Marcela Porto, que ficou conhecida como Mulher Abacaxi, celebra o Dia Internacional da Mulher, nesta sexta-feira (8). A modelo aproveitou a data para refletir sobre as lutas que enfrentou durante a vida como uma mulher transexual, e descartou fazer a cirurgia de afirmação de gênero.
"Já me sinto completa. Não preciso da cirurgia para me sentir mais mulher. Não é isso que vai definir meu gênero. Mas algumas mulheres trans precisam porque isso afeta a autoestima e elas têm todo meu apoio. Tem muitas pessoas que confundem e acham que só é mulher trans a operada, e travesti é a que não fez o procedimento. Mas isso não tem nada a ver", explica.
Artista, influenciadora, empresária e rainha de bateria da Chatuba de Mesquita, Marcela Porto se considera uma sobrevivente. Filha de um empresário do ramo de transportes, ela deu início à transição em 2007, depois que uma amiga a convidou para participar de um concurso de beleza.
“Desde que me entendo por gente me enxergo como mulher, só estava no corpo errado”
Segundo ela, o processo de transição veio tarde. Foi através das oportunidades na vida artística que ela conseguiu se autoafirmar. Quando foi adotada pelo mundo do funk, no Rio de Janeiro, com a Furacão 2000, Marcela ficou conhecida como Mulher Abacaxi e só então conseguiu que o mundo a enxergasse como a mulher que sempre foi.
"Minha luta como mulher é grande. Tenho que enfrentar o machismo e, por ser trans, a transfobia. Mesmo assim me sinto privilegiada só de estar viva. Tenho 50 anos, a expectativa de uma mulher trans no Brasil é de 35. Além disso, sou empresária e o mercado de trabalho exclui as pessoas trans", frisou.
Marcela se divide entre a carreira artística e o mundo dos negócios. Dona de uma transportadora, ela não pretende voltar ao mundo da música, mas se destaca no Carnaval. Em 2024, a influenciadora desfilou como rainha da “União de Maricá” e musa da “Em Cima da Hora”, na Série Ouro do Rio de Janeiro.