Em 1993, Ayrton Senna venceu GP do Brasil e comemorou com multidão na pista

Foi a última vitória do tricampeão em Interlagos, em prova marcada pela chuva; relembre

Por Emanuel Colombari

Em 1993, Ayrton Senna venceu GP do Brasil e comemorou com multidão na pista
Foi a última vitória do tricampeão em Interlagos, em prova marcada pela chuva
@f1/Twitter

Entre as várias lembranças históricas que o público construiu da Fórmula 1 no Autódromo de Interlagos, poucas se comparam ao dia 28 de março de 1993.

Naquele domingo, Ayrton Senna venceu pela segunda vez o GP do Brasil, a exemplo do que fez em 1991. E mais do que isso, protagonizou uma comemoração inesquecível, descendo da McLaren e celebrando com uma multidão ainda na pista.

“Eu lembro da catarse coletiva que aconteceu depois da bandeirada”, descreve Sergio Mauricio, narrador do Grupo Bandeirantes de Comunicação.

“A arquibancada tremeu, literalmente balançou. Deu até um pouco de medo, mas foi um momento muito especial”, reforça o comentarista Max Wilson, um dos torcedores presentes em Interlagos naquele dia.

Siga o canal do F1 na Band no Whatsapp: clique aqui

A corrida terminou com vitória de Senna, à frente de Damon Hill (Williams) e Michael Schumacher (Benetton). O francês Alain Prost (Williams), antagonista do piloto brasileiro, abandonou após largar na pole. Relembre:

Largada tem ultrapassagem de Senna e acidente de Andretti

Logo na largada, Ayrton Senna atacou Damon Hill e assumiu a segunda posição, atrás apenas do pole Alain Prost. No S do Senna, Michael Andretti (McLaren) e Gerhard Berger (Ferrari) se enroscaram, em um acidente que tirou ambos da prova. Martin Brundle (Ligier) também bateu forte na primeira volta e abandonou.

Apesar do bom início, Senna não conseguiu se distanciar de Hill, que recuperou a segunda posição na volta 11. O brasileiro ainda viu Michael Schumacher colar com a Benetton. Rubens Barrichello, na volta 13, parou com problemas de câmbio na Jordan.

A Williams dominava a corrida até aí, com Prost fazendo uma sequência de voltas mais rápidas. Mas eis que um ingrediente começou a aparecer para mudar o cenário: as nuvens de chuva.

Chuva tira Prost da corrida

Quando começou a chover, Senna foi o primeiro a entrar nos boxes para trocar os pneus. Na Williams, Damon Hill também parou, mas Alain Prost seguiu na pista.

O asfalto molhado começou a cobrar o preço. Aguri Suzuki (Footwork) e Ukyo Katayama (Tyrrell) bateram na volta 27, provocando a entrada do safety car. Pouco depois, Christian Fittipaldi (Minardi) rodou, Alain Prost vinha atrás e também rodou. Os dois se chocaram e o carro do francês parou na brita. Fim de prova para ambos.

A situação era difícil, e até Senna tinha dificuldades para conseguir se manter na pista. Sob o carro madrinha, o brasileiro da McLaren era o segundo, atrás de Hill. Quando a disputa foi reiniciada, já com o asfalto em melhores condições, o brasileiro seguiu à caça do britânico – ambos colocaram pneus de pista, ainda com vantagem da Williams.

Mas por pouco tempo: o tricampeão deu o bote e assumiu a liderança na volta 41.

Festa na pista

Os papéis se inverteram a partir daí, com Ayrton Senna se protegendo dos ataques de Damon Hill – e, não raro, aproveitando os retardatários para bloquear o rival. Nas voltas finais, a situação era melhor a favor do tricampeão, que ampliou a vantagem na ponta.

Na última volta, Senna foi recebido pelo público que festeja de pé nas arquibancadas. Venceu e, antes mesmo do S do Senna, recebeu uma primeira bandeira em verde e amarelo para comemorar. Pouco depois, recebeu outra bandeira, agora a do Brasil.

O público, a essa altura, invadia a pista para celebrar – mesmo em meio aos carros que ainda passavam. Na reta oposta, a multidão era maior e venceu: os fãs cercaram o carro parado, e Senna precisou descer da McLaren para comemorar ainda de capacete. Depois de celebrar, Senna largou a McLaren e voltou pendurado no safety car, pendurado na porta para acenar para as arquibancadas.

“Eu estava lá, estava na arquibancada. Quando ele parou o carro, ele parou bem na frente da arquibancada em que eu estava. É uma lembrança espetacular”, descreve Max Wilson. “Eu corria de kart nessa época ainda, fiquei na arquibancada G, que era no final da reta oposta, era a mais barata – a única que eu tinha condições de comprar. Excelentes lembranças deste dia”, completou.

E para quem não estava lá na época ou não viu, dá para comparar com o que Interlagos viveu recentemente. “Acho que aquela corrida foi uma corrida emblemática, e que a gente reviveu em 2021, quando o (Lewis) Hamilton venceu e pegou a bandeira brasileira. Aquilo ali é para a gente guardar na mente. Em termo de corridas, está no meu top 5 de corridas”, completou.

Notícias

Carregar mais