Alonso cita inspiração em Schumi e diz torcer por final Brasil x Espanha na Copa

Prestes a se tornar o recordista de GPs disputados na F1, com 350 corridas, espanhol concede entrevista exclusiva para Mariana Becker

Da redação

Prestes a completar 350 GPs na F1 e se tornar o recordista de corridas disputadas, aos 41 anos, Fernando Alonso concedeu entrevista exclusiva para Mariana Becker diretamente do circuito de Marina Bay, em Singapura. 

No bate-papo, o espanhol falou que não tinha ídolos na F1, mas que se inspirava em Schumacher quando chegou no esporte. 

“Michael trazia uma forma diferente de correr, uma preparação física muito mais exaustiva do que os pilotos do passado, era muito profissional, um nome muito disciplinado com a equipe. Então quando se chega muito jovem, quer mirar exatamente a ele, que tem essa disciplina”.

Fernando também elegeu a temporada de 2007 como uma das mais complicadas da carreira pela tensão entre ele e o então companheiro de equipe, o britânico Lewis Hamilton. 

“Tínhamos muita tensão na equipe, um ano muito tenso, com muito estresse. Chegamos ao Brasil e podíamos ganhar, mas também havia Kimi, que também poderia ganhar, estava Lewis, que tinha pontos de vantagem. Essa corrida foi seguramente a mais estressante e também a tenho muito marcada”.

De quebra, o bicampeão ainda deixou claro que torce por uma final entre Brasil e Espanha na Copa do Mundo do Catar. 

 “Ou Brasil, ou Espanha... A final... Essa seria uma bonita final!”

Confira o bate-papo na íntegra:

Mariana Becker: qual o momento que guarda com mais carinho? O primeiro grande prêmio, na Austrália, ou a primeira vitória na Hungria?

Fernando Alonso: a primeira vitória... A primeira vitória... O primeiro grande prêmio tem um pouco de estresse, quer que saia tudo bem, não cometer erros, e vamos lembrar que não fiz nenhum teste de inverno antes do meu primeiro grande prêmio de Fórmula 1, era uma situação diferente, e ganhar a primeira corrida é muito mais especial.

MB: Teria algum piloto no qual se inspirava e dizia "quero trabalhar um pouco como esse?". Ou "quero trabalhar sozinho"?

FA: não tinha nenhum piloto em preferência, mas tinha seguramente Michael um grande dominador, sempre na ponta. Michael trazia uma forma diferente de correr, uma preparação física muito mais exaustiva do que os pilotos do passado, era muito profissional, um nome muito disciplinado com a equipe. Então quando se chega muito jovem, quer mirar exatamente a ele, que tem essa disciplina.

MB: bom, aí o momento mais difícil, 2007, 2010 ou 2012, também por razões distintas... Para você, qual desses três foi mais estressante?

FA: 2007...

MB: por que?

FA: porque tínhamos muita tensão na equipe, um ano muito tenso, com muito estresse. Chegamos ao Brasil e podíamos ganhar, mas também havia Kimi, que também poderia ganhar, estava Lewis, que tinha pontos de vantagem. Essa corrida foi seguramente a mais estressante e também a tenho muito marcada. 2012 foi como um presente porque chegamos à última corrida com condições, estávamos convidados a essa festa, não tínhamos as cartas necessárias para lutar, e era mais um presente poder lutar nesta última corrida, sem tanto estresse, não era como uma festa.

MB: depois, na Ferrari, há muita gente que diz que foram seus anos mais impressionantes. Para você também?

FA: foram desportivamente falando, foram anos muito bons. O ambiente na equipe era espetacular, sou espanhol e eles, italianos, temos uma conexão diferente do que nas equipes inglesas, e foram anos muito divertidos. Esse bom ambiente se traduziu em boas atuações da minha parte, e uma conexão muito boa, e logo pilotar para a Ferrari é um privilégio que todos os pilotos desfrutamos.

MB: e Valência foi o melhor para você também?

FA: sim, acho que sim, quanto a corrida e vitória, surpreendente saindo de décimo-primeiro e correndo em casa diante dos torcedores, havia todos os ingredientes para ser muito especial e assim foi.

MB: eu me lembro que Vettel me disse que o piloto que gosta mais de lutar é você porque é muito duro, mas deixa espaço exato para quem tem a coragem de fazer, a técnica... E você, quem pensa que é duro, mas... que te dá prazer ultimamente?
 

FA: tenho lutado bastante ultimamente nos últimos anos no meio do pelotão, muitas lutas. Mas não sei, todos têm esse respeito necessário. Você tem na cabeça alguns que não queria lutar, e os que se queria lutar. Os que não queria lutar ou sempre havia algum problema, talvez com Grosjean havia momentos em que não havia espaço para os dois, um movimento que não esperava, não confiava nunca no adversário. Kevin também no começo da carreira era um piloto que não sabia, agora tem mais controle. Há recordações na cabeça de pilotos com os quais deveria ter mais cuidado do que os que são muito bons lutando, que creio que são todos. 

MB: tem gente que diz que você é um dos melhores da história da Fórmula 1 por ser completo e por se adaptar a qualquer carro. Há algum carro que você lembra que era difícil?

FA: no ano passado, na Alpine, foi um dos carros que mais me custaram, e as primeiras cinco corridas não foram boas para mim...

MB: e um especial, bom? Que viu e falou "tenho na mão"?

FA: 2010. A primeira Ferrari, senti desde a primeira volta, esse foi um carro especial.

MB: as últimas duas perguntas: qual o grande prêmio hoje que dá prazer de pilotar? Qual pista?

FA: espero com vontade Las Vegas no ano que vem... E hoje, deste ano, creio que Spa. Os carros se comportaram muito bem em Spa neste ano, são curvas rápidas em todo o circuito e eram carros com muito boa aderência.

MB: Fernando, a final: falou-se muito disso, para você com 41 e agora, 350, o que é bom e ruim?

FA: o ruim é que não tenho mais 350 sobrando, isso é o ruim. E o bom que eu acho é que você melhora como piloto porque você tem mais experiência, conhece todos os circuitos. Conhece condições de chuva, intermediário, seco. Todo tipo de classificação, uma volta, superpole, Q1, Q2 e Q3, muitas saídas, muitos pit stops, muitos momentos de tensão, agora gerencia de forma muito mais tranquila Então só vejo vantagens. E sim, mentalmente, mais preparado. Nos primeiros anos na Fórmula 1, existe a tensão midiática, os patrocinadores, há muita energia que é tirada, que te tiram da pilotagem. Agora você sabe gerenciar tudo perfeitamente.
 

MB: e o Mundial, quem ganha?

FA: de futebol? Ou Brasil, ou Espanha... A final... Essa seria uma bonita final!

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