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Alexander Albon pilota Williams durante exibição em São Paulo 1/6
Um Alexander Albon tímido correu em direção ao palco montado no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, neste domingo (29). Antes de conversar com jornalistas e fãs, pediu desculpas pelo pequeno atraso – em tom de brincadeira, falou que calculou errado o tempo antes de ir ao banheiro.
A declaração arrancou risos e deu início a uma breve entrevista do tailandês da Williams, que viajou ao Brasil para cumprir uma agenda promocional de um patrocinador. Antes de pilotar uma versão especial da Williams FW45, falou de tudo: do início do automobilismo, das visitas ao Brasil e da história na Fórmula 1 – do passado ao futuro na categoria.
Em vários momentos, destacou o principal ídolo no automobilismo: o pai, Nigel Albon, que disputou diversas categorias de carros de turismo e de endurance desde a década de 1990, com destaque para a participação na temporada 1994 do antigo BTCC (Campeonato Britânico de Carros de Turismo). Mais do que isso, Nigel foi o principal incentivador no início da carreira de Alexander.
“Meu pai me levou para correr com 7 anos com meu primeiro kart. Ele foi um bom piloto, mas definitivamente era uma coisa mais de paixão para ele, poupando dinheiro para correr. Ele quis dividir a paixão comigo, foi meu engenheiro, meu treinador”, contou Albon.
Por isso, ao ser perguntado quem seria o companheiro de equipe dos sonhos, não titubeou. “Eu escolheria meu pai. Acho que seria divertido”, disse Albon.
Brincando, Albon afirmou que não escolheria nenhum nome histórico do automobilismo para poder ter uma dupla equilibrada. Ainda assim, disse ter dois grandes ídolos no esporte: Michael Schumacher e Valentino Rossi.
“Eu amo duas rodas, quatro rodas, tudo que tem um motor”, justificou.
Gatos na sala
Alexander Albon é filho de pai britânico e mãe tailandesa. O lado materno da família, diz, sempre foi muito supersticioso. E este era um traço que ele levava para as pistas no começo da carreira.
“Minha mãe é muito supersticiosa, coisa de outro nível. Minha família tem muitos gatos, e alguns gatos não podem estar na sala durante uma corrida para não dá má sorte”, contou, sorridente.
“Quando eu comecei, eu tinha isso comigo. ‘Tenho que entrar no carro pelo tal lado’, ‘colocar tal luva primeiro’, ‘usar a cueca da sorte’”, acrescentou o tailandês, que acabou abandonando as superstições ao longo da carreira.
“Um dia eu pensei: ‘Vou fazer tudo ao contrário e ver se será um fim de semana ruim’. E foi um fim de semana comum”, completou.
Pressão
Terceiro colocado na Fórmula 2 em 2018, Alexander Albon estreou na Fórmula 1 em 2019 pela Toro Rosso. À época com 22 anos, demorou a aprender a lidar com a pressão – principalmente à que ele mesmo se impunha. Com o passar do tempo, amadureceu e contou com o apoio de profissionais para manter o foco.
“No começo, eu ficava muito nervoso”, afirmou. “Agora, é mais o ritmo. Eu tenho uma equipe ao meu redor. Manager, nutricionista... Quando você está começando, não tem um time desses e tem que descobrir por si. Hoje, tenho um time dentro do time.”
Albon não escondeu que teve que desenvolver uma mentalidade mais sólida com o passar dos anos para enfrentar a pressão. Algo que, segundo ele, é algo que começa a ser construído ainda no kart, na infância.
“A pressão está em mim. Acho que todo mundo é perfeccionista, especialmente neste esporte”, diz o piloto. “Se você conseguir não se importar com o resto e pensar só no seu esporte, a pressão é bem normal. Crescemos desde 7, 8 anos, com pressão desde que somos crianças”, acrescentou.
Anos difíceis
Alexander Albon estrou na Fórmula 1 em 2019 pela Toro Rosso, mas foi promovido à Red Bull no decorrer do campeonato, substituindo Pierre Gasly na equipe depois de 12 corridas.
Hoje, já distante dos anos na equipe austríaca, reconhece que a mudança talvez não tenha vindo na hora certa.
“Eu estive na Toro Rosso por seis meses, não sei como eles chamam agora”, brincou – a equipe virou AlphaTauri em 2020 e Racing Bulls em 2024.
“Depois fui para a Red Bull e percebi que era cedo demais. Talvez não fosse experiente o suficiente, maduro o suficiente”, completou.
Mesmo sendo promovido a uma equipe mais competitiva, Alexander Albon refletiu negativamente a mudança. Cinco anos depois, diz que se sentia mais à vontade pilotando pela Toro Rosso em 2019 do que pela Red Bull em 2020.
“Era (um carro) muito difícil de pilotar. Em 2020, tínhamos problemas com a traseira e não conseguíamos consertar. Meu primeiro ano com a Toro rosso era muito legal de pilotar”, afirmou.
Futuro
Depois de minutos respondendo a perguntas, Alexander Albon posou sorridente para fotos ao lado de jornalistas e fãs. Em seguida, foi para a pista, onde fez sua breve exibição mais tarde.
Antes de se despedir, falou sobre o futuro na Fórmula 1. A começar, pela evolução do carro da Williams em 2024 – segundo ele, o FW46 era um projeto com desempenho teoricamente bom, mas que começou o ano muito pesado.
“Com o passar do tempo, conseguimos brigar mais e mais por pontos”, disse o tailandês, atualmente o 13º colocado do Mundial de pilotos com 12 pontos, todos somados a partir do GP de Mônaco.
Falou também da temporada de 2026, quando a F1 adotará um novo regulamento técnico. “Os motores vão ficar mais complexos, mas acho que tudo em volta vai se ajustar aos motores”, disse. “Será interessante.”
De quebra, falou também sobre a possibilidade de um pódio com a Williams, com a qual o melhor resultado até hoje foi um sétimo lugar. “Seria muito especial. Vamos começar com este objetivo e veremos o futuro.”