F1 no Brasil: 49 anos de uma das provas mais importantes do calendário; relembre momentos marcantes

No calendário da Fórmula 1 desde 1972, GP brasileiro coleciona heróis e histórias marcantes em várias pistas

Da Redação

Torcida invade pista de interlagos para festejar vitória de Senna em 1993
Ormuzd Alves/Folhapress

Uma das provas mais tradicionais dentro do calendário da Fórmula 1, o Grande Prêmio do Brasil, retorna em 2021, após um hiato em 2020, provocado pela pandemia de Covid-19. 

E prestes a completar 50 anos dentro da maior categoria do automobilismo mundial, o país atravessou meio século entre o autódromo de Interlagos, com uma prova fora do calendário em Brasília, e alternando com o já extinto circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, demolido em novembro de 2012. O local hoje dá lugar ao Parque Olímpico utilizado nos Jogos Olímpicos de 2016.

Estreia teve prova em uma quinta, com vitória argentina

O primeiro ano da Fórmula 1 no Brasil, foi uma espécie de “evento-teste” da categoria no país. A prova, ocorrida em março de 1972, foi uma corrida fora do calendário da Fórmula 1, e que aconteceu em uma quinta-feira. Na pista, vitória do argentino Carlos Reutemann pela Brabham, com Wilson Fittipaldi completando o pódio em terceiro.

Brasil emenda três vitórias consecutivas após oficialização

José Carlos Pace, que nomeia Interlagos, celebra vitória em 1975 (Folhapress)

A primeira prova oficial do Brasil na Fórmula 1 aconteceu no ano seguinte. E nada melhor do que uma vitória em casa para abrir com chave de ouro a oficialização da categoria o Brasil. Vitória de Emerson Fittipaldi, que repetiu a dose em 1974. Em 1975, foi a vez de José Carlos Pace subir no alto do pódio naquela foi sua única vitória na carreira. O “Moco”, como Pace era chamado, morreu em 1977 num trágico acidente de helicóptero, no ano em que era considerado como um dos candidatos ao título da temporada. O nome de José Carlos Pace está eternizado no autódromo de Interlagos, que leva o seu nome.

Prova fora do calendário em Brasília teve vitória de Emerson

As provas fora do calendário da Fórmula 1 eram comuns, em especial, nos anos 1970. E o Brasil, ainda na esteira do título mundial de Emerson Fittipaldi, em 1972, trouxe a Fórmula 1 para o país no ano seguinte para uma prova extra no autódromo de Brasília. Intitulado “Grande Prêmio Presidente Emilio Médici”, ocorrida durante o governo da ditadura militar presidida pelo general, a prova aconteceu em fevereiro de 1973, uma semana após a corrida oficial em Interlagos. Na ocasião, a corrida no Distrito Federal teve vitória de Emerson Fittipaldi, que recebeu o troféu das mãos do próprio Médicia. 

Carlos Reutemann é o grande vencedor do GP do Brasil nos anos 70

Depois da sequência de três vitórias brasileiras no GP do Brasil, os anos 70 foram amplamente dominados pelo argentino Carlos Reutemann. Vencedor da primeira prova em 1972, Lole repetiria a dose em 1977 e 1978 com a Ferrari, e venceria pela última vez com a Williams em 1981 - ano em que perdera a disputa do título mundial para Nelson Piquet.

Anos 80 é dominado por pilotos franceses em Jacarepaguá 

A chegada dos anos 1980 na Fórmula 1, o Grande Prêmio no Brasil vivera uma série de impasses entre o autódromo de Interlagos e o autódromo de Jacarepaguá. O circuito carioca, já havia sido a casa da Fórmula 1 em 1978, e retornou para o Rio em 1981. Mas as vitórias dos Jacques Lafitte em 1979 e René Arnoux em 1980, ditaram o amplo domínio de pilotos franceses no Brasil, que foi consolidado com Alain Prost, que se tornou o maior vencedor da história do GP do Brasil, recebendo a bandeira quadriculada em seis oportunidades: em 1982, após desclassificação de Nelson Piquet, repetindo a dose em 1984 e 1985, e vencendo em mais três oportunidades em 1987, 1988 e 1990, no retorno do circuito de Interlagos à categoria. 

Dobradinha brasileira em casa em 1986

A dobradinha entre Nelson Piquet e Ayrton Senna, no GP do Brasil de 1986, é um dos grandes momentos do automobilismo nacional. Então bicampeão do mundo, Piquet, e a estrela em ascensão Senna dominaram todos os treinos do final de semana em Jacarepaguá. Na prova, com um carro superior ao de Senna, Piquet recebeu a bandeira quadriculada quase 35 segundos à frente de Ayrton. Ao final, uma invasão de pista e os dois pilotos levantando juntos a bandeira do Brasil, em meio à festa da torcida.

Acidente grave, “corte” de Mansell e pódio para Maurício Gugelmin marcaram 1989

No último ano de Grande Prêmio do Brasil em Jacarepaguá, o então campeão do mundo Ayrton Senna chegou carregado de expectativas para a primeira vitória em casa. Mas um incidente na primeira curva tirou as possibilidades de Senna na prova. Abandonando a poucas voltas do final, quem salvou a festa brasileira foi Maurício Gugelmin, com a modesta March indo ao pódio na terceira posição. 

O final de semana no Rio acabou sendo caótico por conta de um grave acidente o francês Philippe Streiff sofreu um forte acidente com seu AGS-Ford, que o deixando-o tetraplégico. Para completar outro incidente, este de menor gravidade, foi o corte do dedo de Nigel Mansell, no pódio ao receber o troféu pela vitória. 

