Sobrevivente de massacre relembra pânico no Carandiru: "50 cadáveres no chão"

No mês em que episódio do Carandiru completa 31 anos, Melhor da Noite entrevista sobrevivente do massacre

Da Redação

O massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 pessoas, completa 31 anos neste mês. Para preservar a memória daqueles que perderam a vida na operação policial, Thaíde conversou com um sobrevivente da chacina durante o Melhor da Noite exibido nesta quinta-feira (05). Sidney Sales, um dos presos que conseguiu escapar com vida do episódio, relembrou os momentos de pânico e compartilhou com o público detalhes do que viveu no presídio.

Sidney contou que estava envolvido em um campeonato de futebol no dia do massacre e, quando se deu conta, estava no meio de uma rebelião. Ele lembrou que, inicialmente, os presos não acharam que a tropa de choque estaria atirando para matar. “Nós começamos a ouvir os caras falando que estavam entrando e atirando e eu falei 'não, eles estão dando tiro de bala de borracha, igual fazem em greve de metalúrgico' e me falaram 'os caras estão assassinando'”, disse. Ele destacou que só acreditou na gravidade da situação depois de ver a ação policial com os próprios olhos.

Então, eu subi na ventana e, quando olhei para baixo, estava entrando o pelotão e eu vi os policiais realmente assassinando as pessoas.

O entrevistado contou a Thaíde que, no momento de desespero, se apegou em uma carta enviada por sua mãe na qual estava escrito o salmo 91 da bíblia. Sidney lembrou que se trancou em uma cela, repetindo incansavelmente as palavras do salmo, até que um policial entrou no local. “Quando eu estava lendo aquela carta com o salmo 91, o policial entrou chutando a porta, com uma metralhadora e uma escopeta na mão, mandando a gente tirar a roupa e sair para fora”, lembrou.

“Quando olhei para o lado, meu companheiro tinha morrido, tinha uma poça de sangue e minha perna estava toda ensanguentada… Quando eu fui sair e olhei para o quinto andar, tinha aproximadamente cinquenta cadáveres no chão”, contou o entrevistado.

Questionado por Thaíde sobre o sentimento de revisitar a história traumática, o ex-presidiário destacou a importância de poder contar sua história na TV. “[voltar em um lugar como esse] é uma satisfação, até para mostrar o outro lado da história”, disse.

Atualmente, Sidney não está mais em dívida com o estado e atua como pastor em Caieiras, cidade na região metropolitana de São Paulo. Ele também comanda uma casa de passagem e lançou um livro contando os detalhes de seu passado no Carandiru.

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