Ex-presidente da Sauber: demissão foi motivada por rompimento com gestão da Alfa

Empresário italiano revelou desavenças com o chefe da escuderia de Hinwil, Frédéric Vasseur, e explicou por que o processo de venda da Sauber para Mario Andretti fracassou

Da Redação

Alfa Romeo em foto 2018: Picci (à esq.), Leclerc (hoje na Ferrari), Peter Sauber e Vasseur
Alfa Romeo

A estrutura da Fórmula 1 sofreu um abalo neste mês com o pedido de demissão de Pascal Picci da presidência-executiva da Sauber, empresa de engenharia automobilística que administra a equipe da Alfa Romeo. Em entrevista à edição italiana do Motorsport.com, Picci revelou o motivo da sua saída.

“Não quero ser associado à gestão de Fred Vasseur no futuro”, afirmou o empresário italiano. Vasseur é o chefe da Alfa Romeo e principal responsável pelas decisões relacionadas aos carros e aos pilotos.

A escolha do grid do time de Hinwil foi um dos pontos centrais das discordâncias. A Alfa Romeo confirmou as contratações do finlandês Valtteri Bottas, atualmente na Mercedes, e de Guanyu Zhou, que compete a Fórmula 2, para a temporada de 2022. A escolha pelo chinês, aliás, foi motivada por conta de um aporte financeiro de cerca de 25 milhões de dólares (pouco mais de R$ 136 milhões).

Apesar de afirmar não ter nada contra Zhou, Picci não era a favor da contratação, já que isso estremeceu o laço da Alfa Romeo com a Ferrari – que desejava a manutenção do italiano Antonio Giovinazzi. A equipe de Maranello fornece os motores que são utilizados nos carros da escuderia sediada na Suíça.

“O modo como os pilotos foram escolhidos é um dos pontos que levaram ao fim do relacionamento entre mim e a gerência atual. Fico triste ao ver que Antonio não estará mais aqui e estou feliz com a chegada de Zhou. Conheço ele e sua família desde quando queríamos assinar com ele para a Academia da Sauber, além de avaliar as oportunidades comerciais que ele pode abrir”, declarou Picci.

Por que Pascal Picci era importante para a Sauber?

Picci foi o grande responsável pela sobrevivência da Sauber. Em 2016, ele participou ativamente da venda da equipe para os investidores da Longbow Finance, proporcionando um primeiro incentivo financeiro aos carros automobilísticos da Sauber.

Em 2018, a Longbow transferiu a sua participação na Sauber para a Islero Investments, criada pela própria Longbow, e que é liderada por um consórcio de empresários. O principal nome deste consórcio é Finn Rausing, um bilionário sueco que também é coproprietário da empresa multinacional de embalagens Tetra Pak.

Com a saída de Picci da Sauber, e consequentemente da Alfa Romeo, o futuro do time de Hilwil se tornou incerto, já que não há mais a figura conciliadora e de grande influência do empresário italiano.

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Porém, para Pascal, não há com o que se preocupar. “Estou tranquilo sobre o futuro da equipe porque os donos são entusiastas e muito apaixonados, tendo como prioridade número um a proteção dos funcionários. Portanto, minha demissão não deve causar nenhum tipo de preocupação para a Sauber. Disso tenho certeza”, disse.

A venda para Mario Andretti

Recentemente, a Sauber ficou a poucas horas de ser adquirida por Mario Andretti. Porém, Finn Rausing, responsável pela Islero Investments, não concordou em entregar o controle completo da empresa automobilística ao ex-piloto americano.

“Ele é livre para fazer essas escolhas, ele representa os investidores e é uma pessoa confiável, que coloca toda sua paixão e energia nisso. Fui colocado no lado da minoria e tirei minhas conclusões. Finn segue sendo tão confiável quanto outras pessoas que representam a marca. Sem hesitar, desejo o melhor para toda a equipe”, contou Picci.

Pascal revelou que a venda da Sauber foi motivada pelo controverso Grande Prêmio de Bélgica, agendado para agosto, e que ele chama de “ferida aberta”. Na oportunidade, as condições climáticas desfavoráveis impediram a realização da corrida. Para evitar o cancelamento, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) permitiu que os pilotos dessem três voltas com o Safety Car para que metade dos pontos fossem contabilizados.

“Ter uma não-corrida de três voltas atrás do safety car permitiu que a Williams fizesse pontos que praticamente acabaram com as chances de nós recuperarmos a posição no Mundial de Construtores. Spa foi um divisor de águas para nós: foi uma das principais razões por trás da decisão de desistir da F1 e vender a equipe”, revelou o empresário.

Os pontos citados por Picci foram de George Russel, que com o encerramento precoce de corrida conseguiu o segundo lugar (a posição conquistada na sessão de qualificação) e nove pontos – garantindo o oitavo lugar da Williams no mundial de construtores. Atualmente, a Alfa Romeo tem 11 pontos no mundial contra 23 da escuderia inglesa.

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