Gaúcho perdeu tudo por três vezes em enchentes no RS: "Não tenho mais casa"

De acordo com Rodrigo, os dias no abrigo foram ruins e a família só conseguiu ‘descansar’ depois que foi para a casa de um conhecido

Da Redação

O Melhor da Noite da Band continua mostrando o processo de recuperação e retomada das mais de 1 milhão de famílias afetadas pela cheia no Rio Grande do Sul. No programa desta quarta-feira (22), reportagem especial contou a história de Rodrigo Corbelline, pedreiro que perdeu tudo por três vezes e busca ajuda para reconstruir a vida e voltar a ter um lugar para morar.

Rodrigo foi vítima de duas enchentes no ano passado, uma em setembro e outra em novembro, além da cheia devastadora de 2024. Ele contou que vive em uma área de fácil alagamento, pensou em deixar o lugar depois da primeira tragédia, mas se viu sem opções e precisou colocar a família em risco novamente. “ Na primeira vez, eu fui socorrido de cima do telhado ao lado da minha família, chegamos a passar oito horas dentro da água. Como eu não tinha outro lugar para ir, resolvi voltar para lá e, então, veio a segunda enchente, de novembro, que não foi tão forte”, disse.

O entrevistado do programa contou, no entanto, que essa foi a mais forte e que ele teve sorte de tomar uma atitude rápida e buscar abrigo. “Essa de agora, muitos pensavam que não iria ser grande, só que como eu moro em um lugar que fica ilhado logo, eu pensei assim: 'Eu não vou esperar para ver o que vai acontecer' e o rio começou a subir, subir, subir... Quando eu olhei para aquilo, eu pensei: 'Meu Deus, a minha casa... só Deus para segurar ela'”, explicou.

De acordo com Rodrigo, os dias no abrigo foram ruins e a família só conseguiu ‘descansar’ depois que foi para a casa de um conhecido: “Eu fiquei sete dias em um abrigo, em uma situação complicada. Quando um amigo foi me visitar no abrigo, ele me disse que iria dividir a casa e ceder espaço para eu ficar alguns dias. Eu aceitei para sair logo do abrigo, era muita confusão, muita briga. Dessa vez, eu não tive a opção de contar com a ajuda dos meus parentes, não tive porque não sobrou casa de ninguém”.

Não tenho mais casa, não tenho onde colocar a minha família. O que eu preciso agora é um cantor para recomeçar, depois de 40 anos, a minha vida.

Em meio a luta pela retomada, o pedreiro desabafou que se sente culpado pela situação que seus filhos e esposa estão precisando passar. “A sensação é horrível, é apavorante, desesperadora. Estou há nove ou dez noites sem dormir direito, a minha esposa e as crianças estão conformados, o problema é que eu sou o alicerce da casa. Eles me perguntam: 'pai, até quando nós vamos ficar aqui? Nós nunca mais vamos ter uma casa?' e isso está me machucando, me derrubando”, disse. “Eu me culpo muito, me decepciono comigo mesmo, por estar proporcionando isso que os meus filhos estão passando hoje”, finalizou.