
O rapper Oruam foi detido na manhã desta quarta-feira (26) no Rio de Janeiro. Ele era alvo de uma operação de busca e apreensão no Joá, zona oeste da capital fluminense. Ele foi detido após os policiais encontrarem o traficante Yuri Pereira Gonçalves, foragido da Justiça.
Foram apreendidos armas, computadores e celulares, que passarão por perícia. Ambos foram encaminhados à Cidade da Polícia, na zona norte. O traficante foi preso em flagrante. Já Oruam pode assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência pelo crime de favorecimento e ser liberado.
A operação investiga tiros para o alto que foram disparados no final do ano passado dentro de um condomínio em Igaratá (SP) e não tem relação com a detenção do artista na semana passada, quando foi pego realizando manobras perigosas no trânsito, incluindo um “cavalo de pau”, próximo a uma blitz policial, na região da Barra da Tijuca.
O cavalo de pau é um termo popular para a manobra que faz o carro perder a tração das rodas traseiras do veículo, fazendo-o deslizar lateralmente. A manobra também é conhecida como 'drift'.
A manobra é ilegal e pode resultar em multas, apreensão do veículo, suspensão ou proibição da CNH e até prisão.
Mas, quem é Oruam?
O jovem de 23 anos ficou conhecido no cenário musical com hits como, por exemplo, ‘Diz aí, qual é o plano? ’, ‘Para de mentir’, ‘A cara do crime 4’, ‘Terra prometida’ e ‘Bem melhor’, acumulando mais de 11 milhões de ouvintes no Spotify.
Oruam vive um relacionamento com a influenciadora digital Fernanda Valença, é filho de Márcia Gama e do Márcio Amaro de Oliveira, o traficante também conhecido como Marcinho VP.
Em março de 2024, o artista se apresentou no Festival Lollapalooza e usou uma camisa com um pedido de liberdade para o seu pai, que foi condenado em 1996 por lavagem de dinheiro e associação criminosa com o Comando Vermelho, que segue preso desde então.
Após ser criticado por usar a camisa em público, Oruam se pronunciou e explicou a decisão. Confira a nota:
“Meu pai foi preso com 20 anos, há quase 30 anos. Há mais de 15 anos, vive trancado em uma cela de 6 metros quadrados, com 2 horas de banho de sol por dia, quando é autorizado, e sem contato com nenhuma outra pessoa que não os carcereiros.
Eu e minha família podemos, quando é autorizado, ver ele uma vez por mês, por poucas horas e através de um vidro, sem nenhum contato físico. Meu pai errou, mas está pagando pelos seus erros e com sobra. Só queria que pudesse cumprir uma pena digna e saísse de cabeça erguida. Que, quando chegar sua hora, você possa ter sua liberdade! ”.
Vale destacar que o cantor também expôs uma tatuagem com o rosto do seu pai, Marcinho, e do seu ‘suposto’ tio, Elias Maluco, que morreu na cadeia em 2020, após ser condenado pelo assassinato brutal do jornalista Tim Lopes.
Oruam compra gato de R$ 120 mil
Entre as polêmicas envolvendo o jovem, não podemos esquecer do seu gato, que tem descendência selvagem.
O rapper revelou aos seus fãs nas redes sociais que comprou um gato da raça Savannah F1, que custa cerca de R$120 mil. Segundo o Guinness Book, o gato mais alto do mundo é dessa raça e tem 47,83 cm.
No ano passado, o cantor compartilhou um vídeo do seu animal arranhando seu rosto. “Olha isso aqui que ele fez com a minha cara. Está pensando que é fácil? Vem aqui”, disse Oruam.
Rapper impedido de fazer show em Portugal
O rapper Oruam virou um dos assuntos mais comentados das redes sociais após contar que foi impedido de se apresentar em um show em Algarve, Portugal, após uma abordagem policial.
Sem dar muitos detalhes, o artista compartilhou o momento nas redes sociais. “Impedido de fazer meu show pela polícia. Será porque eles me odeiam? ”, escreveu. Mas, logo depois, apareceu em Paris, na França.
"Lei Anti-Oruam"
Os vereadores do Rio de Janeiro devem começar a discutir em breve um projeto de lei nos moldes da proposta apelidada de "Lei Anti-Oruam", que proíbe o Executivo municipal de contratar shows, artistas e eventos abertos ao público que envolvam, no decorrer da apresentação, expressões de apologia ao crime organizado ou ao uso de drogas.
O projeto, de autoria da vereadora Talita Galhardo (PSDB) e coautoria de Pedro Duarte (Novo), foi protocolado nesta segunda-feira, 17, antes da sessão extraordinária que abriu o ano legislativo de 2025 na Câmara do Rio.
"A proposta é não romantizar o crime organizado. Nossa cidade respira cultura, e o funk é tradição, mas achar normal enaltecer bandido, não dá. O Rio precisa agir contra essa inversão de valores", diz Talita Galhardo.
Para ser aprovado, o projeto precisa ser distribuído para uma das comissões da Casa e passar pelo crivo da Comissão de Justiça e Redação. Os grupos terão 15 dias para dar o parecer sobre o projeto, que, se aprovado, poderá ir à votação do plenário.
O texto que será discutido na Câmara do Rio foi resultado da unificação dos projetos de Talita e Duarte. Os vereadores chegaram a um acordo para facilitar a costura política na Casa e angariar o apoio dos demais parlamentares.
"Espero que os inúmeros projetos similares no País consigam pautar o debate nacionalmente. Uma coisa é liberdade de expressão; outra coisa é o Poder Público financiar, com dinheiro do contribuinte, espetáculos que cultuam, em suas letras, o tráfico. Basta de apologia ao crime", afirma Pedro Duarte.
Projetos no Congresso e capitais
Após ser protocolado na Câmara Municipal de São Paulo, o projeto de lei "Anti-Oruam" se espalhou por grandes centros urbanos do País. Na capital paulista, a proposta é iniciativa de Amanda Vettorazzo (União Brasil), ligada ao Movimento Brasil Livre (MBL).
O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), também líder do MBL, propôs um projeto similar ao de Amanda na Câmara. A medida altera a Lei das Licitações, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), passando a vedar incentivos a eventos com apologia ao crime organizado e ao uso de drogas.
Como mostrou o Estadão, na capital paulista, o projeto se insere em um contexto de avanço conservadoras na pauta da Câmara Municipal.
A autora da proposta entrou em embate direto com Oruam após o rapper publicar um vídeo chamando a parlamentar de "bobona", incitando seus seguidores a perturbarem o perfil da vereadora. Amanda, em resposta, registrou um boletim de ocorrência contra o cantor.
Em seu perfil no X (antigo Twitter), o músico afirmou que o projeto não ataca só ele, mas "todos os artistas da cena". "Eles sempre tentaram criminalizar o funk, o rap e o trap. Coincidentemente, o universo fez um filho de traficante fazer sucesso e eles encontraram a oportunidade perfeita pra isso", escreveu. "Virei pauta política", disse.