A cada ano, a FIA e a Fórmula 1 buscam aumentar a segurança de todos os personagens envolvidos em um GP, até mesmo dos torcedores. Para chegar ao atual nível de prudência, a Fórmula 1 passou por acidentes traumáticos e perdas dolorosas. Confira os acidentes marcantes da história da categoria:
ROBERT KUBICA – 2007
Um dos acidentes mais assustadores da Fórmula 1 aconteceu no Grande Prêmio do Canadá em 2007. Na 26ª volta, o carro do polonês Robert Kubica, da Sauber, se chocou com o do italiano Jarno Trulli, da Toyota, e foi arremessado de forma violenta contra um muro de concreto. Depois, o carro capotou até parar em um guardrail e ficar com o chassi completamente destruído. Tudo isso com Kubica como passageiro. O milagre é que o piloto escapou sem ferimentos graves, mas foi afastado do GP seguinte, nos Estados Unidos – o que abriu espaço para a estreia de Sebastian Vettel.
GILLES VILLENEUVE – 1982
O nome da pista do GP do Canadá, onde aconteceu o incidente de Kubica, é uma homenagem a Gilles Villeneuve, que morreu em 1982 em um grave acidente durante a sessão de qualificação final para o Grande Prêmio da Bélgica, em Zolder. Ao tentar fazer uma volta rápida, Villeneuve, da Ferrari, e Jochen Mass, do March, se confundiram na ultrapassagem e o piloto canadense acertou com tudo a traseira de Mass. O carro voou por 100 metros e se desintegrou. Villeneuve foi arremessado a mais de 50 metros dos destroços. Ele foi resgatado, mas não resistiu.
WOLFGANG VON TRIPS E 14 ESPECTADORES – 1961
Um acidente muito semelhante ao de Villeneuve aconteceu em 1961, no Grande Prêmio da Itália, em Monza. O alemão Wolfgang von Trips pilotava a sua Ferrari quando se chocou com a Lotus de Jim Clark. O carro voou em direção a uma barreira de proteção e atingiu 14 espectadores que morreram. Von Trips também não resistiu aos ferimentos. O trágico acidente ofuscou o título mundial conquistado no mesmo dia por Phil Hill (companheiro de equipe do alemão) e fez com que a Federação Internacional de Automobilismo estudasse novos equipamentos de segurança para os pilotos e protocolos para o público.
CINCO ESPECTADORES – 1975
E quando os equipamentos de segurança existem, mas não recebem manutenção? Foi o que aconteceu no Grande Prêmio da Espanha, em 1975. As condições da pista eram precárias, tanto é que o brasileiro Emerson Fittipaldi se negou a participar da corrida. Os guardrails estavam sendo fixados pelos membros das próprias equipes. O resultado disso foi um acidente trágico que envolveu o piloto alemão Rolf Stommelen: o aerofólio do seu Hill-Ford se rompeu, ele perdeu o controle do carro, se chocou contra um guardrail e decolou em direção aos torcedores. Cinco espectadores foram atingidos e morreram. Stommelen sobreviveu.
FRANÇOIS CEVERT – 1973
A morte do jovem François Cevert é considerada uma das mais chocantes da história da Fórmula 1. No treino classificatório do Grande Prêmio dos Estados Unidos, em Watkins Glen, o francês perdeu o controle do carro em um dos “esses”, bateu no guardrail do lado direito e ricocheteou em direção ao guardrail do lado esquerdo – que estava mal fixado –, virando de rodas para o ar e se arrastando pela "lâmina" de metal por mais de cem metros. Cevert foi decapitado, teve o seu corpo mutilado e morreu na hora. Era considerado um dos pilotos mais promissores da geração e seria o número 1 da forte Tyrrell em 1974, com a aposentadoria do inglês tricampeão mundial Jackie Stewart.
AYRTON SENNA E ROLAND RATZENBERGER – 1994
Também houve polêmica e tristeza no Grande Prêmio de San Marino de 1994. A pista de Ímola foi várias vezes criticada pelas equipes por conta da condição e de suas curvas perigosas – inadequadas para uma categoria com carros cada vez mais rápidos. Foram três acidentes na etapa, sendo dois fatais: um com o austríaco Roland Ratzenberger, da Simtek, na curva Villeneuve; e outro com o brasileiro Ayrton Senna, da Williams, na curva Tamburello (a mesma que Piquet em 1987 e Berger em 1989 sofreram graves acidentes). As duas mortes foram muito lamentadas pela comunidade esportiva mundial, em especial a de Senna que é lembrada até os dias atuais.
RONNIE PETERSON – 1978
O Grande Prêmio da Itália de 1978, em Monza, marcou a estreia do semáforo na largada da prova da Fórmula 1 – em substituição ao antigo método, no qual se abaixava uma bandeira com as cores do país-sede. Mas o diretor da prova, Gianni Restelli, se atrapalhou com a novidade e deu a largada antes dos últimos carros se alinharem no grid. O resultado foi um engavetamento antes da primeira chicane. A Lotus do sueco Ronnie Peterson foi arremessada para fora da pista e se chocou contra o guardrail. O acidente rompeu o tanque de combustível e o carro pegou fogo. Peterson foi levado ao hospital, mas faleceu no dia seguinte.
JULES BIANCHI – 2014
No Grande Prêmio do Japão de 2014, realizado em Suzuka, o jovem francês Jules Bianchi perdeu o controle do carro por conta da pista molhada pela chuva, saiu da pista e foi em direção ao trator que retirava o carro de Adrian Sutil. O impacto foi tão forte que a transmissão televisiva não chegou a mostrar o acidente. O choque deixou o piloto da Marussia em coma por nove meses até o seu falecimento. Foi a primeira morte de um piloto da F1 em decorrência de um acidente desde Ayrton Senna em 1994. Com a tragédia, a FIA estabeleceu novos protocolos de segurança como o carro de segurança virtual e quatro anos depois, a criação do Halo.
JOCHEN RINDT – 1970
Essa é a uma das histórias mais tristes da Fórmula 1 que aconteceu antes da morte de Ayrton Senna. No treino oficial para o Grande Prêmio da Itália de 1970, em Monza, Rindt perdeu o controle da Lotus (que pertencia a Emerson Fittipaldi), voou sobre a barreira de proteção e capotou quatro vezes. O piloto teve a traqueia cortada, o tórax esmagado e a perna esquerda quebrada, e não resistiu aos ferimentos. O detalhe é que mesmo sem participar das quatro últimas etapas, Jochen Rindt se sagrou campeão mundial com 45 pontos (cinco a mais que o belga Jacky Ickx), mas não pôde comemorar o único título de sua carreira.
ROMAIN GROSJEAN – 2020
O público da Fórmula 1 teve um grande susto em 2020, no Grande Prêmio do Bahrein. Logo após a largada da corrida, o francês Romain Grosjean perdeu o controle do carro da Haas na curva 3 e se chocou com o guardrail do lado direito. O impacto foi tão forte que o carro se rompeu ao meio e imediatamente pegou fogo. Grosjean ficou entre as chamas por alguns segundos e por isso muitos imaginaram que ele não sobreviveria, mas foi resgatado com vida e se recuperou com sucesso. Recentemente, nas redes sociais, o piloto mostrou uma das queimaduras do acidente.