Posição de Lula sobre Maduro pode aumentar tensão na Venezuela, avalia repórter

Yan Boechat conversou com o Melhor da Noite direto de Caracas, na Venezuela, e falou sobre a importância do posicionamento brasileiro sobre as eleições no país

Da Redação

A Venezuela tem enfrentado diversos protestos desde o anúncio da reeleição de Nicolás Maduro, nas eleições presidenciais do último domingo (28). Nesta segunda-feira (29), o Melhor da Noite conversou com o jornalista Yan Boechat, especialista em conflitos, que falou sobre o papel que Lula terá sobre o cenário político mundial.

“Todo mundo esperava que houvesse protestos, mas talvez o governo não esperasse que houvesse protestos como está acontecendo agora. Eu acho que o papel do Brasil vai ser muito importante, não só do Brasil, mas também o da Colômbia”, disse o repórter.

O papel que o Lula vai exercer em reconhecer ou não o resultado das eleições, pode amplificar toda a pressão interna que está acontecendo na Venezuela. 

Apesar dos protestos, no entanto, Yan Boechat destacou que não acredita na mudança oficial do resultado das eleições. “Eu acho que oficialmente, provavelmente não [vai mudar o resultado da eleição]. Todo mundo deu como certa a vitória do Maduro, no entanto as atas da votação ainda não vieram à público. A líder da oposição disse que está em posse de 73% das atas e que a votação na verdade mostraria o candidato opositor com 6 milhões de votos e Nicolas Maduro com 2 milhões de votos”, disse.

Yan Boechat também afirmou que, observando os protestos em Caracas, pôde perceber a falta de apoio das comunidades mais pobres ao governo de Maduro. “Durante toda a tarde, teve muito confronto entre manifestantes e o exército da Venezuela. Um dado interessante é que muita gente que estava nas ruas veio de bairros muito populares, favelas de Caracas mesmo, que tradicionalmente apoiaram o chavismo nos últimos 25 anos”, explicou. “Protestos aconteceram várias vezes, mas isso é uma novidade, algo novo, que mostra que o regime de Nicolas Maduro perdeu apoio em áreas muito populares, que tradicionalmente apoiavam o chavismo”, completou.

“A grande questão agora é como vão se desenrolar os próximos dias e semanas na Venezuela. Tem uma pressão internacional grande já ocorrendo e está crescendo também a pressão interna”, finalizou.