A Mercedes tem dominado a era híbrida da Fórmula 1, mas a temporada de 2021 marca uma ameaça inédita à equipe neste período: a Red Bull chegou, incomoda e é candidatíssima à vitória no Grande Prêmio de São Paulo deste domingo (14).

Nos últimos anos, a equipe alemã conquistou dobradinhas em Interlagos em 2015 e 2016, mas a Red Bull começou a reagir a partir da chegada de Max Verstappen em 2016. O holandês foi terceiro em Interlagos já naquele ano, quinto em 2017, segundo em 2018 e primeiro em 2019. A prova não ocorreu em 2020.

Com o excelente modelo RB16B da Red Bull e o desempenho de Max Verstappen nos últimos anos, as dobradinhas da Mercedes já não ocorrem como antes – curiosamente, o único 1-2 de 2021 foi da McLaren, na Itália. E as características de Interlagos podem pesar mais a favor do holandês do que Lewis Hamilton neste ano.

“A gente sabe que a Red Bull vai muito bem aqui. Tem problema de altitude, como tem no México. Fora isso, a configuração da pista favorece bem a Red Bull. O Max sempre andou muito bem aqui. Ele já venceu, e só não teve mais uma vitória por culpa dele na ultrapassagem de um retardatário, o Esteban Ocon - foi culpa dele, ele acabou até admitindo isso. Leva sim, vantagem”, analisou Reginaldo Leme, comentarista do Grupo Bandeirantes de Comunicação, lembrando o enrosco entre o holandês e o então piloto da Force India no GP do Brasil de 2018. Na ocasião, Verstappen foi o segundo colocado.

Mas o favoritismo de Verstappen tem um grande obstáculo pela frente: Lewis Hamilton. “O Hamilton é um cara que em Interlagos, ele... Eu ia falar que ele faz milagre, mas ele faz milagre em qualquer lugar (risos). Ele gosta muito de Interlagos. Vai depender muito da situação de como a Mercedes está. Em alguma corrida a Mercedes vai ter que trocar o motor dele”, afirmou Reginaldo.

Embora o motor Honda da Red Bull tenha melhor desempenho em corridas menos próximas do nível do mar, como México (2.240 m) e São Paulo (760 m), a corrida pode contar com um fator que nunca pode ser descartado: o elemento-surpresa. 

“Acho que Interlagos, assim como o Grande Prêmio do México, favorece mais o carro da Red Bull. Só que a gente já viu, ao longo deste ano, pistas que favoreciam no passado a Red Bull, e a Mercedes foi lá e ganhou. Aconteceu o contrário no Texas, por exemplo: é uma pista que a Mercedes dominou durante muitos anos, a Red Bull foi lá e conquistou uma vitória. Mas todas as vitórias deste ano, ou a grande maioria delas pelo menos, foram muito apertadas. A do Texas, o Verstappen ganhou, mas o Hamilton chegou colado (1s333 atrás) nele”, avaliou Max Wilson, comentarista do Grupo Bandeirantes de Comunicação.

“Isso é a melhor parte da temporada 2021: está totalmente imprevisível. Realmente, é muito difícil apontar um favorito. A gente tem obviamente um histórico da Red Bull em alguns circuitos, como Interlagos, que é um histórico muito bom. Mas a expectativa é que a corrida seja muito apertada mais uma vez”, completou o piloto.

Vale destacar: a temporada 2021 tem sido próspera nas equipes que subiram ao pódio. Além de Mercedes e Red Bull, pilotos de McLaren, Ferrari, Alpine, AlphaTauri, Aston Martin e até Williams já conseguiram um lugar entre os três primeiros ao fim das corridas.

Em Interlagos, a possibilidade também existe. Para Reginaldo Leme, vale a pena ficar de olho em Charles Leclerc e Carlos Sainz, da Ferrari.

“Não vou dizer ‘surpreender’ por vencer a corrida. Bom, é claro que pode vencer, pode se enroscar os dois lá da frente, pode se enroscar um ou outro (risos). A Ferrari, para lutar contra um Pérez, lutaria na boa. Contra um Bottas, já não. O Bottas já tem mais tempo de Mercedes. É um cara que, se por acaso houver um enrosco entre Hamilton e Verstappen, o Bottas é o favorito à vitória. Mas a Ferrari pode, sim, surpreender”, acredita Reginaldo Leme.

“E tem aquela torcida - minha, do povo brasileiro todo – pela McLaren. Mas tenho visto a McLaren decaindo um pouquinho nas últimas equipes, não entendo bem o porquê.”

