O Autódromo de Interlagos é sinônimo de Fórmula 1 em São Paulo e no Brasil. O que pode até surpreender parte do público com o nome oficial do circuito: Autódromo José Carlos Pace.
O nome faz referência a um dos maiores pilotos da história brasileira na F1, que morreu prematuramente quando começava a ser firmar como um dos protagonistas da categoria no final da década de 1970.
“É um piloto da mais alta importância, porque o Pace foi um sucessor do Emerson (Fittipaldi), veio na esteira do Emerson”, afirma Sergio Mauricio, narrador do Grupo Bandeirantes de Comunicação.
Nascido em 6 de outubro de 1944, o paulistano José Carlos Pace ascendeu rapidamente no automobilismo nacional. Aos 20 anos, foi um dos escalados para o histórico desafio dos 50 mil quilômetros, que colocou um Renault Dauphine para correr a distância em questão no Autódromo de Interlagos dentro de um prazo estabelecido de 30 dias. Revezando-se com Bird Clemente, Wilsinho Fittipaldi e Luiz Pereira Bueno, entre outros, Pace ajudou o feito a ser atingido em 22 dias.
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Na Europa, os resultados também não demoraram: campeão de uma das categorias da Fórmula 3 britânica em 1970, chegou à Fórmula 2 europeia em 1971 e estreou na Fórmula 1 em 1972, pilotando um dos carros da Williams – no caso, a primeira equipe fundada por Frank Williams, ainda correndo com carros da March. Conquistou bons resultados, com destaque para o quinto lugar no GP da Bélgica.
O apogeu, a tragédia e a homenagem
A transferência para a Surtees em 1973 ainda rendeu bons resultados, como o terceiro lugar no GP da Áustria. No decorrer de 1974, Pace trocou a Surtees pela Brabham, que terminava aquele ano com resultados promissores. No melhor deles, o time conquistou uma dobradinha no GP dos Estados Unidos que fechou o ano, com Carlos Reutemann em primeiro e o brasileiro em segundo.
Com a dupla mantida para 1975, José Carlos Pace conquistou a primeira vitória da carreira na F1 ao vencer o GP do Brasil – e ainda com Emerson Fittipaldi, de McLaren, em segundo. A equipe foi vice-campeã de construtores naquele ano, perdendo o título para a Ferrari; Reutemann foi terceiro entre os pilotos do campeonato, com Pace em sexto.
Os pódios não se repetiram em 1976, mas a temporada 1977 começou com o segundo lugar no GP da Argentina. No GP do Brasil, largou em quinto e chegou a liderar, mas abandonou. No GP da África do Sul, marcado pelo acidente fatal de Tom Pryce (Shadow), terminou na 13ª colocação. Tudo parecia promissor, até que veio o desfecho trágico.
Em 18 de março de 1977, menos de duas semanas após a prova em Kyalami, José Carlos Pace morreu aos 32 anos na queda de um avião particular na cidade de Mairiporã, na Grande São Paulo. Em homenagem ao piloto, a Prefeitura de São Paulo mudou em 1985 o nome do Autódromo de Interlagos, que passou a se chamar Autódromo José Carlos Pace.
Assim, mesmo sem ter sido campeão, Pace - que é lembrado com um busto na entrada de Interlagos - se tornou um nome fundamental para o automobilismo brasileiro. “Acho que a importância (de Pace) é muito grande", afirma Max Wilson, comentarista do Grupo Bandeirantes de Comunicação. "Foi um dos primeiros pilotos brasileiros que chegaram à F1. Todos esses pilotos que abriram as portas para as gerações seguintes têm uma importância muito grande”, acrescenta.
A opinião é semelhante à de Sergio Mauricio. “É uma pena que não conseguiu conquistar tantas vitorias. Ele tem uma pole e uma vitória no mesmo ano, em 1975", lembra o locutor - Pace foi pole no GP da África do Sul daquele ano. “Foi um piloto que podia dar muito mais do que deu, infelizmente faleceu em 1977.”