Quando tinha cinco anos de idade, Jéssica Muniz, de Ananindeua, no Pará, descobriu uma paixão: a dança. O que fez? Pediu para a mãe matriculá-la numa escola especializada. No entanto, o que pode parecer simples, não foi para Jéssica, que é portadora de acondroplasia, um tipo de nanismo. Logo na infância, ouviu da professora que a dança seria impossível para ela.
As palavras, que para muitos podem ser um grande desestímulo, para a paraense foram apenas o primeiro obstáculo de uma trajetória que culmina, 21 anos depois, com a consagração no maior festival de dança do mundo, em Joinville (SC) e a faz ser reconhecida – até prova em contrário – como a primeira bailarina profissional brasileira com nanismo.
Trajetória
Matriculada ainda na infância em um projeto social em sua cidade, a 40 minutos de Belém, Jessica começou seus estudos com a dança moderna, até ser interrompida, após cerca de quatro anos, pelo fim do projeto. A pausa no sonho durou quase cinco anos, até a determinada bailarina, então com 14 de idade, ganhar uma bolsa de estudos em uma escola de ballet na capital paraense.
Com determinação e esperança renovadas, dedicou-se com afinco às aulas, fez novas amizades e evoluiu muito até que, novamente, ouviu da professora que não teria capacidade para usar sapatilhas de ponta. Frustrada, o que fez? Deixou de lado o sonho.
Eis que o destino conspirou mais uma vez a favor de Jéssica, que reencontrou a dança na igreja que frequentava e ainda foi aprovada para o curso de ballet da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (UFPA).
40º Festival de Dança de Joinville
Nesta edição do Festival de Dança de Joinville, Jessica foi um dos destaques ao apresentar sua arte em palcos abertos espalhados pela cidade. Também participou de uma oficina para pessoas com necessidades especiais, foi madrinha da Dance Parade, abrindo o desfile de bailarinos pela avenida Beira-Rio e fez história.
Além do reconhecimento conquistado, a paraense de 26 anos tem uma certeza: deixou um legado. “Quero que as pessoas entendam que todos os corpos dançam e não precisa existir um corpo padrão de bailarino. É o coração que sente e guia a dança”, garante Jessica, que tem claro o desenho do futuro. “Quero ser reconhecida internacionalmente. O melhor palco é o mundo”, conclui.
Serviço
- O quê: 40º Festival de Dança de Joinville.
- Quando: 17 a 29 de julho de 2023.
- Onde: Centreventos Cau Hansen, Expocentro Edmundo Doubrawa e Teatro Juarez Machado, localizados na avenida José Vieira, 315, América, Joinville; e palcos espalhados por Joinville e região.
- Realização: Instituto Festival de Dança de Joinville e Ministério da Cultura - Governo Federal.
- Venda de ingressos: Ticket Center (https://www.eticketcenter.com.br/) e, das 13 às 17h, no foyer do Teatro Juarez Machado, anexo ao Centreventos.
- Mais informações: https://festivaldedancadejoinville.com.br