Quando “Pós-F” estava sendo montada, Fernanda Young morreu, há pouco mais de um ano. Sua irreverência, no entanto, não deixou que a peça ficasse pelo caminho. Protagonizada por Maria Ribeiro, ela estreia neste sábado, às 20h, em transmissão online, sob direção de Mika Lins.
“Esse espetáculo nasceu da ideia da Maria Ribeiro que, ao ler o livro, pensou que gostaria de dizer aquelas coisas que a Fernanda escreveu sobre o papel do homem, da mulher, do ponto de vista da sua própria história”, contou a diretora ao Metro Jornal.
O livro é “Pós-F, para além do masculino e do feminino” (2018), seu primeiro de não-ficção e vencedor do Prêmio Jabuti. Nos relatos autobiográficos, Fernanda mistura textos como trechos de conversas, cartas, crônicas e ilustrações feitas por ela mesma para contribuir, com seu olhar sensível, ao debate sobre gênero e sexualidade.
No palco, Maria protagoniza o monólogo cercada por essas ilustrações e outras, seguindo roteiro adaptado do livro por ela, Mika e Caetano Vilela. As palavras e visões da atriz se confundem com as de Young, e vice-versa.
“Posso dizer que esse espetáculo foi feito coletivamente e estamos presentes, talvez de modo subliminar, nossas inquietações, diferentes experiências e características e o desejo que compartilhamos de não fazermos mero teatro filmado usando essa veiculação como linguagem”, afirma.
Primeiras vezes
A circunstância pandêmica não atrapalhou a continuidade da montagem. Muito pelo contrário – o formato inédito é visto positivamente pela diretora. “Nesse momento, está carregado de experimentações, estamos descobrindo uma linguagem nova. A Fernanda tinha escrito pela primeira vez um livro que não era ficção, a Maria está fazendo seu primeiro monólogo e a gente está fazendo pela primeira vez um espetáculo com essas características.”
“‘Pós-F’ é também fruto desse por vir, porque sabemos que ele se transformará novamente pós-pandemia para virar um espetáculo de palco”, revela Mika, sobre os planos para a peça.