Boa parte das atenções da Fórmula 1 durante o fim de semana do Grande Prêmio da Áustria se voltaram para o circuito de Spa-Francorchamps. No sábado (1º), o piloto holandês Dilano Van’t Hoff morreu em decorrência de um acidente sofrido na segunda corrida etapa da Bélgica da Fórmula Regional Europeia.
A morte do piloto de 18 anos da equipe MP Motorsport gerou novos debates a respeito da segurança no automobilismo. E o assunto foi encarado com preocupação na F1.
Ainda no sábado, Lance Stroll pediu mudanças no ponto onde ocorreu o acidente – no caso, a Raidillon, curva entre a saída da Eau Rouge e a entrada da reta Kemmel.
“Não é justo o que aconteceu, e essa curva precisa ser olhada e mudada, porque perdemos dois jovens talentos em cinco anos, ela precisa ser mudada”, afirmou o canadense da Aston Martin, lembrando também a morte de Anthoine Hubert em etapa da Fórmula 2 na Bélgica em 2019. “Precisamos pensar no que fazer com aquela curva, pois nunca é divertido passar por lá. Toda vez que passamos por lá colocamos nossas vidas em risco”, acrescentou.
Já no domingo (2), os primeiros colocados do GP da Áustria demonstraram semelhante preocupação. Max Verstappen, da Red Bull, alertou não apenas para os riscos de Spa-Francorchamps, como também para outras pistas.
“É, com certeza, uma curva bastante perigosa, mas também vamos para Jedá no setor 1 e isso, para mim, é provavelmente mais perigoso até”, disse o holandês, que acredita que o começo da volta no GP da Arábia Saudita “é tudo cego” e sujeita os pilotos a grandes acidentes.
“Acho que a única coisa que talvez possa ser melhorada (em Spa-Francorchamps) é criar mais áreas de escape em termos de tentar mover mais as barreiras para fora, porque no momento, parece que assim que você bate, você bate na barreira e volta para a pista com bastante facilidade”, acrescentou.
Falta de condições na chuva
Para o bicampeão, no entanto, “é um pouco injusto” culpar apenas a pista pelos acidentes graves. Segundo ele, é preciso avaliar também quem permitiu a largada da prova do fim de semana na Bélgica.
“Em primeiro lugar, você deve investigar por que eles reiniciaram. É um grande campeonato, muitos carros. Eles são talentos em ascensão, provavelmente arriscam um pouco mais, porque querem mostrar a cada corrida que são os melhores pilotos. E com aquela visibilidade, era simplesmente impossível ver qualquer coisa – e eu sei, é claro, que quando você está indo para lá, você não vê nada”, completou.
A cobrança foi semelhante à de Charles Leclerc, segundo colocado no Red Bull Ring. O monegasco da Ferrari cobrou melhores condições para corridas – a prova do acidente de Van’t Hoff começou sob impacto de uma forte chuva.
“Acho que a primeira coisa a observar é quando começar uma corrida e em que condições estamos felizes em correr e é seguro correr. Em segundo lugar, está a visibilidade. Acho que (...) há 30 anos, a quantidade de spray que havia certamente era menor, porque o downforce agora é cada vez maior, e o spray sobe muito mais alto”, afirmou Leclerc.
“Você não vê. Você só está torcendo para que o cara na frente esteja de pé embaixo e que não haja carros no meio da pista, mas isso não é suficiente”, acrescentou, reforçando o pedido por maiores áreas de escape.
“Por fim, eu diria que talvez considerasse nessas pistas com velocidades muito, muito altas, ter as barreiras mais afastadas da pista, para que, quando se perde o controle do carro, os pilotos não batam na parede e voltem na pista. E pelo menos eles provavelmente param mais à esquerda ou mais à direita, mas pelo menos não voltam para a pista, o que é outro problema.”
A exemplo dos dois, Sergio Pérez cobrou mais segurança. O mexicano da Red Bull reforçou os três pontos defendidos: mudanças no desenho do trecho, mais áreas de escape e garantias de segurança nas condições.
“Ainda há espaço para melhorar a saída de Eau Rouge e esperamos ser capazes de mover a barreira para trás para garantir que não haja nenhum carro voltando para a pista. Mas para mim, o mais importante é definitivamente as condições da pista, porque acho que às vezes os diretores de corrida são pressionados – provavelmente fãs e mídias sociais, pessoas sentadas em casa pensando que o circuito parece bom para correr, mas a visibilidade é apenas o mais importante”, disse Checo.
“E não se trata do líder ou do segundo colocado; é por volta do 10º, do 15º, do 20º colocado. Basicamente, eles precisam ser capazes de ver. Então, acho que é algo que realmente precisamos forçar outras categorias e também na Fórmula 1, para garantir que possamos correr sempre que for seguro para todos verem, pelo menos. Acidentes podem acontecer, mas você não pode ter situações em que os pilotos estão basicamente cegos e vão direto, porque é quando esses grandes acidentes podem acontecer em qualquer série. Então, se isso significa atrasar a largada e significa que não teremos largada quando a pista estiver muito molhada, tudo bem. Temos que fazer o que é seguro para todos os pilotos”, completou.
Condolências
Nas redes sociais, Adam Fitzgerald publicou uma mensagem dedicada à família de Dilano Van’t Hoff. O piloto irlandês da equipe RPM se envolveu diretamente no acidente da Freca, atingindo o carro da Van’t Hoff.
“Não tenho palavras para a família de Dilano, a não ser que estou verdadeiramente de coração partido por eles. Eles e Dilano estão constantemente em meus pensamentos. Não sei o que dizer, a não ser que meu coração está em pedaços por eles. Descanse em paz, Dilano”, publicou Fitzgerald.
A família ainda recebeu condolências de Otmar Szafnauer, chefe de equipe da Alpine. A marca francesa é responsável pela organização da categoria desde 2020, quando a Eurocopa de Fórmula Renault se fundiu com a Fórmula Regional Europeia, dando origem à atual Fórmula Regional Europeia by Alpine.
“Este fim de semana foi tristemente marcado pela trágica morte de Dilano van 't Hoff no Fórmula Regional Europeia by Alpine em Spa-Francorchamps. Dilano estará sempre em nossos pensamentos e serve como um lembrete dos perigos que enfrentamos no esporte que amamos. Há muitas discussões a serem feitas em nosso objetivo coletivo de aumentar ainda mais a segurança nas corridas. No momento, porém, nossos pensamentos estão firmemente com a família e amigos de Dilano, bem como com a equipe MP Motorsport.”