Organizações representativas das famílias vítimas das tragédias de Brumadinho, Mariana, Boate Kiss, Braskem e Ninho do Urubu decidiram se unir em uma audiência na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) para denunciar a lentidão do Estado brasileiro para condenar os culpados pelas mortes de 544 pessoas vítimas dessas tragédias. A audiência está marcada para acontecer nesta sexta-feira (12).
O Melhor da Noite desta quinta-feira (11) conversou com Maria Regina da Silva, diretora da associação dos familiares de vítimas atingidos pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. Ela perdeu a filha Priscila Elen Silva, que na época tinha 29 anos e trabalhava na Vale há mais de 10 anos.
"Isso que estamos fazendo agora veio no momento certo. Estamos vendo a morosidade da Justiça em todos esses casos violentos que aconteceram, com muitas mortes e a gente está vendo que o Brasil está se enrolando e nos enrolando. Todo mundo bate nas nossas costas, diz que está do nosso lado, mas, na verdade não se decide nada a nosso favor. Ninguém faz nada. A vítima está correndo atrás da Justiça desde quando os crimes aconteceram", disse.
Maria relembrou a tristeza de não conseguir promover um enterro digno para a filha. "Eu sou mãe da Priscila Elen Silva uma jovem de 29 anos que trabalhava há 10 anos naquela empresa. Infelizmente ela estava lá naquele fatídico dia. Nenhum de nós conseguiu ter um corpo para enterrar. Enterramos partes dos corpos. Estamos unidos para evitar que outras famílias passem pelo que estamos passando", lamentou.
Ela acredita que a denúncia dos familiares a OEA pode ajudar a acelerar a busca das famílias por Justiça.
"A Justiça impõe pagamentos de multas, mas isso não segura a barragem. Isso, na verdade, faz com que a possibilidade de novas barragens se romperem cresça ainda mais. Queremos novas leis, que a Justiça seja feita para ninguém passa outra vez pelo que estamos passando. Temos lutado muito em busca dessa Justiça e vimos que esse caminho aqui no Brasil não tem sido eficiente. Nós vamos fazer essa denúncia na OEA para que novos crimes não ocorram."
"A gente luta para que as famílias das vítimas recebam uma indenização justa, embora a gente saiba que nossos filhos nunca mais irão voltar. A gente espera que essa denúncia internacional ajude essa Justiça ser feita o mais rápido possível", completou.
Por fim, ela salientou que continuará lutando enquanto tiver forças.