Em 2023, Max Verstappen venceu 19 das 22 corridas da temporada da Fórmula 1, conquistando um título no qual não foi ameaçado. Mas o cenário em 2024 é bem diferente.
Nos bastidores, a Red Bull vive uma crise que se tornou pública na pré-temporada. Os desentendimentos entre Christian Horner e Helmut Marko desde a morte de Dietrich Mateschitz atrapalham os rumos do time. O projetista Adrian Newey já anunciou que sairá no começo de 2025. Sergio Pérez vem tendo dificuldades para entregar bons resultados como segundo piloto. E Max Verstappen…
Bem, Max Verstappen lidera o Mundial de pilotos, com 277 pontos após 14 etapas, contabilizando sete vitórias. Mas a hegemonia de 2023 já não se repete: na temporada anterior, em 14 etapas, o holandês contabilizava 12 vitórias e somava 364 pontos, uma diferença de 87 pontos.
Em 2024, o tricampeão não sobe ao topo do pódio desde o GP da Espanha. Desde então, são quatro corridas sem vitórias, um jejum que se tornou raro: a última vez que o holandês da Red Bull passou tanto tempo sem vencer foi em 2020, antes mesmo de conquistar o primeiro título, quando passou 11 corridas sem vitórias entre os GPs de 70 Anos de F1 e de Abu Dhabi.
Em 2021, ano do primeiro título, Verstappen passou no máximo três corridas sem vitórias. Em 2022, ano do bicampeonato, o jejum foi de apenas duas provas. Em 2023, a “seca” foi sempre de apenas uma corrida - que se repetiu três vezes ao longo do ano.
Mas a sorte virou em 2024. Nas últimas quatro corridas, Verstappen subiu apenas uma vez ao pódio, com o segundo lugar na Inglaterra. Mesmo na sequência de 11 provas sem vencer em 2020, ele não teve tal desempenho - no pior momento, teve dois abandonos, mas que vieram após seis pódios seguidos e que se seguiram a outros três pódios.
Red Bull já transformou jejuns em títulos
O jejum de Verstappen é raro, mas os últimos anos mostram que é possível ser campeão mesmo enfrentando uma sequência sem vitórias. E o principal exemplo vem de dentro da Red Bull.
Em 2010, Sebastian Vettel venceu o GP da Malásia e passou as cinco provas seguintes sem vitórias. Depois, foi ao topo do pódio no GP da Espanha e encaixou seis etapas consecutivas novamente sem vencer. A quatro corridas para o fim do campeonato, era o quarto colocado do Mundial de pilotos (181 pontos, contra 202 do líder Mark Webber); no entanto, conquistou três vitórias seguidas, subverteu a lógica e foi campeão.
Cenário semelhante foi visto em 2012. Depois de vencer o GP do Bahrein, Vettel passou nove provas seguidas vendo os rivais chegando em primeiro lugar. Após o GP da Itália, era só o quarto colocado do Mundial com 140 pontos, contra 179 de Fernando Alonso. Mas veio nova reação: o alemão venceu quatro vezes seguidas e terminou o ano com 281 pontos, contra 278 do espanhol, que não levou nenhuma das dez últimas corridas daquela temporada.
A última vez que um piloto foi campeão sem vencer quatro corridas seguidas no ano foi em 2016, com Nico Rosberg. Mas o alemão foi segundo colocado nas quatro últimas provas do ano, todas vencidas por Lewis Hamilton. No fim, Rosberg somou 385 pontos, contra 380 de Hamilton.
De 2010 para cá, jejum é coisa séria. Em 2011, 2013 (com Sebastian Vettel), 2014, 2015, 2017, 2018, 2019 e 2020 (com Lewis Hamilton), a série negativa nunca passou de três corridas. Com Hamilton, três sequências vieram com o título garantido: 2015, 2017 e 2020.