Senna espanta o “azar" para vencer corrida memorável em 1991

Para alguns, Ayrton Senna não tinha muita sorte quando o assunto era o Grande Prêmio do Brasil. Após diversas tentativas, entre acidentes e quebras, o ano de 1991 foi o de consagração diante de sua torcida. Correndo em casa, a corrida que parecia ser fácil para o então bicampeão do mundo pela McLaren, ganhou contornos dramáticos nas voltas finais, devido a um problema no câmbio no carro de Senna, que o fez perder metade das suas marchas, completando as últimas voltas da prova com apenas duas deles. Resultado: uma vitória com contornos heroicos, com invasão de pista e um campeão exausto com dificuldades para erguer o troféu no pódio.

1993: chuva na hora certa, “drible da vaca” em Hill, e Senna nos braços do povo

O ano de 1993 era amplamente dominado pelos carros da equipe Williams, que Ayrton Senna dizia ser um carro de “outro planeta”. Sem chances contra os rivais, Senna logo na largada conseguiu se colocar entre os carros da rival, mas não tinha o ritmo necessário para alcançar Alain Prost, que disparava na ponta da corrida. Até que um temporal, pouco antes da metade da prova, mudou o rumo da corrida, e Prost perdeu o controle da Williams após aquaplanar na entrada do ‘S’ do Senna, atingindo a Minardi de Christian Fittipaldi. O francês ficou preso na área de escape e teve de abandonar a prova. 

Sem o maior rival, Senna engoliu Damon Hill em uma ultrapassagem espetacular, ao melhor estilo “drible da vaca” do futebol, Ayrton fez que iria para um lado, e ultrapassou o britânico por fora, em uma manobra espetacular. O brasileiro disparou na ponta da corrida e venceu pela segunda vez, terminando a corrida literalmente nos braços do povo, que invadiu a pista para comemorar mais uma vez.

Pós-Senna, anos 90 tiveram equilíbrio entre Benetton, McLaren e Williams

Após a morte de Senna, o GP do Brasil teve um equilíbrio entre equipes no número de vitórias em Interlagos. Com duas vitórias de Michael Schumacher com a Benetton, em 1994 e 1995, o alemão só voltaria a vencer em São Paulo cinco anos depois, guiando pela Ferrari. Em 1996 e 1997, o domínio foi total da equipe Williams com Damon Hill e depois com Jacques Villeneuve. Fechando a década, a McLaren venceu em 1998 e 1999, com o finlandês Mika Hakkinen.

Schumacher quebra jejum sem vitória da Ferrari em Interlagos

Contratado a peso de ouro pela Ferrari, depois de conquistar dois títulos com a Benetton, Michael Schumacher tinha a responsabilidade de quebrar o jejum de títulos que durava desde 1979. Nisso, outro jejum perdurava para equipe italiana que não vencia no Brasil desde Alain Prost, em 1990, o que foi pulverizado com a vitória do alemão, em uma corrida que marcou uma pane hidráulica no carro de Rubens Barrichello quando liderava a prova.

Colombiano rouba a cena por dois anos seguidos

Um dos grandes pilotos da primeira metade dos anos 2000 foi quem dominou Interlagos por dois anos consecutivos. Em 2004, guiando pela Williams, Juan Pablo Montoya superou o favoritismo que girava em torno de Rubens Barrichello, ainda na Ferrari, e roubou a cena na corrida, após acertar a escolha dos compostos de pneus na largada. O colombiano venceu a prova e Rubens teve de se contentar com o terceiro lugar. No ano seguinte, Montoya repetiu a dose, guiando pela McLaren, na corrida que marcou o primeiro título mundial de Fernando Alonso.

13 anos após Senna, Massa recoloca Brasil no alto do pódio em casa

Massa e o macacão da sorte no GP do Brasil de 2006 (Caio Guatelli/Folhapress)

Em 2006, já guiando pela Ferrari, Felipe Massa quebrou uma “tradição” da Ferrari, ao guiar com um macacão com as cores do Brasil em vez do tradicional vermelho. O pedido acatado pela equipe de Maranello deu sorte e, com uma atuação segura, Massa venceu pela primeira vez em casa para delírio da torcida brasileira, 13 anos após icônica vitória de Senna. Felipe repetiria a dose em 2008, e não venceu em 2007, porque ajudou seu companheiro de equipe Kimi Raikkonen para vencer um título que parecia improvável.

Massa “quase” campeão e início da consagração de Hamilton

Em três oportunidades seguidas, Interlagos definiu a consagração para três pilotos importantes na história da categoria. Em 2007, Kimi Raikkonen, naquele que foi o último título da equipe italiana. Em 2008, a disputa foi até os metros finais entre Lewis Hamilton e Felipe Massa, que venceu a prova, mas viu o título escapar entre os dedos, com uma ultrapassagem de Hamilton sobre Timo Glock, na Junção no fim da última volta. 

No ano seguinte, uma corrida segura de Jenson Button, que precisou de apenas um quinto lugar para confirmar o seu único título correndo pela Brawn GP, a equipe estreante e chefiada por Ross Brawn. 

Última década dominada pelos alemães 

De 2010 até 2019, último ano em que a prova foi disputada em São Paulo, o cenário foi amplamente dominado pelos pilotos alemães, com três vitórias de Sebastian Vettel e duas de Nico Rosberg. O heptacampeão do mundo Lewis Hamilton tem duas vitórias apenas. Atualmente, o piloto que ostenta o posto de atual vencedor é Max Verstappen, que venceu com sobras em 2019.

Quem será o vencedor nesse retorno de Interlagos?  E quais novas histórias nos reserva para esse ano? Façam suas apostas!

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