Em 2022, o automobilismo brasileiro ganha uma nova categoria de monopostos: a Fórmula 4 brasileira, que vem para suprir uma importante carência na formação de jovens pilotos.
Nas últimas décadas, o Brasil perdeu muitas categorias do tipo. De campeonatos tradicionais a iniciativas mais recentes, todas ficaram pelo caminho - Fórmula 3 Sul-Americana, Fórmula 3 Brasil, Fórmula Ford, Fórmula Chevrolet, Fórmula Renault, Fórmula Futuro Fiat, apenas para citar algumas das mais conhecidas.
Estas categorias, via de regra, são parte importante da preparação de pilotos brasileiros (e, não raro, sul-americanos) antes de uma mudança para a Europa, onde seguem evoluindo rumo a categorias como a Fórmula 1. Assim, caberá à Fórmula 4 brasileira fazer esta formação por aqui – na Argentina, a categoria corre desde 2021.
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A nova categoria é uma iniciativa da Vicar, mesma empresa responsável pela promoção da Stock Car. A nova categoria foi anunciada no começo de novembro, após assinatura de contrato entre Fernando Julianelli, CEO da Vicar, e Gianfranco de Bellis, CEO da Tatuus, fabricantes dos carros que são utilizados na F-4 ao redor do mundo, com licença da FIA (Federação Internacional de Automobilismo).
A possibilidade surgiu no primeiro semestre de 2021, em uma etapa da Stock Car, durante uma conversa entre Giovanni Guerra, presidente da CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) e Fernando Julianelli. Em pouco tempo, os responsáveis pela nova categoria estavam em conversas com Gianfranco de Bellis, e os planos avançaram. O projeto será liderado por Gastão Fráguas Filho, campeão mundial de kart em 1995.
“Existe um importante vácuo no automobilismo brasileiro em termos de continuidade de carreira, que pretendemos agora preencher, incluindo um carro tão atualizado que só irá estrear mundialmente em 2022”, disse Julianelli em declarações publicadas pelo site da FIA. “Outro ponto importante é que teremos no Brasil o mesmo equipamento usado nos principais centros internacionais do automobilismo. Nosso objetivo é encorajar novos talentos e dar a nossos kartistas a oportunidade de estarem prontos para competir em alto nível sem deixarem o Brasil tão jovens”, completou.
É importante destacar dois pontos. O primeiro é que a categoria é pensada para quem está saindo do kart, abrindo uma porta nos monopostos. O outro é que a F-4 brasileira terá os mesmos equipamentos usados nas versões da categoria em outros países, o que facilita a adaptação de quem começa no Brasil e depois vai para a Europa.
O chassi a ser usado no Brasil é o Tatuus F4 T-021, o mesmo que deve ser visto nos campeonatos da Fórmula 4 em Itália, Inglaterra, Alemanha, Espanha, Emirados Árabes Unidos e Índia. Os motores serão Abarth-Autotecnica 414TF 1.4L, com 176 hp, e câmbio com seis velocidades. Os pneus, fabricados na Turquia, serão fornecidos pela Pirelli. O grid deve ter 16 pilotos, com idades a partir de 15 anos.
Vale lembrar que a categoria dará ao campeão 12 pontos dos 40 necessários para a Superlicença, exigida para FIA para pilotos que correr na Fórmula 1. Ao todo, serão seis rodadas triplas ao longo da temporada, totalizando 18 corridas – cada etapa terá duas corridas aos sábados e uma aos domingos, cada uma com 25 minutos de duração. A categoria terá transmissão do Bandsports.
Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.