"Busco a paz, não a morte": Brasileira com doença rara considera eutanásia após 10 anos de dor

Carolina Arruda luta contra a neuralgia do trigêmeo e o impacto da doença em sua vida; entenda

Da Redação

Carolina Arruda, universitária mineira de 27 anos, vive há uma década com uma doença crônica rara e considerada a mais dolorosa pela medicina: a neuralgia do trigêmeo. A condição causa dores diárias, intensas e incapacitantes. “Já fiz seis cirurgias, testei mais de 200 medicamentos e tratamentos alternativos, mas nada trouxe alívio completo”, relata. 

A doença se manifestou enquanto Carolina estava grávida, dificultando o cuidado com a filha. “Cheguei a derrubá-la do colo por causa das dores”, conta. Carolina também precisou trancar a faculdade há um ano, pois não consegue frequentar as aulas presencialmente.  

“Viver é um gatilho. Escovar os dentes, pentear o cabelo, falar... tudo é extremamente difícil para mim”  

Após anos de tratamentos fracassados, Carolina começou a considerar a eutanásia há cinco anos. Embora sua família compreenda sua dor, não aceitam sua decisão. “Eles entendem, mas não querem que eu faça o procedimento”, explica.  

A visão global sobre a morte assistida

Segundo o jornalista Felipe Kieling, que aborda a eutanásia pelo mundo, países como Suíça, Bélgica, Holanda e Luxemburgo permitem a prática, com legislações que incluem até jovens e crianças em alguns casos. A Suíça, pioneira no suicídio assistido desde os anos 40, tornou-se um destino para pacientes internacionais que desejam escolher quando e onde partir. Já países como Brasil, México e Rússia ainda tratam o tema como tabu.  

No Reino Unido, o Parlamento votará ainda este mês um projeto que pode permitir a morte assistida para pessoas com doenças terminais.  

Uma última tentativa  

Em julho deste ano, Carolina iniciou um novo tratamento com um implante de bomba de morfina, que trouxe alívio parcial. Ela estabeleceu um acordo com seu médico e consigo mesma: “Se a dor reduzir em 50% a 60%, desistirei da eutanásia. Quero esgotar todas as possibilidades antes de tomar a decisão final.”  

Na reportagem do Melhor da Noite, Carolina reforça que não busca a morte, mas sim um alívio para sua dor constante. “Há 11 anos, eu não busco morrer. Eu só busco paz”, finaliza.  

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