Como Hamilton teve em SP maior atuação da vida, repetiu Senna e virou brasileiro

O piloto inglês fez um final de semana perfeito, apesar de uma punição de cinco posições e tendo que largar em último

Gabriel Alberto

Como Hamilton teve em SP maior atuação da vida, repetiu Senna e virou brasileiro
Hamilton carrega a bandeira do Brasil após vitória
Reprodução | Band

A temporada de 2021 da Fórmula 1 foi simplesmente uma das mais emocionantes de toda a história, do começo até o fim, em uma disputa direta entre Max Verstappen e Lewis Hamilton pelo título. Um ano marcado por batidas entre os dois, como em Monza e Silverstone, e brigas inesquecíveis como na Arábia Saudita e na última volta de Abu Dhabi. E o britânico viveu o auge daquele ano no Brasil.

A 19ª etapa de 2021 está guardada como a melhor atuação de Lewis Hamilton em sua carreira: o Grande Prêmio de São Paulo. Isso em um fim de semana que acabou abraçado pela torcida 13 anos depois de passar como vilão no mesmo autódromo. 

Interlagos voltava para o cenário mundial do automobilismo após um ano fora por conta da pandemia da Covid-19. O público queria ver uma disputa direta entre o holandês e o britânico. 

Punição a Hamilton

O final de semana já começou com Hamilton levando uma punição de 5 posições para o grid da corrida principal, pois a Mercedes resolveu trocar o motor de combustão interna (ICE) do carro do piloto.  

Na sexta-feira, Hamilton fez uma pole voadora para a corrida sprint de sábado; Max foi segundo. Porém, a sorte do inglês viraria horas depois. O delegado-técnico da FIA, Jo Bauer, identificou uma irregularidade na asa móvel da Mercedes. O DRS estava além do limite máximo de abertura permitido. Com isso, o piloto inglês foi desclassificado e largaria em último. 

Verstappen toca na asa traseira de Hamilton durante parque fechado - Reprodução 

A reviravolta aconteceu algum tempo depois, quando Verstappen começou a ser investigado pelos comissários de prova após tocar na asa traseira do carro Hamilton, o que é proibido pelas regras de parque fechado da categoria. No fim, o holandês apenas teve que pagar uma multa de R$ 312 mil e assim herdou a pole do inglês. 

Na largada da corrida sprint, Max perdeu a posição para Bottas e depois nunca mais recuperou. Preferiu garantir os dois pontos com a segunda colocação. 

Hora do show

O show mesmo foi de Hamilton, que teria que fazer uma corrida de recuperação para minimizar o prejuízo na disputa pelo título. O inglês fez uma ótima, e na primeira das 24 voltas já era o 15º. Em meia hora de corrida, o piloto da Mercedes fez quinze ultrapassagens para garantir a 5º colocação.

Com o resultado da sprint, Lewis largaria em décimo na corrida principal no domingo, por conta da punição recebida pela troca da ICE. 

Na corrida principal, no domingo, Verstappen largou melhor que Bottas e assumiu a liderança. No fim da primeira volta, Hamilton já estava em 5º, após realizar quatro ultrapassagens e ganhar mais uma posição por conta de um pneu furado de Lando Norris. Em menos de cinco voltas o inglês era terceiro e só contava com Sérgio Perez e Max Verstappen a sua frente. 

A diferença entre os três diminuiu devido a duas intervenções do safety-car causadas por detritos dos carros de Yuki Tsunoda e Lance Stroll, além do VSC após o toque entre Mick Schumacher e Kimi Räikkönen. Logo na volta 19, Hamilton passa Perez por fora no S do Senna e começa sua caçada a Verstappen. 

Hamilton e a bandeira do Brasil

Na volta 48, Hamilton tenta uma manobra por fora em Verstappen na Curva do Lago, mas o holandês freia tarde e joga os dois para fora da pista. Hamilton então ultrapassa finalmente a Red Bull na volta 59, assumindo a liderança e vencendo a corrida. 

A prova de recuperação de Lewis Hamilton foi espetacular, praticamente um final de semana perfeito, baseando-se nas condições que o inglês tinha em mãos. Só que a emoção maior veio quando Hamilton encostou a sua Mercedes no Bico de Pato e pegou a bandeira do Brasil na mão do fiscal de pista, homenageando o seu ídolo Ayrton Senna. 

“Que sorte do Brasil”

No pódio, o público invadiu a pista e foi à loucura gritando: ‘Senna, Senna’ e ‘Lewis, Lewis’, com Hamilton enrolado na bandeira do Brasil. Sem contar na presença do engenheiro mineiro Eduardo Donisete da Silva, membro do time de estrategistas da Mercedes, para fechar com chave de ouro a maior corrida da história do heptacampeão mundial, que um ano depois “viraria” brasileiro.

O triunfo emocionou até o experiente comentarista Reginaldo Leme, da Band, que não segurou as lágrimas durante a transmissão.

“Só faltava isso. Não tem nem o que dizer. Não tem o que dizer. Ele passa o final de semana sendo punido, largou em último ontem e em décimo hoje. Que sorte o Brasil poder ver isso”, declarou.

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