Senna pontuou já na segunda corrida na F1, mas sem saber que tinha conseguido

Brasileiro foi sexto colocado no GP da África do Sul com a Toleman; Reginaldo Leme relembra detalhes

Da redação

Ayrton Senna estreou na Fórmula 1 em 1984 pela Toleman, e precisou apenas de duas corridas para pontuar pela primeira vez. Mas a tarefa não foi das mais fáceis, conforme lembrou Reginaldo Leme, comentarista do Grupo Bandeirantes de Comunicação, ao programa Cola no Grid que vai ao ar em edição especial no dia 1º de maio.

Foi no Grande Prêmio da África do Sul. O brasileiro largou em 13º lugar, e ainda perdeu parte da asa dianteira logo no começo da prova. Assim, precisou domar um carro com a aerodinâmica comprometida ao longo de 75 voltas.

A menos de dez voltas para o fim, a sorte sorriu para o brasileiro. Patrick Tambay, da Renault, e Michele Alboreto, da Ferrari, abandonaram entre os primeiros colocados. Senna foi um dos beneficiados com os abandonos da dupla e ganhou duas posições.

E para chegar em sexto lugar, Ayrton Senna contou ainda com mais um fator: o preparo físico. Segundo Reginaldo, a Toleman “não tinha dinheiro para ter uma direção hidráulica”; logo, o modelo TG183B oferecia uma direção “extremamente dura” ao piloto.

“Ele sofreu muito durante a corrida toda. Terminada a corrida, eu e o Galvão (Bueno, narrador da Rede Globo) fomos os responsáveis por tirá-lo do carro e levá-lo até a enfermaria, onde já estavam esperando. Ele estava praticamente desmaiado, estava passando muito mal. La na enfermaria, ele foi reanimado, já estava bem, e eu fui entrevistá-lo, com aquela proteção no pescoço e tal. Ele fala de toda a dificuldade de guiar um carro duro daquele jeito. Ele chegou a parar nos boxes e avisar ao engenheiro – não durante a corrida, mas nos treinos: ‘Não dá para dirigir esse carro’. Mas ele levou até o final e chegou em sexto”, lembrou Reginaldo.

Senna passou quase uma hora na enfermaria do circuito de Kyalami até ser liberado. De volta aos boxes, recebeu cumprimentos de diversos pilotos e equipes pelo resultado. Curiosamente, em meio às mudanças de posições das últimas voltas, Senna terminou a prova sem saber que havia somado um ponto – na época, apenas os seis primeiros colocados pontuavam na F1.

“Na entrevista, ele achava que ele era sétimo. Eu falei para ele que ele era sexto. Ele falou: ‘Puxa, então valeu a pena, porque eu pensei que tinha chegado em sétimo e já estava satisfeito com isso’”, acrescentou Reginaldo.

Ayrton Senna correu com a Toleman até o final de 1984. Nos anos seguintes, correu por Lotus (1985 a 1987) e McLaren (1988 a 1993), antes de se transferir para a Williams em 1994. Morreu naquele ano em decorrência de um acidente no GP de San Marino.

A Toleman, por sua vez, correu na Fórmula 1 entre 1981 e 1985, antes de ser vendida para a grife Benetton. O fundador da equipe, Ted Toleman, morreu nesta quarta-feira (10), aos 86 anos, após sofrer um ataque cardíaco na casa de repouso onde vivia, em Manila, nas Filipinas.

Para Reginaldo Leme, o resultado naquele GP da África do Sul não seria possível sem a dedicação de Ayrton Senna à condição física.

“A dedicação dele era natural, veio com ele. Tudo que ele fazia era extremamente dedicado. Desde o kartismo. Para as corridas, a dedicação era maior ainda – até porque exigia um foco maior”, afirmou. “Para se tornar um piloto de Fórmula 1, de alguém que sai da Fórmula 3, onde as corridas duravam 35 minutos, e se tornar um piloto de Fórmula 1 com corrida de 1h30, às vezes até mais, ele logo aprendeu que o preparo físico é essencial”, completou.

O Cola no Grid vai ao ar no dia 1º de maio, em edição especial para lembrar os 30 anos da morte de Ayrton Senna. Você assiste no Band.com.br.

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