamento Técnico da Fórmula 1. Mesmo com a punição, o heptacampeão terminou em 5º lugar.
Porém, Hamilton ainda perdeu cinco posições no grid largada deste domingo em decorrência da troca de motor. Desse modo, ele largou em 10º e precisou de uma recuperação fantástica para vencer – inclusive com polêmica em disputa com Max Verstappen na volta 41.
O triunfo foi crucial para a sobrevivência de Lewis Hamilton na briga com Verstappen pelo campeonato de pilotos – agora, a diferença é 14 pontos (332,5 a 318,5). Já no mundial de construtores, a Mercedes abriu vantagem de 11 pontos em relação à Red Bull por conta do bom resultado de Valtteri Bottas (521,5 a 510,5).
A Fórmula 1 volta no próximo fim de semana no Circuito Internacional de Losail, em Lusail, no Catar. A corrida será no domingo, às 11h, com cobertura completa do Grupo Bandeirantes de Comunicação.