Relembre as disputas entre Mercedes e Red Bull no Brasil de 2015 a 2019:

2015: Mercedes 43 x 8 Red Bull Racing

• 1. Nico Rosberg (ALE/Mercedes)
• 2. Lewis Hamilton (GBR/Mercedes)
• 7. Daniil Kvyat (RUS/Red Bull Renault)
• 11. Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull Renault)

2016: Mercedes 43 x 19 Red Bull

• 1. Lewis Hamilton (GBR/Mercedes)
• 2. Nico Rosberg (ALE/Mercedes)
• 3. Max Verstappen (HOL/Red Bull TAG Heuer)
• 8. Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull TAG Heuer)

2017: Mercedes 30 x 18 Red Bull

• 2. Valtteri Bottas (FIN/Mercedes)
• 4. Lewis Hamilton (GBR/Mercedes)
• 5. Max Verstappen (HOL/Red Bull TAG Heuer)
• 6. Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull TAG Heuer)

2018: Mercedes 35 x 30 Red Bull

• 1. Lewis Hamilton (GBR/Mercedes)
• 2. Max Verstappen (HOL/Red Bull TAG Heuer)
• 4. Daniel Ricciardo (AUS/Red Bull TAG Heuer)
• 5. Valtteri Bottas (FIN/Mercedes)

2019: Red Bull 25 x 6 Mercedes

• 1. Max Verstappen (HOL/Red Bull Honda)
• 7. Lewis Hamilton (GBR/Mercedes)
• 14. Alexander Albon (TAI/Red Bull Honda)
• DNF. Valtteri Bottas (FIN/Mercedes)

Expectativa: festa para (e da) torcida 

O Grande Prêmio de São Paulo deve receber 120 mil torcedores em Interlagos. E depois de um ano com o Brasil fora do calendário, a possibilidade de volta com casa cheia é motivo de comemoração.

“É muito bom a gente ter de volta o GP de São Paulo, e principalmente com a casa cheia, com a torcida, com o autódromo lotado. Isso é o que mais traz alegria para todos nós. Agora, obviamente, quando a gente tem além disso uma disputa pelo título mundial, uma coisa que não acontecia desde 2014, de chegar nessa fase do campeonato com dois pilotos disputando ponto a ponto a liderança do campeonato... Essa corrida de São Paulo vai ser muito importante, a gente espera que eles proporcionem um belo espetáculo, e eu tenho certeza de que vai ser assim”, comemorou Max Wilson.

Em 2014, o Brasil era a penúltima etapa da temporada. Nico Rosberg venceu e foi a 317 pontos, mas Lewis Hamilton foi o segundo e deixou a etapa na liderança com 334 pontos. Na etapa final, em Abu Dhabi, a vitória deu 50 pontos a Hamilton, que faturou o título.

Para Reginaldo Leme, Interlagos terá “uma disputa apertada” não apenas entre Hamilton e Verstappen na pista, mas também entre os torcedores dos dois. “Em função dessa campanha muito legal que tem acontecido neste ano, essa rivalidade, o brasileiro também se dividiu: torcedor do Verstappen e torcedor do Hamilton”, afirma.

Grande Prêmio de São Paulo (horários de Brasília)

Sexta-feira (12)
12h20 - Treino livre 1 - ao vivo no Bandsports
15h30 - Treino classificatório - ao vivo na Band, Bandsports, Bandplay e site da Band

Sábado (13)
11h50 - Treino livre 2 - ao vivo no Bandsports 
16h - Corrida sprint - ao vivo na Band, Bandsports, Bandplay e site da Band

Domingo (14)
13h30 - Corrida - ao vivo na Band, Bandplay, BandNews FM e site da Band
19h - VT da corrida - Bandsports

Onde assistir?

Ao vivo na tela da Band e online no Bandplay e no band.com.br, com a narração de Sérgio Maurício, comentários de Reginaldo Leme, Felipe Giaffone, Max Wilson e Rubens Barrichello e reportagem de Mariana Becker.

Grid:

Valtteri Bottas e Lewis Hamilton (Mercedes), Charles Leclerc e Carlos Sainz (Ferrari), Max Verstappen e Sergio Pérez (Red Bull), Lando Norris e Daniel Ricciardo (McLaren), Lance Stroll e Sebastian Vettel (Aston Martin), Fernando Alonso e Esteban Ocon (Alpine), Pierre Gasly e Yuki Tsunoda (AlphaTauri), Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo), Mick Schumacher e Nikita Mazepin (Haas), George Russell e Nicholas Latifi (Williams).