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Pepita abre o coração e diz que transição de gênero não é modinha: "Vida oprimida de ser feliz"

Convidada do FatalCast falou sobre sua participação em Beleza Fatal, relembrou o próprio processo de transição de gênero e desabafou sobre as dificuldades do período no Brasil

Da Redação

Uma das participações especiais de Beleza Fatal, Pepita foi a convidada do FatalCast da última quarta-feira (12). Durante o bate papo sobre seu trabalho na novela de Raphael Montes, exibida pela Band na faixa das 20h30, a atriz e cantora relembrou seu processo de transição de gênero e afirmou que o período não é uma “modinha” da internet. 

“Eu não julgo ninguém, transição para mim não é uma modinha, não é uma dança de TikTok. Transição é onde eu vou me ver, como eu vou me enxergar como ser humano em um país que mais me mata e mais me consome para sexo”", desabafou a artista. Pepita explicou que o processo é muito mais longo e complicado do que a maioria das pessoas imagina.

“Quando eu questiono, quando eu brigo, eu brigo no sentido de que isso não é uma brincadeira. Eu vou entrar ali, vou bater uma palminha e vou virar o que eu quiser? Não! É uma vida que é oprimida de ir no banheiro, oprimida de ser feliz, de trocar o nome, oprimida de ter um emprego e uma profissão”, completou.

Pepita destacou que a maioria das pessoas transexuais no Brasil passam pelo processo sozinhas e sem estruturas. "Eu passei pela transição com uma amiga me dando um vestido, outra me dava uma bolsa, outra me dava uma maquiagem não usava mais. Eu não tinha condição para fazer isso, então quando eu me vi naquela cena [de Beleza Fatal] foi muito importante para mim.

Eu nunca tive ninguém que me acompanhasse na minha transição, eu não tinha condição.

A artista destacou, no entanto, que transição e condição são coisas diferentes de um mesmo processo. “Condição é quando você vem de uma família que tem como te ajudar a fazer essa transição, entrar em uma clínica, ficar uma semana e sair do jeito que quer, da forma que quer”", disse.

“A transição, para mim, é você passar por tudo: deixar o cabelo crescer, seus tios e seus primos te julgarem e apontarem, deixar sua unha crescer, começar o tratamento de hormônio, seu peito começar a crescer e os amigos e familiares questionarem, sabe? É passar pela situação de chegar em algum lugar e uma pessoa falar: ‘Nossa, mas deixou o cabelo crescer? E esse seu jeitinho?’”, completou.

Pepita celebra trabalho em Beleza Fatal: “Tenho muito orgulho da pessoa que eu me tornei”

Durante o FatalCast, Pepita celebrou a participação em Beleza Fatal e convidou o público a refletir sobre a importância de contracenar com outra mulher trans na novela. “Quando, em um país em que a gente vive, a gente veria duas travestis fazendo uma cena dessas, sabe? Eu acho que a comunidade LGBTQIAPN+ precisa de oportunidade”, disse.

A artista destacou que é uma pessoa feliz, celebrou o acolhimento de sua família e disse ser orgulhosa de ver onde chegou. “Hoje, eu tenho 42 anos e tenho muito orgulho de ser a pessoa que eu me tornei. Eu me olho no espelho e me acho linda, perfeita, inteligente… Eu vim de uma família que me entendeu, que acolheu”, disse. “Minha mãe foi a primeira que me deu um sutiã e isso para mim foi muito louco e muito marcante”, finalizou.

Beleza Fatal é transmitida pela Band de segunda a sexta-feira, às 20h30, na TV aberta e no aplicativo Bandplay.

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