O piloto russo Nikita Mazepin está criando uma fundação para atletas que são proibidos de participar de competições por “razões políticas”.
O anúncio foi feito nesta quarta-feira (10) pelo agora ex-piloto da Haas na Fórmula 1. A iniciativa foi batizada de We Compete As One (ou “Competimos como um”, em inglês).
“Anuncio hoje a criação de uma nova fundação para ajudar atletas que tenham sido proibidos de competir por razões políticas”, registrou Mazepin nas redes sociais.
Contratado pela Haas em 2021, Mazepin foi dispensado pela equipe no começo de 2022, após a invasão da Rússia ao território da Ucrânia. A equipe ainda rescindiu o contrato com a Uralkali, fabricante russa de fertilizantes que tem o pai do piloto entre os sócios.
Em entrevista coletiva direto de Moscou, Mazepin informou que a fundação será financiada pela própria Uralkali. Além de dispensada pela Haas, a empresa também teve o contrato rescindido com a Hitech GP, equipe que disputa categorias de acesso à Fórmula 1.
“Todos sabemos que a carreira de um atleta é curta, e requer anos de intenso sacrifício para desempenhar no mais alto nível. Quando esta recompensa é tirada, é devastador. E ninguém pensa no que acontece depois com esses atletas”, afirmou o piloto russo, que não vê as portas definitivamente fechadas para ele na F1.
“Permanecerei em condição de corrida. E estarei pronto se a oportunidade vier. No momento, tenho olhos apenas para a Fórmula 1, e não para outras categorias. Não planejo participar de diferentes competições e diferentes campeonatos. Vou concentrar agora toda minha atenção e meu tempo para trabalhar nesta fundação que criei.”
Durante a coletiva, Nikita Mazepin criticou a Haas e disse que “merecia mais apoio” da equipe. Ele assegurou que, mesmo após as atividades coletivas de pré-temporada da Fórmula 1 em Barcelona (Espanha), não estava preocupado com a possibilidade de perder a vaga no time norte-americano.
“Eu fiquei aliviado ao ver que a FIA permitiu que nós (russos) corrêssemos com cores neutras. Eu esperava pilotar. Então, tudo mudou e eu perdi meu sonho, pelo qual estive trabalhando por 18 anos”, lamentou. “Eu soube da minha demissão na Haas, como todo mundo, pela imprensa. Eu não merecia isso. Fiquei muito decepcionado com a maneira como isso aconteceu", desabafou.
O russo disse ter recebido mensagens de apoio de diversos pilotos da F1, como Sergio Perez (Red Bull), George Russell (Mercedes), Charles Leclerc (Ferrari) e Valtteri Bottas (Alfa Romeo). Durante a coletiva, agradeceu: “Eles me apoiaram no momento em que perdi meu sonho e perdi minha vaga”.
Mazepin preferiu não comentar a situação política entre Rússia e Ucrânia, mas classificou o momento como “doloroso”.
“Entendo que o mundo não é como era há duas semanas”, afirmou. “Tenho amigos e parentes que, por força do destino, estão nos dois lados do conflito. O que discutimos hoje é importante por si só, mas nada em comparação ao que ocorre em um cenário mais amplo”, completou.