Não é por acaso que a previsão do tempo é um tema frequente (e até clichê) a cada GP de São Paulo de Fórmula 1, e a etapa do ano passado mostrou que Interlagos realmente tem uma condição climática peculiar. Em 2023, a classificação para a corrida em SP foi interrompida por uma tempestade devastadora, que deixou os pilotos em choque e instaurou uma crise entre a prefeitura e a Enel, empresa responsável por boa parte da distribuição de energia elétrica em território paulista.
De forma repentina, o clima virou e fez 'o dia virar noite' em Interlagos nas atividades de pista da sexta-feira (confira em imagem a seguir). Àquela altura, acontecia o treino classificatório, que precisou ser encerrado a 4:19 do fim do Q3 por causa da ventania e da chuva forte. Atual tricampeão da F1 e pole no ano passado, Max Verstappen disse que o episódio climático era ‘insano’.
“A gente não sabia o que aconteceria na classificação, aqui o clima é realmente muito insano, o vento mudou muito, começou a soprar muito forte. Nós perdemos muito tempo de volta em função do vento, foi muito confuso”, disse o holandês no ano passado.
Charles Leclerc, que fechou a primeira fila da corrida, afirmou que aquela situação era inédita. "Eu nunca experimentei isso na minha carreira, sendo bem sincero. Na curva 4, não tinha nenhuma chuva, mas estava muito difícil para pilotar. Foi realmente muito esquisito, mas foi bom”, disse o piloto da Ferrari no GP de São Paulo do ano passado.
O temporal ‘insano’ de 2023, aliás, foi tema no evento de lançamento do GP de São Paulo 2024. O CEO Alan Adler e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, falaram sobre o tema, e a organização do evento diz ter reforçado os protocolos para a etapa deste ano.
“Por acaso, nesta sexta passada [11 de outubro de 2024], a tempestade que entrou em São Paulo, entrou em Interlagos mais forte do que os ventos que atingiu o circuito no ano passado. Chegou a 107 km/h, contra 104 km/h do ano passado. E a estrutura que a gente teve problema no ano passado já estava pronta, definitiva, então foi um bom teste. No ano passado, fomos pegos de surpresa, foi uma coisa muito violenta, inesperada… enfim, acontece. Está acontecendo muito no mundo, mas a gente tomou todas as medidas que a gente achava que podia tomar para trazer mais segurança”, disse Adler.
Crise entre prefeitura e Enel
A tempestade em novembro de 2023, que influenciou na Fórmula 1, atingiu boa parte da Grande São Paulo e gerou uma crise entre a prefeitura e a Enel, empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica.
Depois da ventania e do temporal que ‘acabou’ com a classificação da F1, São Paulo viveu um apagão entre os dias 3 e 9 de novembro do ano passado. Ou seja, o problema de distribuição de energia foi totalmente resolvido somente seis dias após as chuvas.
Recentemente, a cidade de SP viveu situação parecida. Depois de uma chuva rápida com ventos de mais de 100 km/h em 11 de outubro, milhões de pessoas ficaram sem luz. A Enel novamente sofreu para restabelecer a energia: foram seis dias até a empresa comunicar que a operação tinha voltado à ‘normalidade’.
Na ocasião, 36 mil pessoas ainda se queixavam da falta de energia depois da tempestade de 11 de outubro. A empresa justificou que o número estava próximo 'da normalidade' de operação. No total, a empresa tem 8,2 milhões de clientes no estado de São Paulo.
GP de 2022 foi o mais buscado nos últimos anos
Dados do Google Trends mostram que o GP de São Paulo de 2022 foi o que mais repercutiu entre os brasileiros nos últimos cinco anos (confira abaixo no gráfico da Sala Digital, parceria da Band com o Google).
Em comparação com as edições de 2021 e 2023 do GP - em 2020, por causa da pandemia, não houve corrida em Interlagos -, o fim de semana de disputas em 2022 teve maior interesse no Brasil. E alguns pontos e contexto da época podem explicar:
- Lewis Hamilton venceu o GP de São Paulo em 2021 e percorreu o traçado de Interlagos com a bandeira do Brasil, inspirado em um gesto marcante de Ayrton Senna. Isso pode ter impulsionado o interesse dos fãs para o ano seguinte;
- Dobradinha da Mercedes. “Queridinho” do Brasil, Hamilton foi segundo colocado no GP de 2022, com Russell, também da Mercedes, vencendo a corrida;
- Hamilton estreitou ainda mais a relação com os brasileiros. Após o GP de 2022, inclusive, ele recebeu o título de cidadão honorário do Brasil;
- Briga entre pilotos da Red Bull. Nos minutos finais da corrida de 2022, Sergio Pérez pediu pelo rádio para que Max Verstappen, então bicampeão da F1, o deixasse passar – o mexicano brigava pelo vice-campeonato e foi ignorado.