Quando se fala em hipopótamos, a imagem que vem à mente é geralmente a de um animal fofo, como a Glória, da animação Madagascar. No entanto, o bicho é um dos maiores animais africanos, pesando até três toneladas e medindo até cinco metros de comprimento.
E o mais curioso, é que a presença desses gigantescos mamíferos na Colômbia não é fruto de um erro geográfico, mas sim de uma decisão surpreendente tomada pelo antigo líder do Cartel de Medellín, que morreu em 1993, Pablo Escobar.
Tudo começou nos anos 1990, quando Escobar trouxe ilegalmente quatro hipopótamos da África para sua fazenda, a “Hacienda Nápoles Park”, localizada na cidade de Doradal, na Colômbia. Além dos hipopótamos, sua propriedade abrigava um verdadeiro zoológico com elefantes, girafas, gnus, flamingos e muitos outros animais.
Para que estes animais chegassem até a Colômbia, Escobar fretava aviões cargueiros Hércules para trazer as espécies em voos clandestinos até seus hangares no aeroporto de Medellín, depois disso o próximo destino era seu zoológico particular.
Do Brasil, o traficante comprou a ararinha-azul e um casal de boto-cor-de-rosa de contrabandistas por valores grandiosos na época. Ao todo, o traficante tinha cerca de 1.200 espécies.
Após a morte do traficante, boa parte destes bichos foram remanejados para zoológicos da Colômbia e de outros países. A fazenda foi transformada em um parque temático, mas os hipopótamos escaparam para os lagos e rios próximos, onde começaram a se reproduzir descontroladamente.
Atualmente, estima-se que haja mais de 40 hipopótamos na região, vivendo em grandes lagos próximos à antiga fazenda. No Melhor da Noite, o comentarista e fotógrafo da vida selvagem, Christian Dimitrius, relatou sua visita ao local, destacando a rápida reprodução desses animais e o perigo que representam.
Ele explica que hipopótamos são territorialistas e responsáveis por muitos ataques a seres humanos na África. No ambiente colombiano, não é diferente: os hipopótamos estão invadindo áreas naturais e até urbanas, trazendo risco para os habitantes.
A tentativa de conter a população de hipopótamos inclui a instalação de barreiras, mas a força desses animais frequentemente permite que escapem, pastando durante a noite e espalhando-se por novas áreas. Placas de aviso são comuns na região, alertando os moradores sobre a presença dos hipopótamos.
A presença dos animais na região, também causa impactos ambientais significativos. Eles alteram a química da água dos lagos e rios onde vivem, devido à abundância de biomassa que consomem e defecam. Isso muda o ciclo de nutrientes dessas áreas, afetando outras espécies e o equilíbrio ecológico local.
Apesar de todo o perigo, a comunidade local ainda tenta lucrar com essa peculiaridade, vendendo estátuas e bonecos dos hipopótamos e do próprio Pablo Escobar.
Hipopótama domesticada
Dimitrius mostrou uma hipopótama que vive na antiga fazenda de Escobar. Chamada de Vanessa, o animal foi rejeitada pela mãe e criada pelos funcionários do parque, vivendo hoje em uma área separada e sendo alimentada pelos cuidadores.
Essa interação é rara, visto que hipopótamos são animais selvagens e perigosos. A maioria dos outros hipopótamos vive livremente em grandes lagos e rios.