Primeiro kart, trote em Senna e piada na TV: Rubens Barrichello abre o jogo

No Queimando a Largada, ex-piloto de Fórmula 1 divide histórias da vida dentro e fora das pistas

Emanuel Colombari e Pedro Lopes

Prestes a completar 50 anos, Rubens Barrichello vive intensamente o automobilismo desde que nasceu – literalmente.

Vizinho do Autódromo de Interlagos na infância, Rubinho em pouco tempo passou do lado de fora para o lado de dentro das pistas. Assim, deixou de ser o fã que frequentava o circuito nos arredores de casa e passou a ser protagonista em diversas categorias. Apenas na Fórmula 1, ele correu de 1993 a 2011.

Ao longo de praticamente meio século, Barrichello acumulou muitas histórias. Desde o primeiro kart, passando pela convivência com o “chefe” Ayrton Senna e vivendo um período de grande exposição na Ferrari.

Hoje, a mais de uma década longe da F1, o piloto da Stock Car curte a categoria como um espectador. Mas também faz suas projeções para a briga entre Red Bull, Ferrari e Mercedes em 2022.

Rubens Barrichello conversou com a jornalista Lívia Nepomuceno no podcast Queimando a Largada, que você assiste na íntegra aqui. Abaixo, pode conferir destaques do papo:

Vizinho de Interlagos

Rubens Barrichello nasceu na região do Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Logo, como ele mesmo diz, não poderia haver área mais propícia. “A primeira coisa era ver corrida, não era o futebol”, conta.

Em pouco tempo, ainda na infância, veio o primeiro kart. “Eu ganhei meu primeiro kart com seis anos do meu avô materno. Ele falou para mim que era um passarinho. Eu lembro bem desse momento. Eu indo no caminho e pensando o que eu ia fazer, já pensando em libertar o bichinho… E aí quando cheguei lá era um kart vermelho, já tinha o número 11, um número escolhido pelo meu pai, mas que me identifiquei muito”, descreveu.

O número acompanhou Rubinho durante boa parte da trajetória nas pistas – e virou 111 na Stock Car, já que o 11 era usado por outro piloto.

Rubinho no Rio

Ainda jovem, já apaixonado por Fórmula 1, Rubinho viajava ao Rio de Janeiro para acompanhar os testes da categoria no antigo Autódromo de Jacarepaguá. E vivia aventuras para conseguir ver os carros na pista.

“Nos treinos de inverno, eu pegava um amigo e viajava para o Rio, chegava às 3h sem passe, me enfiava ali no cantinho para ninguém ver para eu participar daquilo”, conta o piloto, que agora vai ao Rio de Janeiro disputar o GP Galeão da Stock Car.

“Tem muito carioca fanático por automobilismo, e eu acho que o Rio merece, bem como nós merecemos o Rio. Então que seja um primeiro evento maravilhoso.”

A pegadinha com Ayrton Senna

Rubens Barrichello e Ayrton Senna estiveram juntos em 19 Grandes Prêmios entre 1993 e 1994. No entanto, fora das pistas, construíram uma respeitosa amizade antes disso.

“Quando eu tinha 13 anos e eu fui para o Mundial de kart, meu pai ligou para o Ayrton, para a família Senna, para saber qual equipe eu iria. Fui muito bem recomendado”, contou.

Já nos tempos de Fórmula 1, Rubinho e Senna foram jantar na Austrália com Christian Fittipaldi, que correu por Minardi (1992 e 1993) e Footwork (1994) na categoria. Os dois tentaram pregar uma peça no tricampeão, que não deixou barato.

“Eu falei para o Christian: ‘Quando for assim, vamos bater no carro dele atrás para ver qual é a reação’. Carros alugados, na brincadeira, sem quebrar. Quando a gente chegou lá, ele não esboçou nada de emoção, não falou absolutamente nada disso. A única coisa que ele fez - e eu não entendi na hora - foi pedir para o Christian parar o carro antes, eu depois e depois ele, a 45 graus”, lembrou.

“Quando acabou o jantar, ele gentilmente pagou a conta e levantou um pouco antes. Quando eu chego lá fora, ele já está com o carro meio para fora. Quando ele nos viu, foi só uma ré (imita uma batida). Meu carro entrou para dentro do carro do Christian. Ele engatou a primeira e foi embora”, completou.

Piada na TV: "Eu chorei piamente"

Piloto da Stewart entre 1997 e 1999, Rubinho foi para a Ferrari em 2000. No entanto, os resultados ao lado de Michael Schumacher não corresponderam às expectativas de boa parte da torcida. Assim, o brasileiro virou alvo de piadas e comentários que, muitas vezes, magoavam.

“Eu rio muito do humor do Brasil, mas ele começou a ficar pesado porque dá audiência. Em cima disso, a coisa perdeu o respeito”, contou Rubinho, que lembrou a primeira vez que viu uma piada a seu respeito em uma edição do Casseta & Planeta, Urgente!, humorístico exibido pela Rede Globo entre 1992 e 2010.

“Eu chorei piamente. O choro da injustiça é um choro doído. O reconhecimento nada mais é que um ego tolo mesmo. Todos nós lutamos por esse fator, mas é uma forma tola de fazer com que a gente egoisticamente se sinta bem. Reconhecimento, a gente quer do trabalho, da família, dos filhos. Mas o reconhecimento próprio, a gente só vai ter com a maturidade.”

Regulamento 2022 da F1

A temporada 2022 da Fórmula 1 começou com um novo equilíbrio de forças. A Red Bull segue na briga por vitórias e títulos, mas a Ferrari tomou o posto da Mercedes como principal rival do time austríaco. Até quando?

“Você ia falar no final do ano que a Ferrari estaria nessa posição? Não, mas não tenha dúvida de que eles souberam desvendar o regulamento da melhor forma possível. Isso se dá só pela parte aerodinâmica e pela aderência do carro? Não, porque a melhora também veio em velocidade na reta. Você vai falar também que a Mercedes, com um carro muito estreitinho, também não corta reta? Não é esse o fator, e também não é que o motor piorou”, comparou Rubinho.

Por enquanto, segundo Barrichello, a Mercedes sofre para desenvolver velocidade de reta.  Assim, neste momento, a Ferrari é “sem sombra de dúvidas aquela que vai despontar”.

“A gente não pode jogar a toalha ainda, porque a Mercedes pode ganhar o campeonato. (Mas) acho difícil, porque (uma desvantagem de) 0s7 por volta é muita coisa”, completou.

Notícias

Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.