Olimpíadas 2024

Atletas autistas já se destacaram em Olimpíadas e Paralimpíadas; conheça histórias

Pessoas com transtorno do especto autista não possuem uma categoria específica nos Jogos Paralímpicos

Allan Brito e Yuri Brito

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Breanna Clark, bicampeã paralímpica, é autista (Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins)

Os Jogos Paralímpicos possuem diferentes categorias em cada esporte. Os atletas são distribuídos em classes que variam de acordo com as deficiências. Mas não existe uma classe específica para pessoas que possuem TEA (Transtorno do especto autista). É algo que pode causar estranheza, pois no Brasil os autistas possuem os mesmos direitos de pessoas com deficiências. Mas isso não exclui completamente os autistas: eles já ganharam medalhas tanto em Olimpíadas quanto em Paralimpíadas.

Na Paralimpíada, normalmente os atletas autistas entram em categorias de deficientes intelectuais. Mas isso não significa que todos autistas possuem essa deficiência - de acordo com um estudo americano, apenas cerca de 40% dos autistas têm deficiência intelectual.  

Para que os autistas disputem os Jogos Paralímpicos em categorias de deficientes intelectuais, existem exigências. 

“Atualmente tem dois critérios: ter o diagnóstico de autismo até os 22 anos de idade, porque tratamos de um comprometimento no desenvolvimento; e o outro é o QI, feito através de 2 testes padronizados, que precisa ser de 75 ou menos”, explica João Paulo Casteleti de Souza, gerente do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro).

Portanto, os autistas precisam entregar documentos que comprovem esse atraso no desenvolvimento e também fazer testes práticos de QI. E na Paralimpíada os atletas com deficiência intelectual só disputam três esportes: natação, atletismo e tênis de mesa.

Autistas nas Paralimpíadas

Nos Jogos Paralímpicos de Paris, participam apenas 120 atletas com deficiência intelectual. E nem todos são autistas, pois essa deficiência pode ter sido causada por diferentes fatores ou transtornos.  

Mas existem autistas que se destacaram no atletismo, na natação e no tênis de mesa em Paralimpíadas recentes. Os corredores americanos Breanna Clark (400m) e Michael Brannigan (1500m) conquistaram medalhas de ouro no Rio de Janeiro e Tóquio, por exemplo.  

Na natação, a americana Jessica Jane Applegate é uma das maiores paratletas da história, com sete medalhas.  

No tênis de mesa, o belga Florian Van Acker foi medalha de ouro no Rio e bronze em Tóquio.

Autistas nas Olimpíadas

É muito comum que os diagnósticos de autismo não sejam feitos na infância ou adolescência. Foi o caso de Chris Morgan, australiano que competiu na Olimpíada de Pequim, em 2008, sem saber que era autista.  

Durante o ciclo de preparação para a Olimpíada de 2012, ele teve o diagnóstico de autismo, com 27 anos. Chris afirmou ao site do COI (Comitê Olímpico Internacional) que o autismo o ajudou em alguns fatores.

Ser hipervisual e extremamente focado nos detalhes é realmente bom para encontrar áreas para melhorar. O autismo me tornou mais vitorioso

De fato ele foi mais longe depois do diagnóstico: conquistou medalha de bronze na Olimpíada de 2012. Depois ainda participou dos Jogos no Rio de Janeiro, mas sem pódio dessa vez.

Outra autista que disputou a Olimpíada normalmente foi Caragh McMurtry, remadora britânica que esteve na Olimpíada de Tóquio.

Futuro dos autistas nas Paralimpíadas

A Virtus é uma federação Internacional responsável pelo esporte de alto rendimento praticado por pessoas com deficiência intelectual. Ela tem uma categoria específica para que autistas disputem o Virtus Global Games. Na classe II3 os atletas possuem TEA, mas não precisam comprovar o QI abaixo de 75

É possível que no futuro a Paralimpíada também tenha essa categoria. Com isso seria possível incluir mais autistas, inclusive em outras modalidades. No Virtus Global Games existem autistas que praticam ciclismo, remo, basquete, futebol, críquete, futsal, handebol, hóquei e até esportes de inverno. Mas até agora não há previsão para que isso aconteça.

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