Há exatos 50 anos, a Copersucar-Fittipaldi, única equipe brasileira da história da Fórmula 1, fazia a sua estreia na categoria em Buenos Aires para o GP da Argentina, prova de abertura da temporada.
Wilsinho Fittipaldi, irmão de Emerson, cansado de não conseguir ter um carro competitivo e levar quantias enormes de patrocínio para equipes inglesas, resolveu dar o pontapé inicial para fabricar no Brasil o seu próprio carro de Fórmula 1.
O projeto ousado passou por diversos obstáculos pelo caminho, mas também teve momentos de glórias nas pistas e até mesmo foi casa do ‘mago’ projetista, Adrian Newey, por alguns meses. Confira cinco curiosidades sobre Copersucar Fittipaldi:
O batismo de fogo da Fórmula 1
A equipe brasileira quase não conseguiu estrear no GP da Argentina naquele ano. Wilsinho Fittipaldi marcou o tempo de 2m00s93, 11 segundos acima do tempo da pole de Jean-Pierre Jarier, da Shadow. Na época, o regulamento exigia que um piloto fizesse um tempo, no máximo, 110% acima da média dos três primeiros colocados.
Apesar das dificuldades, o sonho ganhou vida e o carro largou. Porém, a corrida durou apenas 12 voltas. O brasileiro perdeu o controle do carro e bateu a traseira no guard rail, o que fez com que o FD-01 pegasse fogo. Essa foi a última vez em que o primeiro carro da equipe fosse utilizado de forma oficial, já na etapa seguinte, em Interlagos, o time já usou o FD-02.
Os maiores patrocinadores
Toda equipe de Fórmula 1 precisa de patrocinadores para ajudar na construção do carro e manter o time rodando. Com isso, Wilsinho fechou um contrato com Jorge Atalla, presidente da Cooperativa dos Produtores de Cana de Açúcar do Estado de São Paulo, mais conhecida como Copersucar.
A parceria durou até 1979, mas é o principal nome pela qual a equipe é lembrada pelos brasileiros. Após a saída, a equipe acabou se tornando a Fittipaldi Automotive.
Em 1980, a Skol chegou como patrocinadora master do time, mudando o nome da equipe para Skol Fittipaldi Team. Porém, a parceria durou apenas para a temporada de 1980, ano em que Emerson Fittipaldi se aposentou da categoria.
Adrian Newey como estágiario da Copersucar-Fittipaldi
Conhecido como “Mago da Aerodinâmica”, o projetista multicampeão da F1 teve seu início como estagiário na equipe Fittipaldi durante alguns meses de 1980.
Newey foi contrato por Ricardo Divila, responsável pelo setor de aerodinâmica da equipe, por recomendação de Max Mosley. No ano seguinte, o inglês se juntou à construtora de chassis March em 1981.
Carro contruído com componentes nacionais
Uma das premissas de Wilsinho é que o carro fosse projetado e construído com componentes produzidos no Brasil. Com exceção do motor Ford Cosworth, câmbio e os pneus da Goodyear, tudo era feito no País.
Com isso, os componentes dos carros foram feitos pelas: Gemmer com a caixa de direção, Italmagnesio com rodas e peças fundidas e a Fabrini era responsável pelas molas helicoidai. A empresa Albarus, conhecida como Dana atualmente, forneceria as semiárvores e juntas.
A Embraer entrou para a fabricação do chassi, por contar do uso de alumínio e da utilização do túnel de vento para desenvolver a carroceria do carro. No total, pelo menos 75% dos componentes do carro eram nacionais.
Números da Copersucar-Fittipaldi na Fórmula 1
Com um total de 104 grandes prêmios disputados, a única equipe da Fórmula 1 obteve dois terceiros lugares na temporada de 1980: um com Keke Rosberg no GP da Argentina e outro com Emerson Fittipaldi no GP dos Estados Unidos.
O ponto alto da equipe aconteceu em 1978, durante o Grande Prêmio do Brasil, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A bordo do Copersucar-Fittipaldi F5A, Emerson Fittipaldi conseguiu um segundo lugar com um carro produzido pela própria equipe.