Roteirista de filme sobre Silvio Santos diz se alteraria algo após morte

Newton Cannito conta ainda que o apresentador não chegou a ver nada do longa

Por Guilherme Machado

Roteirista de filme sobre Silvio Santos diz se alteraria algo após morte
Rodrigo Faro interpreta Silvio Santos em filme
Reprodução

Newton Cannito, um dos roteiristas do filme “Silvio”, que conta a história Silvio Santos, gostaria que o apresentador pudesse ter assistido ao longa. Com a morte do comunicador aos 93 anos, isto não foi possível, mas o escritor enfatiza que não mudaria nada no projeto. Bem, quase nada.

“O filme foi escrito incialmente há uns seis anos. Com a morte eu não mudaria nada. O máximo que acho que seria bonito colocar seria um epilogo dele passando o legado para a filha. O filme também é sobre paternidade”, enfatiza ele em entrevista ao Band Entretê.

Com direção de Marcelo Antunez, “Silvio” tem estreia prevista para 12 de setembro deste ano e narra a trajetória do dono do SBT a partir de um episódio traumático: o sequestro do empresário, que ocorreu poucos dias após o sequestro de sua filha Patrícia.

Os roteiristas quiseram mostrar por meio deste episódio uma característica que marcou a vida de Silvio: o seu dom de convencimento por meio da palavra.

“Todo filme tem que fazer algum recorte. Eu escolhi o conceito do poder da lábia e da palavra. Não só no sentido de convencer, mas de seguir a palavra, de ganhar lealdade. O Silvio sempre teve isso não só com seus sócios, mas com seus funcionários e público. A partir disso eu pensei: ‘Em que momento o Silvio melhor usou esse poder?’. Me veio o dia do sequestro em que ele passou horas com um bandido”, detalha.

Ao longa da narrativa, Silvio, interpretado por Rodrigo Faro, vai contando momentos de sua vida e vai fazendo o criminoso mudar de ideia. Cannito ressalta que, dessa forma, o eterno patrão fez com que o rapaz negociasse por ele.

O roteirista diz que o filme retrata, sem “vergonha alguma”, Silvio como um herói.

“Não tem nada demais a gente admitir que o Silvio Santos é um herói nacional. É um herói do poder da lábia, do jeito brasileiro de propiciar diálogos. No final ele é um mentor de um jovem que vai lá pensando em matá-lo e ensina aquela jovem como sair dessa fria”, opina.

Ele também revela que em momento algum a produção conversou com o apresentador sobre a história, mas que Rodrigo Faro pediu a bênção para interpretá-lo.

“O Silvio é um marco na cultura brasileira. É como se fosse um arquétipo do camelô-comunicador, uma figura popular que nós temos em cada cidade, bairro, esquina. Além disso a importância do Silvio na comunicação brasileira é fundamental. Ele criou novos modelos de negócio para a TV, abriu espaço para muitos artistas”, define.

Para nós é uma grande tristeza [a morte de Silvio], era um sonho saber o que o Silvio achou. Era meu sonho ouvir: ‘Esse filme eu vi’.

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