Cobertores de pneus têm futuro incerto, e Fórmula 1 vive impasse para 2024

Mudança deve ser votada em julho como parte de planos da categoria para se tornar mais sustentável

Da redação

Mudança deve ser votada como parte de planos da categoria para se tornar mais sustentável
Getty Images/Red Bull Content Pool

A Fórmula 1 tenta aposentar os cobertores de aquecimentos de pneus a partir da temporada 2024. No entanto, a medida enfrenta resistência por parte das equipes.

Fornecedora oficial de pneus da categoria, a Pirelli já trabalha na criação de compostos que não precisam ser pré-aquecidos antes de irem para as pistas. A FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e os times do grid devem votar em julho se adotam a novidade no próximo ano.

A tentativa não é nova – segundo o site RaceFans, é a quarta vez em 15 anos que a F1 tenta abandonar o uso dos cobertores de pneus. Desta vez, a mudança é parte dos planos da categoria para reduzir o consumo de energia e a emissão de carbono, diminuindo a quantidade de equipamentos despachados entre etapas.

Os protótipos vêm sendo testados ao longo do primeiro semestre de 2023, mas gerando preocupações nos pilotos. Em especial, a respeito da quantidade de voltas que são necessárias para que a borracha atinja a temperatura considerada ideal – o que garante aderência, e, por consequência, segurança e competitividade.

“Eu diria que uma análise prematura para as atividades sem cobertores não é exatamente um acordo fechado para pensarmos o que será uma coisa boa para o ano que vem”, disse James Allison, diretor técnico da Mercedes. “Se os relatórios técnicos trouxerem evidências convincentes de que essa é uma boa ideia, darei meu apoio. Claramente precisa ser algo bastante convincente, porque as implicações, caso algo dê errado, podem ser dramáticas, e não queremos expor o esporte a este tipo de risco”, defendeu o chefe de equipe da McLaren, Andrea Stella.

Entre os pilotos, a resistência é semelhante. Segundo o site Speed Cafe, Fernando Alonso (Aston Martin) diz não ser “um grande fã” da ideia de abrir mão dos cobertores. Já George Russell (Mercedes) afirma que a novidade pode ser “perigosa”.

Um próximo teste dos novos pneus deve acontecer em 9 de julho, em Silverstone (Inglaterra), contando com pilotos de Red Bull, Haas e Williams – entre eles, o brasileiro Pietro Fittipaldi e o australiano Daniel Ricciardo. Na Red Bull, ao invés de abandonar os cobertores, uma possibilidade seria torna-los melhores.

“Todo mundo tem cobertores de pneu, eles fazem o trabalho. Acho que devemos procurar formas sustentáveis de alimentar essas mantas de pneus, em vez de removê-las”, afirma o chefe de equipe do time austríaco, Christian Horner.

A Pirelli garante que trabalhará para oferecer pneus que sejam seguros. Ao mesmo tempo, promete que os compostos para 2024 serão competitivos e não causarão problemas nas disputas da temporada.

“A prioridade para nós é a segurança em primeiro lugar, e não iremos fornecer nenhum pneu que não seja seguro”, disse Mario Isola, diretor de motorsport da Pirelli, segundo o site Motorsport.com. “Mas o show é importante e precisamos também nesta análise entender qual é o impacto aqui, não apenas no aquecimento, mas em termos de nível de degradação, pico de aderência e esses tipos de elementos.”

A discussão vem ao mesmo tempo em que a fabricante italiana pode deixar a F1. O contrato com a categoria vai até 2024, e a japonesa Bridgestone tem interesse em voltar ao fornecimento a partir de 2025.

“Precisamos simular, junto com a FIA e a F1, algumas corridas e situações de corrida para ver quais são as estratégias e assim por diante”, afirmou Mario Isola. “Temos sempre que considerar o pacote completo, pois não é apenas o pneu em si que funciona em um carro e em um circuito”, completou.

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