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A importância de Mônaco para a F1, em uma partida de pôquer com David Coulthard

Emanuel Colombari

Imagem: PokerStars/Red Spade Pass
Imagem: PokerStars/Red Spade Pass

Oito ou dez pessoas se sentaram ao redor de uma mesa de pôquer, embora apenas uma ali soubesse jogar em alto nível: o canadense Arlie Shaban, um carismático jogador profissional, que daria uma rápida aula aos presentes. Diante de Arlie, estava David Coulthard, ex-piloto de Williams, McLaren e Red Bull na Fórmula 1. Ao lado esquerdo de Coulthard, estava eu.

A convite da PokerStars, patrocinadora oficial da Oracle Red Bull Racing, o escocês encarou uma rápida partida de pôquer com convidados durante a programação do Grande Prêmio de Mônaco. Mostrou habilidade e superou a concorrência, mas saiu de mãos vazias – as partidas foram apenas demonstrativas, sem apostas reais.

Durante alguns minutos, Coulthard fez piadas, posou para fotos e conversou com os convidados – principalmente, é claro, sobre a importância de Mônaco para a Fórmula 1. Será que, depois de mais de 70 anos de Fórmula 1, Monte Carlo ainda é a grande corrida para ser vencida? Para ele, sim.

“Acho que, pensando em pontos, qualquer chefe de equipe provavelmente dirá que não, porque estamos falando em pontos, e pontos significam prêmios no final do ano. Mas há algo especial sobre aqui, sobre a história. Você não pode comprar a história. Isso aqui é parte do mundo das corridas desde 1929. É parte da Fórmula 1. É um desafio incrível. Se você é fã do esporte, fã dos dois Villeneuves, de Senna, de Graham Hill, de pilotos incríveis, eles fizeram história nas ruas de Mônaco”, avaliou o ex-piloto de F1, vestindo um blazer azul escuro sobre uma camisa polo de tom mais claro.

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“É especial, porque é difícil. E vivemos em uma sociedade onde tudo é feito para nós eletronicamente, e as coisas ficaram mais fáceis. Mas isso aqui te leva de volta para aquilo do que são feitos os Grandes Prêmios: carros em alta velocidade, margem mínima para erros, e se você comete um erro, você bate. Danifica o carro. Game over.”

Cerca de uma hora depois de chegar, Coulthard se despediu. Na mesa de pôquer, demonstrou interesse no jogo e fez diversas perguntas a um animado Arlie Shaban. E levou a melhor em uma disputa na qual ninguém tinha boas cartas. Depois, agradeceu a presença dos convidados e deixou o hotel onde o evento aconteceu.

Mônaco sem F1?

Para Coulthard, mesmo a presença de mercados emergentes na Fórmula 1 não diminui a importância de Mônaco. Não apenas pelo desafio em si, mas pelo ambiente que cada corrida oferece.

“Nenhuma delas tem a história de Mônaco. Las Vegas vai ser um evento único, divertido, interessante, assim como Miami ou Baku e essas pistas. Em todas as pistas, nós temos um gostinho do pais. É por isso que gosto tanto de Montreal, porque vivemos um pouco do estilo de vida – não o estilo de vida do inverno, porque estive lá em um janeiro e é um lugar frio, terrível para se estar. Mas o estilo de vida de verão é fantástico, e nós conseguimos ir a um Grande Prêmio”, comparou.

A ascensão de mercados como Estados Unidos e Ásia colocou em xeque a continuidade de Mônaco no calendário. Não apenas pelas dificuldades naturais de atualizar a pista em um traçado urbano, mas também por diversas peculiaridades do contrato – até 2022, Monte Carlo negociava os próprios acordos de publicidade, e não raro dava destaque a marcas que são parceiras globais da F1.

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Até que este cenário fosse resolvido entre a categoria e o Automóvel Clube de Mônaco, a prova correu o risco de deixar de vez o calendário. Uma corrida de rua em Nice (França), cidade a 20 km de distância, chegou a ser especulada.

“Havia um pouco (de diferenças) entre os novos donos (da Fórmula 1) e o Automóvel Clube de Mônaco,  que organiza esse Grande Prêmio. Algo óbvio, nada que vocês não possam ver. Se você olhar para os parceiros globais da Fórmula 1, como a Rolex, e os do Automóvel Clube de Mônaco, por causa de seus contratos como a TAG Heuer, é como um tapa na cara dos outros parceiros, que entram na Fórmula 1 com uma parceria global, e chegam aqui e veem seus rivais na linha de chegada”, lembrou.

“Todos concordamos que isso é um pouco constrangedor. Isso foi realinhado (no novo contrato, assinado em 2023). Se você é um parceiro global da Fórmula 1, tem o direito de ter sua marca nas 23 corridas. É sobre coisas como isso. Não acho que houve problema sobre o quanto Mônaco paga em relação a pistas na Arábia Saudita ou outros eventos”, completou.

Entretenimento

Imagem: PokerStars/Red Spade Pass

Uma crítica recorrente entre fãs da Fórmula 1 é o conflito entre esporte e entretenimento, especialmente a partir do lançamento em 2019 da série Drive to Survive, da Netflix. O show deixaria em segundo plano a competição.

Será mesmo?

Do ponto de vista de Coulthard, o entretenimento é um ingrediente antigo da F1. E nunca foi um problema.

“Se os pilotos têm uma boa corrida, eles agradecem. Mas estamos em um negócio do entretenimento, e eu sempre soube que jogamos para a torcida. Eu posso não ser como Hélio Castroneves, escalando a grade na Fórmula Indy, mas aquilo é ótimo e as pessoas gostam. Você precisa ser sincero. Se os fãs não veem valor, você perde os fãs”, argumenta.

A reportagem viajou a convite da PokerStars, patrocinadora oficial da Oracle Red Bull Racing.

Emanuel Colombari

Emanuel Colombari é jornalista com experiência em redações desde 2006, com passagens por Gazeta Esportiva, Agora São Paulo, Terra e UOL. Já cobriu kart, Fórmula 3, GT3, Dakar, Sertões, Indy, Stock Car e Fórmula 1. Aqui, compartilha um olhar diferente sobre o que rola na F-1.

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