Fórmula 1

Haverá um momento em que ninguém se lembrará de mim, diz Vettel sobre adeus à F1

Em entrevista ao site da Aston Martin, tetracampeão fez balanço sobre carreira e diz sentir falta de ser competitivo

Da redação

Tetracampeão fez balanço sobre carreira e diz sentir falta de ser competitivo Aston Martin F1
Aston Martin F1

Dono de quatro títulos mundiais na Fórmula 1, Sebastian Vettel se aposentará da categoria no final da temporada 2022, aos 35 anos. E acredita que, depois de algum tempo, ninguém se lembrará dele.

A surpreendente declaração foi publicada nesta quarta-feira (12) pelo site da Aston Martin, equipe pela qual Vettel corre desde 2021. Para o alemão, a chance de ser esquecido como piloto no futuro é grande, mas ele prefere ser lembrado como pessoa.

“Uma vez eu ouvi alguém dizer: ‘Você será lembrado apenas até que a última pessoa que se lembra de você morra’. Vou explicar. O Reino Unido tem um novo rei (Charles III), mas ele não é o primeiro rei Charles – houve outros dois antes dele. Você lembra deles? Provavelmente não. Há um limite. Haverá provavelmente um ponto em que ninguém se lembrará de mim. Nada dura para sempre”, argumentou.

“As pessoas podem decidir se querem se lembrar de mim, mas eu não me ofenderia se elas não quisessem. Não é importante para mim como eu sou lembrado. Eu sempre busquei o sucesso – às vezes, não consegui. Mas, acima de tudo, eu sempre tentei tratar as pessoas com respeito e ser legal. Se é disso que as pessoas vão se lembrar de mim, isso vai me fazer feliz”, acrescentou.

Presente na Fórmula 1 desde que estreou em 2007 pela BMW-Sauber, assumindo no mesmo ano uma vaga na Toro Rosso, Vettel está em sua 16ª temporada na categoria. E diz que, durante este período, precisou amadurecer muito mais rápido que os amigos.

“Há muitas lições na vida, e cabe a cada um escolher aprender com elas. Estar na Fórmula 1 é uma maneira acelerada de viver. Acho que é verdade para a maioria dos atletas profissionais. Você tem tudo que acontece em uma vida normal, mas é mais comprimido em termos de tempo”, analisou Vettel. “Eu tive que amadurecer mais cedo do que meus amigos de escola, porque eu estava levando minha carreira muito a sério e lidando com muitos adultos.”

Vettel teve suas primeiras experiências na Fórmula 1 em 2006, aos 19 anos, participando de treinos livres com a BMW-Sauber. De repente, em meio a nomes consagrados da categoria, o jovem alemão já não era mais um adolescente.

“Eu ainda estava fazendo todas aquelas coisas idiotas que adolescentes fazem com os amigos quando você tem 19 anos. Seu mundo é diferente quando você passa tempo com pessoas que já tem 30, 40, 50 anos”, lembrou o tetracampeão, hoje com 35 anos.

“Passar tempo com pessoas mais velhas não faz a vida chata, de jeito nenhum. Mas eu tive que amadurecer rapidamente. Se você quer alcançar algo, você precisa de compromisso. Você precisa de disciplina”, completou.

Falta de vitórias

Com 53 vitórias na Fórmula 1, Sebastian Vettel é o terceiro piloto com mais vitórias na história da Fórmula 1, atrás apenas de Lewis Hamilton (103) e Michael Schumacher (91). No entanto, com apenas uma vitória nos últimos quatro anos (Singapura-2019), o tetracampeão reconhece que os insucessos recentes podem ter pesado na decisão de deixar a categoria.

“Eu me aposentaria se tivesse sido competitivo nos últimos três ou quatro anos? Vencendo corridas, brigando por títulos, talvez conquistando mais um? Eu poderia ter tomado a mesma decisão. Igualmente, eu poderia não ter tomado. É impossível dizer”, declarou o piloto na entrevista.

“Terminar em décimo não me dá empolgação, porque eu sei como é terminar em primeiro. Se você nunca terminou em primeiro, a primeira vez que você termina em décimo te dá uma verdadeira empolgação. Mas estou feliz que não me empolgo por terminar em décimo”, completou.

Vettel dominou a Fórmula 1 entre 2010 e 2013, quando pilotava pela Red Bull. Durante o período, conquistou 34 vitórias (nove delas consecutivas em 2013), conquistando os quatro títulos que detem. Hoje, diz na época que até mesmo o topo do pódio deixou de ter o mesmo sabor – do qual ele admite sentir falta.

“Você se acostuma (a vencer). Mas quando não está mais vencendo, você pensa em como seria bom vencer novamente. E quando você vence de novo, é um grande momento e significa mais do que a vitória anterior, porque houve um vazio no meio.”

Ao longo de seis anos na Ferrari (2015 a 2020), Vettel teve como melhores desempenhos os vice-campeonatos em 2017 e 2018. Em 2021, acertou com a Aston Martin, que substituiria a Racing Point, em momento incomum: a escuderia italiana havia sido a sexta colocada no Mundial de construtores de 2020, sem vitórias no ano, enquanto a equipe de Lawrence Stroll havia sido a quarta colocada entre os times, com uma vitória de Sergio Pérez no GP de Sakhir.

Na Aston Martin, porém, os bons resultados da Racing Point não se repetiram. O time foi o sétimo colocado em 2021, com um pódio (o segundo lugar de Vettel no Azerbaijão), e ocupa a mesma posição em 2022, tendo como melhor desempenho o sexto lugar repetido em três corridas. O alemão não escondeu a decepção.

“Os anos têm sido desafiadores, porque o carro não foi competitivo como esperávamos. Este ano, queríamos uma melhoria significativa em relação ao ano passado. Fracassamos. Estamos atualmente na posição em que terminamos no ano passado”, analisou. “Não estou apontando o dedo e dizendo que fizemos um trabalho ruim. Estou apenas sendo realista. Tínhamos altas expectativas.”

Fernando Alonso

A partir de 2023, a vaga de Vettel na Aston Martin será ocupada por Fernando Alonso, que tem contrato até o final de 2024. Bicampeão da Fórmula 1 e piloto mais experiente do atual grid, o espanhol não precisa de conselhos para assumir o posto, diz o alemão.

“Fernando não precisa de qualquer conselho. Não sei se ele vai ouvir qualquer conselho, mas ele nem precisa de um. Ele está por aqui há muito tempo e viu muita coisa. Ele estará bem”, afirmou.

Para Sebastian Vettel, o espanhol foi um de seus principais rivais ao longo da trajetória na F1. Mas não foi o único. Perguntado a respeito de qual rival criou mais dificuldades, ele não teve dúvidas.

“Lewis (Hamilton), especialmente quando eu estava na Ferrari. Lewis sempre esteve no topo. Antes disso, provavelmente foi Fernando quando ele esteve na Ferrari (2010 a 2014)”, apontou.

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