Lewis Hamilton precisou de dois meses longe das redes sociais e dos holofotes da mídia para recuperar as energias ao lado da família após o final polêmico da temporada 2021 de F1.
Apesar dos rumores de que poderia se aposentar, o britânico garantiu que isso nunca passou por sua cabeça, mas que precisava dar “esse passo para trás” a fim de se conectar com o presente e com a família.
Agora de volta às redes sociais e falando com a imprensa no lançamento do carro de 2022 da Mercedes, o britânico aproveitou para comentar diversos temas sensíveis sobre o GP de Abu Dhabi, como a relação com a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Max Verstappen e Nicholas Latifi.
Possível aposentadoria após GP de Abu Dhabi
Com o sumiço do britânico, muitos acharam que Hamilton decidira largar o esporte. E apesar de admitir que foi um final de temporada difícil pela perda do título da forma que foi, o piloto da Mercedes garante que esse episódio jamais definiria a sua carreira.
“Claro que em fim de temporada, você reflete se está disposto a sacrificar tempo e energia para ser um campeão mundial. Acho que as pessoas subestimam o que é necessário para esse objetivo. Não se trata apenas de guiar o carro”.
"Mas dessa vez foi mais complicado porque cheguei a perder um pouco de fé no sistema de um esporte que amei por toda a minha vida. Mas sou uma pessoa muito determinada. E enquanto um momento como esse pode definir carreiras, eu me recuso a deixar que defina a minha. Então estou focado em ser o melhor que posso ser e voltar ainda mais forte".
Max Verstappen
Em 2021, Lewis Hamilton (Mercedes) e Max Verstappen (Red Bull) chegaram empatados ao último Grande Prêmio do ano, em Abu Dhabi, com 369,5 pontos cada. O britânico liderou a prova até o final, com boa vantagem, quando a entrada de um safety car fez o holandês se aproximar novamente.
A direção de prova permitiu que os retardatários entre eles descontassem a volta antes da relargada. Quando o carro-madrinha recolheu, Verstappen estava logo atrás de Hamilton e com pneus melhores; assim, não teve dificuldades para ultrapassar o rival, vencer a corrida em Yas Marina e ficar com o título.
"Isso tudo não teve a ver com o Max. Ele fez tudo que um piloto faria nas oportunidades certas. E é um grande adversário. Não tenho qualquer problema com ele. Não guardo rancor de ninguém".
FIA e Michael Masi
A Federação anunciou nesta quinta-feira (17) a que Michael Masi, pivô do fim polêmico da temporada 2021, não será mais o diretor de provas da F1. E apesar de receber com bons olhos a notícia, Lewis diz que será necessário mais para recuperar a confiança na FIA.
“Eu depositei fé e confiança (na FIA). E essa confiança pode se perder num piscar de olhos. Mas construir essa confiança é mais complicado. Então esse anúncio (a saída de Masi) é um primeiro passo nessa direção, mas que não resolve tudo de uma vez. Precisamos ver as ações. E talvez leve um pouco de tempo”.
“Ainda que não possamos mudar o passado, e nada mudará a forma como me senti naquele momento a respeito da situação, é bom ver a FIA caminhar em direção a melhorias. Acho que responsabilidade é fundamental, e precisamos usar esse momento para ter certeza que isso jamais se repetirá com quem quer que seja no esporte”.
“Tudo que foi dito pela FIA foi bem-vindo. Mas precisamos ter certeza de que essas mudanças vão de fato acontecer e de que as regras serão aplicadas de forma justa, precisa e consistente”.
Nicholas Latifi e o abuso nas redes sociais
Nicholas Latifi revelou que recebeu mensagens de apoio de Lewis Hamilton e de outros membros da Mercedes após sofrer ataques nas redes sociais pelo acidente decisivo para o desfecho do GP de Abu Dhabi de 2021. O canadense falou também que recebeu ameaças de morte e que chegou a contratar um serviço de segurança pessoal. Hamilton acredita que as plataformas de redes sociais não fazem o bastante para evitar esse tipo de assédio.
“Eu conversei com o Nicholas. Ele tem todo o meu apoio. Eu sei o quão difícil essas situações podem ser. E é importante ele saber que tem apoio das pessoas ao redor dele. Esse é um esporte rodeado de muita paixão, que é o que faz o esporte incrível, mas precisamos canalizar isso de uma forma positiva, em vez de negativa”.
“Mas acho que não houve mudanças feitas pelas plataformas de redes sociais para evitar isso. Precisamos colocar uma pressão neles para isso mudar. Saúde mental é algo real, e as pessoas estão sofrendo abuso nessas plataformas. E ninguém merece isso, algo que não deveria ser tolerado. As plataforma são capazes de melhorar isso com mudanças, mas eles não parecem querer fazê-lo rápido o bastante. Então precisamos seguir pressionando”.
Hamilton, Latifi, Verstappen e cia. voltam à pista já na semana que vem (de 23 a 25 de fevereiro) com a primeira bateria da pré-temporada da F1, em Barcelona. A segunda sessão de testes ocorre no Bahrein, entre os dias 10 e 12 de março, mesmo palco da corrida de abertura, marcada para o dia 20 de março.
Confira a chamada da Band para a temporada 2022 de F1