O mundo todo assistiu ao vivo ao acidente fatal de Ayrton Senna em 1º de maio de 1994. E mesmo 30 anos depois daquele Grande Prêmio de San Marino, em Ímola, a morte do tricampeão de Fórmula 1 segue capaz de comover fãs.
A prova também marcou quem estava lá - como Reginaldo Leme, comentarista do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Então jornalista da Rede Globo, Reginaldo lembrou detalhes da cobertura daquele emblemático fim de semana.
Para Reginaldo, o acidente fatal de Ayrton Senna causou a comoção que causou “pelo ídolo que ele foi, pela pessoa que ele foi, e acima de tudo, pela morte dele ali, na sala da casa de cada um de nós que estávamos vendo, de cada um dos brasileiros que estávamos vendo a corrida”.
“Todo mundo sabendo que ali estava perdendo um grande ídolo. E a gente viu logo as consequências disso quando aconteceu o enterro dele, passando pelas ruas, carro de bombeiro e tudo. Eu tenho certeza de que essa situação não teria acontecido com outro piloto, ainda que fosse um cara tão importante quanto”, analisou Reginaldo, em entrevista à edição especial do programa Cola no Grid que vai ao ar na quarta-feira (1º).
“Quando tiraram o Ayrton do carro, e a posição em que ficaram os pés dele... Não que houvesse certeza de morte, mas (estávamos) sabendo que era muito, muito grave. O Galvão (Bueno, então narrador da Rede Globo) não se continha. Nós tivemos que levar a corrida até o fim, e o Galvão não se continha. Em determinado momento, ele estava com uma toalha – estava muito calor – se enxugando o tempo todo. Ele saiu da cabine. Passou por trás de mim e saiu. Eu fiquei 15 minutos narrando a corrida. O Galvão saiu porque ele não aguentava aquela situação”, descreveu.
Enquanto não havia certeza das condições de Senna após o acidente, Reginaldo Leme servia de interlocutor com uma pessoa em especial: Rubens Barrichello. O então piloto da Jordan ficou fora da prova após sofrer um forte acidente nos treinos da sexta-feira, 29 de abril. Por telefone, buscava informações de Ayrton Senna com Reginaldo Leme.
“O Rubinho, que tinha sofrido um acidente na sexta-feira, esteve no autódromo sábado e falou com o Ayrton, e voltou para a casa dele em Oxford. Ele ficava me ligando. Mas ligando a cada um minuto ou dois, me ligava para saber se tinha notícia. Eu falava: ‘Rubinho, não tem ainda. Claro, você está sabendo que é grave e tudo, mas a gente não tem outras notícias. Ele está no hospital, tá sendo atendido’. (Era) até onde eu sabia”, descreveu.
“Até que, em uma dessas ligações, o (repórter da Globo, Roberto) Cabrini (...) pegou o celular e, amplificado, falou: ‘Vou dar a notícia que nenhum ser humano gostaria de dar. Ayrton Senna é considerado morto’. Essa fala do Cabrini foi ar, essa notícia, e aí veio mais uma ligação do Rubinho. ‘E aí, novidade?’. Eu falei: ‘Rubinho, acabou tudo, ele morreu mesmo’. Foi um momento de silêncio do outro lado da linha.”
O próprio Reginaldo Leme reconhece que demorou a assimilar a informação da morte de Ayrton Senna naquele domingo.
“Foi um impacto muito grande, eu não sabia o que pensar”, diz. “Honestamente, eu não sabia no que pensar.”
Edição especial do Cola no Grid lembra os 30 anos sem Ayrton Senna
Em homenagem aos 30 anos da morte de Ayrton Senna, o Cola no Grid terá uma edição especial no dia 1º de maio: o comentarista Reginaldo Leme traz histórias especiais dos quase 15 anos de amizade com o tricampeão de Fórmula 1 – inclusive com bastidores que você talvez não conheça.
Do início de carreira na Europa ao acidente fatal no GP de San Marino de 1994, passando pelo desentendimento entre os dois no início da década de 1990, Reginaldo dá detalhes da trajetória de um dos mais importantes nomes da história do esporte mundial.
A edição especial do programa Cola no Grid vai ao ar em 1º de maio, no Band.com.br e no Bandplay.