A goleada por 5 a 0 do Palmeiras sobre o Cuiabá, neste sábado (24), ficou em segundo plano na coletiva de Abel Ferreira, que fez forte desabafo após as eliminações na Copa do Brasil e Libertadores.
O treinador português pediu “desculpa por não ser tão bom” quatro vezes, disse não ser 'uma máquina" e falou que entregará o cargo quando o Palmeiras passar um ano sem vencer ao menos um título.
“A única que eu tenho a dizer a estes torcedores [que dizem que o Brasileirão é obrigação], que são minoria, peço desculpa por não ser tão bom quanto eles esperam de mim. Peço desculpa pelo Palmeiras não conseguir ganhar todos os títulos e pelo Palmeiras não conseguir ganhar todos os jogos. Mas, ao mesmo tempo que peço desculpa, queria agradecer a todos os torcedores que nos aplaudiram de pé depois das eliminações. Isso é raro no Brasil é raro. A eles, muito obrigado pelo carinho, vocês sabem como nos esforçamos. Este agosto foi terrível para nós, já falei outras vezes. A essa minoria, peço desculpa por não ser tão bom quanto eles esperam de mim”, iniciou o treinador.
Às vezes parece fácil o que fizemos aqui em quatro anos, né? E já chegaram a pensar se nos 110 anos de história o Palmeiras só ganhou? Por isso, tenho que pedir desculpas se não sou tão bom quanto as pessoas acham de mim. Porque realmente eu não sou essa máquina - Abel Ferreira.
“Lesões [o que mais abalou o elenco]. Vocês viram o Estêvão a jogar hoje? Ele se lesionou contra o Botafogo. Tivemos muitas lesões. Ontem foram mais duas: Vitor [Reis] e Gabriel Menino. É a insanidade de jogos que temos, não tem como. (...) E tem os haters. Quando eu falo isso, é bom distinguir o torcedor dos haters, são coisas completamente diferentes. O futebol é muito mais mental do que todos vocês pensam. Pena que são tão exigentes [com outros setores]... e mais uma vez peço desculpa por não ser tão bom quanto as pessoas esperam de mim, essa minoria. Que sejam exigentes com os outros departamentos da sociedade. Por que não são iguais? Futebol não é diferente de uma família. Uma equipe de futebol é exatamente igual, não estamos sempre na nossa máxima performance. E além do desgaste físico, emocional e lesões, ainda temos que levar”, acrescentou.
Abel dá 'cara a tapa'
Perguntado sobre a sequência do Palmeiras após as eliminações na Copa do Brasil e Libertadores, Abel Ferreira elogiou a presidente Leila Pereira e colocou uma condição para deixar o clube.
Quando o Palmeiras ganha, não faltam pais e filhos. Toda gente vem. Mas quando perde, só há um perdedor, só há uma cara - Abel Ferreira.
“Faço o melhor que sei, com os recursos que tenho, e pelo visto não chega [não é o suficiente]. Mas eu tenho muita sorte, já disse isso para vocês, por ter jogadores por darem o máximo que podem e conseguem, e muita sorte por ter uma presidente que sabe como é lidar e liderar um clube com a dimensão e exigência do Palmeiras. Ele é liderado de dentro para fora, não de fora para dentro. Esta nossa presidente tem mais coragem do que muitos juntos. Eu tenho sorte por ser liderado pela Leila. E acho que essa vitória sinceramente é todinha para ela”, afirmou.
“Não prometo nenhum título”
“Se não for para ganhar, eu estou aqui a fazer nada. Nada. E meus jogadores sabem disso. E volto a dizer a vocês o que disse aos meus jogadores: no ano que o Palmeiras um único título, não precisam me empurrar. E vou dizer mais: seria um gosto ser despedido por uma mulher. Porque eu nunca fui despedido como treinador. Consegue entender o denominador comum aí? É que o Palmeiras está sempre lá. Este ano, não, saiu fora. Num sorteio, podem calhar adversários melhores ou piores. E o sorteio ditou para a Copa [do Brasil] e a Libertadores, no mesmo mês [adversários duros]. Foi a equipe que teve o calendário mais duro. O Palmeiras está sempre lá, e vamos continuar lá. E não prometo nenhum título”.