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Quem é Lisa Gomes, jornalista trans que foi constrangida pelo cantor Bruno

Considerada a primeira repórter transgênero da TV brasileira, Lisa também é apresentadora e youtuber; saiba mais

Da redação

Quem é Lisa Gomes, jornalista trans que foi constrangida pelo cantor Bruno
Reprodução/Redes Sociais

A repórter Lisa Gomes foi alvo de constrangimento após fala transfóbica do cantor Bruno, da dupla com Marrone, durante evento na noite de sexta-feira (12), em São Paulo. A jornalista se preparava para entrevistar o sertanejo quando foi questionada sobre sua genitália.  

"Você tem p**?", perguntou o cantor. Constrangida, a repórter da RedeTV! questionou: "como assim?", ao que Bruno respondeu repetindo o termo em voz alta.  

Na segunda-feira (15), o sertanejou usou as redes sociais para publicar um vídeo se desculpando pela atitude. "Eu queria pedir desculpa para Lisa Gomes pelo que eu perguntei para ela. Foi totalmente infantil, totalmente inconsequente", disse. Assista abaixo ao vídeo do pedido de perdão.

No mesmo dia, a jornalista divulgou se manifestou sobre o episódio, que classificou o episódio como "horrível". "Eu me senti invadida, na verdade. Senti minha intimidade exposta, de uma forma que eu não gostaria que fosse. Então tudo isso me fez muito mal", afirmou Lisa. Confira também, abaixo, o pronunciamento.

Famosos, como a apresentadora Rafaela Brites e a atriz Rita Cadillac, saíram em defesa da repórter. 

"Qual é a necessidade de perguntar sobre a genitália de quem quer que seja?", questionou o ator Carmo Dalla Vecchia, em vídeo publicado também na segunda-feira (15).

Carreira de Lisa Gomes

Com 39 anos, Lisa é considerada a primeira repórter transgênero da televisão brasileira. Além de fazer matérias e coberturas para o programa TV Fama, da RedeTV!, também é apresentadora, youtuber e atriz.

No Instagram, a jornalista reúne quase 90 mil seguidores. No YouTube, Lisa publica bastidores das reportagens e entrevistas com músicos, apresentadores e artistas.

Pedido de desculpas de Bruno

"Eu queria pedir desculpa para Lisa Gomes pelo que eu perguntei para ela. Foi totalmente infantil, totalmente inconsequente" Eu quero pedir desculpa. Acho que não tem como voltar no tempo e pedir perdão para ela. Perdão, Lisa Gomes"

Pronunciamento de Lisa Gomes sobre a fala de Bruno

"Primeiro quero agradecer o carinho de todos vocês, o acolhimento, senti essa energia positiva de longe, de todos vocês. Mas eu não posso deixar de falar que foi horrível o que eu passei, foi horrível o que eu escutei, porque me trouxe novamente num lugar que eu não gostaria de estar.  

Aquele lugar de quando a gente passa pelo processo de transição. É um processo muito doloroso, muito difícil, porque eu nunca soube lidar muito bem com essa questão da aceitação, do corpo, tudo isso que vocês já conhecem em relação a mulheres trans. De uma forma mais clara, porque a gente nasce no corpo errado. Então eu tive meus direitos violados.  

Não estou aqui para chorar, não quero. Já chorei o que tinha que chorar. Estou tomando calmante desde sexta-feira, para tentar amenizar a situação. Estou aqui para esclarecer algumas coisas para vocês. Eu me senti invadida, na verdade. Senti minha intimidade exposta, de uma forma que eu não gostaria que fosse. Então tudo isso me fez muito mal. Tudo isso me fez voltar a um lugar que eu não gostaria.  

E aí quando vem de um artista tão consagrado e tão querido do público... Porque como artista e como cantor eu acho ele sensacional, sabe? Uma voz incrível. Mas, no mais, não tem o que falar. Eu me senti desrespeitada, sim, por você, Bruno.  

E eu não gostaria que você sentisse isso também, porque é muito ruim e eu acho que você nunca vai passar e nunca vai sentir o que eu estou sentindo agora neste momento. Que é justamente essa coisa de se sentir invadida, como mulher, como mulher trans. Porque eu sou uma mulher trans e eu estava lá para trabalhar, para exercer minha função como repórter.  

Eu estava trabalhando. Eu não fui me divertir, fui lá para trabalhar, para divulgar seu trabalho. E, consequentemente, uma mão lava a outra e você colaborar com nosso programa. Eu só tenho que agradecer o carinho de todos vocês. Não tem o que falar das pessoas que me acolheram.  

Acho que a retratação maior é reconhecer mesmo que o que fez não foi legal, que machucou, que incomodou, não só a mim mas a toda uma comunidade. Essa comunidade que busca por respeito, que busca espaço no mercado de trabalho. Hoje eu sirvo de representatividade para tantas meninas, tantas mulheres transexuais que querem também entrar nesse mercado. Querem trabalhar, querem exercer suas funções como qualquer outra pessoa, querem construir suas famílias.  

Não quero usar as redes sociais para ficar lamentando absolutamente nada, mas quero aproveitar e alertar vocês, porque nada da vida da gente acontece por acaso.  

Quero aproveitar e deixar o recadinho que transfobia não é opinião, é crime. E vocês precisam estar conscientes disso."

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